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Mogno ou cedro? Livro online ajuda a identificar madeira ilegal

Comerciantes de madeira ilegal usam notas falsas com identificação de outras espécies para burlar a fiscalização

livro madeira ilegal
Foto: Signey | Wikimedia Commons | Detalhe: Maliz Ong | Wikimedia

Por Gilberto Stam | Revista FAPESP

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Uma forma simples e efetiva pela qual comerciantes de madeira ilegal burlam a fiscalização é mostrar ao policial que os aborda uma nota fiscal falsa relativa a outra espécie. Esta, de madeira legal. O mogno, uma madeira nobre e fácil de trabalhar, mas ameaçada de extinção e por isso protegida, se parece com o cedro, a andiroba e a itaúba, que podem ser comercializadas.

Todas têm madeira dura, cerne de cor marrom-acastanhado e minúsculas perfurações visíveis a olho nu — mesmo um fiscal experiente terá dificuldade de identificar a carga e flagrar a fraude.

O livro Identificação macroscópica de madeiras comerciais do Estado de São Paulo, da bióloga Sandra Borges Florsheim, do Instituto Florestal, fornece todos os subsídios para identificar a maioria das madeiras comerciais com apenas uma lupa de 10 vezes de aumento, abordando desde o corte e a preparação de amostras até a cor, o cheiro e o sabor.

A publicação conta ainda com fotos e uma chave de identificação, que guia o leitor por meio de uma série de perguntas dicotômicas (“a madeira é de cor castanho-escuro ou de outras cores?”, por exemplo). A metodologia foi desenvolvida em 2007 e, quando implantada, permitiu um aumento de apreensão de 630% pelas polícias Ambiental e Rodoviária.

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“Os policiais examinavam amostras de madeiras com um microscópio portátil conectado a um notebook, cujas imagens eram enviadas pela internet”, conta Florsheim. As amostras eram examinadas por ela mesma, usando amostras da xiloteca – o nome dado a coleções de madeira para pesquisa científica – como base para comparação. “A identificação correta era enviada de volta em no máximo meia hora e, de acordo com o laudo, os fiscais liberavam ou apreendiam a carga.” 

Entre 2007 e 2014, quando a fiscalização desse produto era uma prioridade do governo do estado de São Paulo, o maior consumidor de madeira da Amazônia, Florsheim treinou equipes de policiais. O livro está pronto desde 2014, quando se esgotaram os subsídios para o programa de fiscalização, e só agora obteve o financiamento para publicação. “A obra ajuda a difundir a técnica e serve para o policial, o leigo que quer comprar madeira ou o madeireiro que quer saber se está recebendo a madeira certa”, resume. 

Para baixar o livro, clique aqui.

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