Cúpula da Amazônia debate o futuro da maior floresta tropical do planeta
Chefes de Estado se reúnem em Belém para fortalecer cooperação em prol do desenvolvimento sustentável
Chefes de Estado se reúnem em Belém para fortalecer cooperação em prol do desenvolvimento sustentável
Preservação e desenvolvimento sustentável da Amazônia, ponto de não-retorno, combustíveis fósseis e aquecimento global. Estes são alguns dos assuntos que estão fervilhando em Belém, no Pará, desde a última sexta-feira (4), quando teve início os Diálogos Amazônicos – evento que antecedeu a Cúpula da Amazônia, este último acontece entre os dias 8 e 9 de agosto.
A Cúpula da Amazônia é a reunião dos Chefes de Estado e de Governo dos países signatários da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), criada em 1978 e que há 14 anos não se reunia. Formada por Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela, a OTCA é o único bloco socioambiental da América Latina.
Também foram convidados para a cúpula a Guiana Francesa, que detém territórios amazônicos, Indonésia, República do Congo e República Democrática do Congo, países com grandes florestas tropicais. Além de representantes da França, Alemanha e Noruega.
O objetivo é articular esforços, estabelecer prioridades, alocar financiamento e fornecer diretrizes estratégicas para ação imediata e futura na Amazônia. Ao final do encontro, espera-se que seja publicada a Declaração de Belém, documento oficial elencando posições e diretrizes consensuais entre todos os países da região amazônica. Mas, por enquanto, há divergências.
Enquanto o Brasil e a Colômbia querem o “desmatamento zero” do bioma, Bolívia e Venezuela estão resistentes ao compromisso. Já sobre a exploração de petróleo na foz do rio Amazonas, o Brasil é favorável enquanto a Colômbia é veementemente contra.
Nos Diálogos Amazônicos, onde mais de 27 mil pessoas participaram das discussões prévias ao encontro, incluindo representantes de entidades, movimentos sociais, academia, centros de pesquisa e lideranças indígenas, foi clara a posição contrária à exploração de petróleo.
“O protagonismo que o presidente Lula pretende assumir no âmbito climático e amazônico pode perder a credibilidade se ele mantiver os planos de avanço de novas fronteiras de exploração de petróleo na bacia amazônica, onde países e povos lutam historicamente contra os impactos da indústria petrolífera, extremamente predatória e poluidora”, afirma Marcelo Laterman, geógrafo e porta-voz de Oceanos do Greenpeace Brasil.
“Posso dizer qual é minha esperança: que a gente saia daqui com um mandato em que os nossos países trabalhem conjuntamente para que a gente tenha um modelo de desenvolvimento que propicie a sustentabilidade em todas as suas dimensões. Na sua dimensão econômica, na sua dimensão ambiental, na sua dimensão social, na sua dimensão cultural, na sua dimensão política, na sua dimensão ética e na sua dimensão estética”, discursou a ministra no centro de convenções Hangar na abertura dos Diálogos Amazônicos.
Durante o programa “Conversa com o Presidente”, nesta terça-feira (8), o presidente Lula reafirmou seu compromisso com o desmatamento zero. “Acho que minha obrigação é falar para todo mundo que o Brasil fará sua parte. Até 2030, teremos desmatamento zero nesse país. E não vamos fazer na marra. Temos que chamar todos os prefeitos e governadores e ter uma discussão, compartilhar com eles uma solução”, disse.
Já em seu discurso de abertura da Cúpula da Amazônia, o presidente Lula listou as três grandes propostas a serem discutidas. “Discutir e promover uma nova visão de desenvolvimento sustentável e inclusiva na região, combinando a proteção ambiental com a geração de empregos dignos e a defesa dos direitos de quem vive na Amazônia, medidas para fortalecimento da OTCA e fortalecimento do lugar dos países detentores das florestas tropicais na agenda global, em temas que vão do enfrentamento à mudança do clima a reforma do sistema financeiro internacional”.
A Amazônia está em perigo, e com ela a regulação e a estabilização climática da região e do mundo. Mais de 300 milhões de pessoas na América do Sul, 47 milhões na Amazônia, dos quais 2 milhões são indígenas, e 10% das espécies conhecidas na superfície terrestre dependem da sobrevivência deste bioma e de sua bacia.
As alarmantes taxas de desmatamento e conversão de florestas, as mudanças climáticas e a degradação do solo estão dificultando a capacidade desse bioma de se recuperar, levando-o a um ponto de inflexão (sem retorno) ecológico, com consequências graves para a saúde e segurança alimentar da América do Sul e o clima global.
Nos últimos dias, foram vários os debates em prol de uma Amazônia livre de desmatamento. Nesta segunda-feira (7), ocorreu, por exemplo, a Assembleia dos Povos da Terra pela Amazônia, que reuniu vários movimentos populares dos países da Pan-Amazônia.
Deste encontro, nasceu uma carta formulada coletivamente com medidas para toda a região que abrange a floresta amazônica. A demarcação das terras indígenas, a promoção de uma Reforma Agrária Popular para combater a fome e a declaração de estado de emergência climática na região estão entre os destaques do documento, que será entregue aos chefes de Estado.
Já nesta terça-feira (8), ocorreu a Marcha dos Povos, durante a Cúpula da Amazônia, para exigir aos governantes dos países amazônicos um bioma livre de exploração petrolífera e de desmatamento, confira as fotos abaixo.