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Brasileira cria sorveteria na Irlanda com frutas que seriam descartadas

Com mais de 20 sabores, a Cream of the Crop já reaproveitou quase 15 toneladas de alimentos que iriam para o lixo

sorveteria brasileira na Irlanda
Foto: Cream of the Crop

Ao mesmo tempo que milhões de pessoas passam fome, mais de um bilhão de alimentos são desperdiçados anualmente ao redor do mundo, segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO). Reduzir esse desperdício é urgente e, algumas iniciativas, estão fazendo a diferença. Um exemplo é a brasileira, Giselle Makinde, que criou a marca de sorvetes Cream of the Crop com a proposta de fabricar sabores incríveis, aproveitando alimentos que iam para o lixo.

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Giselle trabalha como chef desde seus 18 anos e decidiu buscar novas oportunidades fora do Brasil em 2018. “A Irlanda foi o país que mais me chamou a atenção pelas grandes oportunidades profissionais na gastronomia. Não tinha ideia de como seria minha jornada”, compartilha.

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A ideia de combater o desperdício de alimentos foi solucionada com receitas criativas da chef. Foto: Cream of the Crop

O seu primeiro emprego em terras irlandesas foi em uma cafeteria onde a sustentabilidade era uma preocupação. “Eles me mostraram que muitos alimentos que seriam vencidos, poderiam ser transformados em receitas deliciosas, evitando desperdício. Me encantei por essa possibilidade”, relata.

Com vontade de criar seu próprio negócio, Giselle fez um curso intensivo de oito semanas sobre como desenvolver sua própria empresa na Irlanda e a primeira oportunidade apareceu.

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Foto: Cream of the Crop

Dentre tantos produtos a serem escolhidos, seu projeto se iniciou com o reaproveitamento das frutas. A escolha aconteceu, pois, as frutas são alguns dos alimentos mais sensíveis na cadeia e não possuem um prazo estendido para serem reutilizados em outra receita.

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Mas, com o processo correto, os alimentos produzidos com frutas podem durar um ano ou até mais – especialmente, quando congeladas. Assim nasceu a ideia de fazer sorvetes. “Os irlandeses consomem muito sorvete ao longo de todo o ano, e não apenas no verão. Então, encontrei a oportunidade perfeita de testar minhas receitas em produtos que fazem sucesso no país”, explica.

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Foto: Cream of the Crop

A trilha até chegar à fabricação perfeita, contudo, foi árdua. Após realizar um curso de gelato italiano em uma das mais renomadas sorveterias do país, Giselle conseguiu compreender como adaptar a fórmula de fabricação de sorvetes para seus alimentos reaproveitados.

Com um investimento inicial de R$ 16 mil, em julho de 2020, foi criado o primeiro sorvete, de banana. Os resultados não poderiam ter sido melhores.

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Ao contrário do que imaginava, os sorvetes foram vendidos rapidamente. Hoje, são mais de 20 sabores, entre eles caramelo salgado, brownie e as opções veganas estão entre os mais vendidos. Todos eles têm ao menos um ingrediente que ia para o lixo, que a empreendedora capta por meio de doação.

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Foto: Cream of the Crop

Ao todo, quase 10 toneladas de alimentos já foram reaproveitadas. Os produtos têm apelo saudável e sustentável. Não são usados corantes, saborarizantes ou aromatizantes artificiais. Além disso, as embalagens são compostáveis e as sacolas térmicas são reutilizáveis.

Com potes de sorvetes de 500ml a preços entre sete e oito euros, seu negócio já atingiu seis cidades irlandesas – incluindo grandes supermercados regionais e redes de restaurantes. O projeto, iniciado por conta própria, hoje conta com cinco funcionários trabalhando em prol desta causa, com expectativas de continuar crescendo.

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Foto: Cream of the Crop

Em 2021, o negócio recebeu um aporte de 60 mil euros de Tiago Mascarenhas, também brasileiro, fundador da SEDA College, eleita por três anos consecutivos como a melhor escola de idiomas de Dublin. Assim, a empresa que começou dentro da casa de Giselle, hoje conta com uma fábrica de 160 metros quadrados e modernos equipamentos que permitem uma produção de 10 mil potes por mês.

No ano passado, o faturamento foi de 150 mil euros. Só no primeiro semestre de 2022, a empresa já ultrapassou os 160 mil euros. Com o crescimento, Giselle já pensa em novos produtos, como a Bananitas, uma banana desidratada envolta em chocolate.

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Foto: Cream of the Crop

Mais do que fazer o negócio crescer, a empreendedora tem a missão de transformar lixo em alimento. “Ser sustentável é um caminho sem volta. Quero incentivar cada vez mais pessoas a reutilizarem seus alimentos, mostrando quantas opções criativas podemos desenvolver, sem desperdiçar mais alimentos. Quero deixar a minha marca no mundo. Fazer com que os brasileiros fiquem orgulhosos de mim”, finaliza esperançosa.

Para mais informações, acesse creamofthecropgelato.com.