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8 em cada 10 pessoas apoiam proibição global de plásticos descartáveis

Pesquisa mundial revela apelo da opinião pública por um Tratado Global com regras claras e obrigatórias de combate à poluição plástica

garrafas plásticas
Foto: Pixabay

Os plásticos descartáveis representam mais de 70% da poluição dos oceanos – itens usados por alguns minutos que permanecem no planeta por séculos, ameaçando os ecossistemas e a saúde humana. Para combater a poluição plástica, a redução do plástico de uso único é muito mais eficiente que a reciclagem – que em 1986 já havia sido apontada por cientistas como uma solução insuficiente.

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A medida tem o apoio da opinião pública: 85% das pessoas do mundo acreditam que um tratado global sobre poluição plástica deveria proibir os plásticos descartáveis. É isso que aponta uma nova pesquisa global sobre o tema, realizada pela Ipsos com mais de 24 mil pessoas em 32 países – os entrevistados tinham entre 16 e 74 anos e o trabalho de campo foi realizado entre 25 de agosto e 6 de outubro de 2023.

A pesquisa foi encomendada pelo WWF e pela Plastic Free Foundation à empresa de pesquisa global Ipsos. A partir de dados quantitativos buscou entender a opinião pública sobre uma série de regras globais propostas para regular a produção, o consumo e a gestão dos plásticos, que podem ser incluídas no tratado da ONU.

plástico tartaruga
Foto: Pete Linforth | Pixabay

Esses dados foram divulgados antes da quarta e penúltima negociação do tratado sobre poluição plástica, que acontece no Canadá, de 23 a 29 de abril. Com um tempo muito limitado para os negociadores concluírem um acordo significativo já que as negociações devem ser concluídas no final desse ano.

“Neste momento, estamos numa encruzilhada. As próximas negociações em Ottawa determinarão se conseguiremos ou não o tratado prometido até o final de 2024. Sabemos, através de outros tratados ambientais, que nada menos do que regras e obrigações globais vinculativas em toda a cadeia de valor dos plásticos irá travar o problema. Contentar-se com menos é indefensável”, alerta Eirik Lindebjerg, Líder Global de Plásticos, WWF Internacional.

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Desde dezembro de 2022, as nações vêm discutindo e desenvolvendo um Tratado Global da ONU para acabar com a poluição por plásticos, um desafio ambiental mundial cada vez mais urgente. De acordo com estudo da The Pew Charitable Trusts e SYSTEMIQ, se nada for feito, a quantidade de plástico entrando na economia até 2040 vai dobrar, o volume de plásticos indo para os oceanos vai triplicar e os estoques de plástico nos oceanos irão quadruplicar. Este dado vai ao encontro das descobertas do estudo “The New Plastics Economy: Rethinking the future of plastics”, publicado em 2016 pela Fundação Ellen MacArthur, que apontou que em 2050 pode haver mais plásticos do que peixes no oceano.

microplasticos ecossistemas
Foto: Naja Bertolt Jensen | Unsplash

Dados Globais

Com mais de 430 milhões de toneladas de plástico virgem produzidos todos os anos – 60% dos quais são de utilização única – e apenas 9% desse plástico sendo reciclado em todo o mundo atualmente, uma proibição global de plásticos de utilização única, considerados desnecessários, evitáveis e prejudiciais, é uma das várias medidas urgentes que o público deseja ver no tratado. Outras proibições altamente favorecidas incluem as relativas a produtos químicos nocivos utilizados em plástico (que 90% apoiaram) e produtos plásticos que não podem ser reciclados de forma fácil e segura nos países onde são utilizados (87%).

Além disso, os resultados revelam um entendimento generalizado de que as proibições por si só não são suficientes para acabar com a crise da poluição plástica – os cidadãos entrevistados em todo o mundo também apoiam fortemente a reformulação do atual sistema de plásticos para garantir que os plásticos restantes possam ser reutilizados e reciclados com segurança.

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estudo sobre plástico
Foto: Tanvi Sharma | Unsplash

Em particular, medidas como obrigar os fabricantes a investir e fornecer sistemas de reutilização e recarga obtiveram o apoio de 87%, enquanto 72% apoiam a garantia de que todos os países tenham acesso a financiamento, tecnologia e recursos para permitir uma transição justa.

Negociações Internacionais

Os resultados da pesquisa contrastam fortemente com a baixa ambição de um grupo de países produtores de petróleo, que permanecem empenhados em enfraquecer e mudar os objetivos do mandato 5 da UNEA, acordado em março de 2022 por 175 países, para criar o mundo primeiro tratado internacional e juridicamente vinculativo que visa acabar com a poluição plástica.

Durante as últimas horas da última sessão de negociações em Nairobi, em novembro de 2023, estes países petroleiros paralisaram as negociações, exigindo que o tratado estabelecesse regras voluntárias que se centrassem apenas na gestão de resíduos e não no ciclo de vida completo do plástico.

“Precisamos que os governos prestem atenção ao apelo crescente dos seus eleitores e rejeitem as exigências de alguns países que oferecem soluções falsas que apenas procuram beneficiá-los financeiramente, mas que nos levam a um tratado fraco e diluído que pouco faz para travar a onda crescente de poluição plástica. Os governos devem lembrar-se de que prometeram um tratado que acaba com a poluição plástica. Agora eles devem cumprir”, disse Rebecca Prince-Ruiz, fundadora e diretora executiva da Plastic Free July e da Plastic Free Foundation.

poluição plástica tecnologia
Foto: Nick Fewings | Unsplash

Empresas pedem regras claras

Um tratado com regras claras e medidas obrigatórias também é defendido por um grupo de 200 empresas e instituições financeiras reunidas na Coalizão Empresarial por um Tratado Global para os Plásticos. O objetivo é impulsionar uma mudança em escala global na economia dos plásticos, ressaltando a necessidade de regulamentos alinhados entre os países sobre redução, circulação e prevenção da poluição plástica para facilitar uma transição da indústria que seja eficaz e ocorra em larga escala.

A coalizão é formada por empresas de toda a cadeia de valor do plástico, instituições financeiras e organizações não-governamentais (ONGs). Entre os participantes estão nomes como Coca-Cola, Unilever, Nestlé, Pepsico, 3M, Carrefour, Colgate-Palmolive, Decathlon, Danone, H&M Group, L’Oréal, Lego, Mars, Mondeléz, Starbucks, Ferrero, Walmart em aliança com WWF e Fundação Ellen MacArthur, organizações que atuam contra a poluição plástica.

A Coalizão Empresarial entende que o fim da poluição por plástico deve vir a partir de uma visão abrangente de economia circular para o setor. Essa visão consiste em: eliminar os itens plásticos que são problemáticos ou desnecessários, inovar para garantir que todos os plásticos necessários sejam reutilizáveis, recicláveis ou compostáveis e manter em circulação todos os plásticos que entram na economia.

eua geração de lixo
Foto: Emily Brauner | Ocean Conservancy

Nota do CicloVivo

Mais do que se declarar contra a produção de plásticos de uso único, é preciso eliminar estes itens da nossa rotina, usando esta mudança de hábitos como uma maneira de se posicionar efetivamente.

Imagina se todas as pessoas que se declaram a favor da proibição de plásticos descartáveis recusassem estes produtos?