Alertas de desmatamento na Amazônia caem 66% em julho

Marina Silva aposta em políticas estruturantes para acabar com criminalidade ambiental

Amazônia
A Amazônia é a maior floresta tropical do mundo. Foto: Tamara Saré | Agência Pará

Os alertas de desmatamento na Amazônia em julho tiveram uma queda de 66%, apontam dados do sistema Deter, divulgados pelo Inpe (Instituto de Pesquisas Espaciais). É a segunda menor área de alertas já registrada na atual série histórica do Deter, iniciada em 2015.

Em julho, foram derrubados 500 km2 de floresta na Amazônia, contra 1.487 km2 em julho do ano passado. A redução do ritmo das motosserras levou a uma queda de 7,4% nos alertas no ano de 2023, que abre a possibilidade de uma redução na taxa de devastação da floresta no primeiro ano do governo Lula, como ressalta o Observatório do Clima.

A organização da sociedade civil também lembra que “antes do governo Bolsonaro, o desmatamento em julho nunca havia ultrapassado 739 km2 na série desse sistema”.

queimadas amazônia
Sobrevoo em Porto Velho, na região da Amacro (Amazonas, Acre e Rondônia), em uma área com cerca de 8.000 hectares de desmatamento – a maior em 2022. Foto: Nilmar Lage | Greenpeace Brasil

Os dados foram apresentados e comentados, em coletiva de imprensa, pelas ministras de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos; do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva; e o diretor do INPE, Clezio Marcos De Nardin.

O que mudou?

Para a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, além de fazer política pública com base em evidência, os bons resultados são frutos da “decisão de retomada das políticas ambientais com respeito às instituições e às atribuições dessas instituições”. A ministra, durante coletiva de imprensa, aproveitou o ensejo para lembrar os 62 anos do INPE e a perseguição sofrida pelo cientista Ricardo Galvão.

Marina também ressaltou o fim da expectativa de impunidade, citando uma operação recente que retirou milhares de gados em área protegida da Amazônia.

“Quando você tinha o governo federal defendendo grileiro, chamando madeireiro ilegal de cidadão de bem e atacando indígena, o sinal da ponta era de que toda a destruição seria premiada. Agora o crime entendeu que o cenário mudou e que os infratores serão apanhados e punidos. Isso impacta diretamente o desmatamento”, disse Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.

“A estrutura do Ibama não mudou, a legislação não mudou, ninguém inventou nenhuma ferramenta nova. A única coisa que mudou foi a determinação de cumprir a lei”, complementou Astrini.

Qual o próximo passo?

Marina Silva afirma que foram feitas intervenções emergenciais a partir do diagnóstico da inteligência técnica (referindo-se ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação) e agora está na fase das intervenções estruturantes.

“Ninguém sustenta um sistema complexo como esse apenas com atitude de força, de comando e controle. Há um outro trilho, que está previsto no PPCDAm (Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal), que é o investimento em atividades produtivas sustentáveis, marcos regulatórios, ordenamento territorial e fundiário e uma coisa muito importante, que me anima muito, o ministro da Economia, Fernando Haddad, está coordenando, já em fase de finalização, a transição ecológica brasileira”, afirma Marina.

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Foto: Reprodução | “Bioeconomia da sociobiodiversidade no estado do Pará”

A ministra traz exemplos de investimentos que podem mudar a realidade ambiental do país, reduzindo o desmatamento e ao mesmo tempo criando possibilidade de desenvolvimento. “Bioeconomia, infraestrutura para o desenvolvimento sustentável, agricultura de baixo carbono é o que vai fazer criar um ciclo de prosperidade”.