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Cultivo de cumaru une conservação e desenvolvimento na Amazônia

Comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas resistem e promovem economia sustentável de produtos florestais

cumaru
Foto: Imaflora

Em meio a um cenário de recordes de desmatamento e queimadas, muitas comunidades que vivem na Amazônia, como indígenas, quilombolas e ribeirinhos, seguem resistindo para demonstrar que é possível promover uma economia de produtos florestais que concilie conservação e desenvolvimento. Um exemplo é a árvore do cumaru, cuja semente pode ser utilizada tanto na indústria de cosméticos, quanto na gastronomia, sendo utilizada para incrementar receitas de sobremesas, principalmente.

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Com foco no desenvolvimento da economia da floresta em pé, o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), por meio do programa Florestas de Valor, ajuda a estruturar essa cadeia em Alenquer e outros municípios, no norte do Pará, na região conhecida como Calha Norte do Rio Amazonas. O município de Alenquer é um dos principais produtor do país, com 36% da produção brasileira entre 2016 e 2018.

Foto: Imaflora

Para operacionalizar a produção, foram estabelecidos dois entrepostos comunitários no Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Paraíso e instalados secadores solares para as sementes, além de treinamento por consultores da empresa e técnicos do Imaflora para garantir a qualidade do produto.

Comércio ético

Um dos desafios foi estimular a comercialização com remuneração justa para as comunidades, que antes dependiam de atravessadores. O Origens Brasil®, criado em parceria com o Instituto Socioambiental (ISA) e administrado pelo Imaflora, permitiu o estabelecimento de conexões diretas entre as comunidades extrativistas e empresas.

“Ano passado foram três toneladas comercializadas e, desde o começo da parceria, em 2017, o valor transacionado gira em torno de R$ 800 mil”, conta Leo Ferreira, Coordenador de Projetos do Imaflora.

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A safra de cumaru teve início em agosto e segue até o início de novembro. Para este ano, a expectativa é de que haja uma movimentação de meio milhão de reais.

“A demanda pelo cumaru tem crescido substancialmente nos últimos anos, tanto na indústria de cosméticos, quanto no mercado alimentício e de alta gastronomia. Atualmente, a demanda é maior que a oferta no escopo de atuação da Rede Origens Brasil®, principalmente pela sinalização do aumento de compra da empresa de cosméticos Lush, membro da rede desde 2016”, afirma Luiz Brasi Filho, coordenador da Rede Origens Brasil® no Imaflora.

As sementes são usadas para cosméticos e gastronomia e, recentemente, o Imaflora firmou parceria para o uso do cumaru em uma cerveja da Cervejaria Seasons, ampliando a demanda pelo produto.

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“Essa crescente, tem indicado uma necessidade de expansão para novas áreas com cumaru, aumentando o impacto positivo para mais comunidades na Amazônia, e fortalecendo a economia da floresta em pé.”

Luiz Brasi Filho, coordenador da Rede Origens Brasil® no Imaflora
Foto: Imaflora

Áreas sob pressão

Além dos desafios da própria comercialização, os negócios da chamada sociobiodiversidade também sofrem com pressões como o avanço do desmatamento e outras atividades. A área do PDS Paraíso, por exemplo, vem enfrentando disputas por território e áreas com concentração de árvores de cumaru queimaram na temporada de incêndios, o que pode comprometer a atividade extrativista.

“Fora a geração de renda e conservação da floresta, o extrativismo também é um aliado no monitoramento do território, já que os extrativistas percorrem longos trajetos até chegar nas áreas de coleta e, nesse deslocamento, podem identificar invasões e áreas desmatadas, por exemplo.”

Leo Ferreira, Coordenador de Projetos do Imaflora
Monitoramento das áreas precisa ser fortalecido pela atuação de órgãos públicos, para que as pressões e ameaças à sustentabilidade da cadeia produtiva possam ser controladas. Foto: Imaflora