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Saneamento pode gerar mais de R$ 25 bi em benefícios na saúde

No período entre 2021 e 2040, o acesso pleno aos serviços de água, coleta e tratamento de esgoto resultariam em um ganho anual de R$ 1,25 bilhão

saneamento saúde
Doenças são comuns nas crianças que vivem em palafitas. Foto: Marcello Casal Jr | ABr

Ter acesso a saneamento e higiene adequados e equitativos para todos estão entre os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU a serem alcançados até 2030. Porém, o investimento na área é abaixo do necessário para o Brasil atingir a universalização do saneamento. A precariedade do serviço resulta não só em perdas na saúde direta da população como também em ganhos diversos que poderiam ser gerados, como aponta um estudo do Instituto Trata Brasil, divulgado no final de 2022.

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A economia total com a melhoria das condições de saúde da população brasileira, entre 2021 e 2040, poderia chegar a R$ 25,1 bilhões, o que resultaria em um ganho anual de R$ 1,25 bilhão. É o que revela o estudo “Benefícios Econômicos e Sociais da Expansão do Saneamento Brasileiro”, do Instituto Trata Brasil.

Outro benefício apontado, a partir da universalização do saneamento, seria o aumento da produtividade e da remuneração do trabalho. Estima-se que o país deve expandir a produtividade do trabalho de maneira expressiva nesses vinte anos, ou seja, o aumento de renda do trabalho esperado seria de R$ 438 bilhões, trazendo um ganho anual de quase R$ 22 bilhões.

Ranking do Saneamento
Estação de tratamento de esgoto da Caesb na Asa Norte, em Brasília. | Foto: TV Brasil

Atualmente, a falta de acesso à água potável impacta quase 35 milhões de pessoas e cerca de 100 milhões de brasileiros não são atendidos com coleta de esgoto. Apenas 51,2% do volume de esgoto gerado é tratado, isto é, mais de 5,5 mil piscinas olímpicas de esgoto sem tratamento são despejadas na natureza diariamente.

No último sábado (5) foi celebrado o Dia Nacional da Saúde, diante de um cenário no país, no qual, a falta dos serviços básicos vivida por esses milhões de brasileiros têm implicações imediatas na qualidade de vida da população, principalmente, na área da saúde, uma vez que resulta na propagação de doenças relacionadas à veiculação hídrica.

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Saneamento e saúde

Dados de 2021 do DATASUS, presentes no Painel Saneamento Brasil, apontam que ocorreram cerca de 130 mil internações por doenças associadas à falta de saneamento no país – entre essas hospitalizações, mais de 45 mil foram de crianças de 0 a 4 anos.

Em relação às despesas, o Brasil gastou cerca de R$ 55 milhões devido às internações por essas enfermidades. A propagação dessas enfermidades surgem, principalmente, nas beiras de rios e córregos contaminados ou em ruas onde passa esgoto a céu aberto – em valas, sarjetas, córregos ou rios. Também podem ser ocasionadas pela poluição dos reservatórios de água e nos mananciais, cuja qualidade tem sido deteriorada ao longo dos anos.

Além de afetar a saúde da população, a ausência de água tratada e de coleta e tratamento de esgoto têm impacto direto sobre o mercado de trabalho e no desempenho dos estudantes no período escolar. O pleno exercício das atividades econômicas e estudantis dependem de boas condições ambientais.

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A falta de saneamento interfere na produtividade do trabalho, uma vez que os trabalhadores mais suscetíveis a doenças de veiculação hídrica têm a saúde mais precária e, consequentemente, um desempenho produtivo pior, o que acaba afetando a carreira profissional e o potencial de renda que eles podem atingir no mercado de trabalho.

Já para o estudante, as infecções recorrentes afastam crianças e jovens de suas atividades escolares, o que acaba prejudicando o desempenho educacional, com prejuízo para seu potencial futuro.

São José do Rio Preto
Cidade a partir da Represa Municipal de São José do Rio Preto. Foto: Jesiel CC

Como metas definidas pelo Marco Legal do Saneamento, o país precisará atender 99% da população com coleta de esgoto e 90% com coleta e tratamento de esgoto. Para que o objetivo seja alcançado, ainda segundo o Trata Brasil, o valor investido por ano em obras e serviços de água e esgoto precisaria dobrar até 2033.