Pacientes cardíacos têm microplasticos em artérias obstruídas
Estudo examinou 257 pacientes cardíacos e encontrou polietileno nas placas arteriais de 150 deles
Estudo examinou 257 pacientes cardíacos e encontrou polietileno nas placas arteriais de 150 deles
Mais uma vez, microplásticos foram encontrados no corpo humano, desta vez em artérias obstruídas de pacientes com doenças cardíacas na Itália, gerando mais alertas sobre a circulação de plástico descartável. Segundo uma pesquisa, mais da metade destes pacientes apresentou minúsculos pedaços de plástico em análises feitas com microscópios na placa incrustada nas artérias. O estudo coletou imagens de partículas nas artérias do paciente, retratadas acima com contornos pretos recortados reconhecíveis.
Os pesquisadores disseram que o plástico se destacou porque “as partículas não se parecem com o material orgânico usual devido ao seu formato particularmente irregular”. O estudo examinou 257 pacientes, encontrando polietileno (um tipo de plástico) nas placas arteriais de 150 deles (58,4%), e outro tipo de plástico, o cloreto de polivinila, nas placas de 31 pacientes (12,%).
Acompanhando esses pacientes durante 34 meses, os autores do estudo disseram que os plásticos aumentaram o risco de ataque cardíaco, acidente vascular cerebral e morte, em comparação com pacientes que não tinham nenhum plástico no organismo. O risco desses resultados extremos foi 2,1 vezes maior para pacientes com microplasticos nas obstruções arteriais.
À medida que mais e mais estudos encontram microplásticos e nanoplásticos em corpos humanos, os autores do estudo dizem que estas partículas estão se tornando um fator de risco maior em estudos de doenças cardiovasculares.
Discutindo a pesquisa no New England Journal of Medicine, Phillip Landrigan, pesquisador americano do Boston College e da Universidade de Harvard, disse que “os benefícios dos plásticos têm custos grandes e cada vez mais visíveis para a saúde humana e o meio ambiente”.
“Até agora, as informações sobre os efeitos na saúde humana de microplásticos e nanoplásticos ingeridos ou inalados têm sido escassas”, disse ele. Antes deste estudo, a maioria dos estudos que pesquisavam os efeitos a longo prazo dos microplásticos mantinham a sua investigação em animais.
Landrigan disse que a descoberta levanta uma série de questões urgentes. “A exposição a microplásticos e nanoplásticos deve ser considerada um fator de risco cardiovascular? Que órgãos, além do coração, podem estar em risco? Como podemos reduzir a exposição?”.
Segundo Landrigan, os médicos “deveriam reconhecer que o baixo custo e a conveniência dos plásticos são enganosos e que, na verdade, mascaram grandes danos”. Como uma forma de ajudar a proteger o coração dos pacientes, o cientista defende que as pessoas evitassem plásticos descartáveis sempre que possível.