Projeto universitário quer levar saneamento às comunidades

Iniciativa quer instalar biodigestores e atender inicialmente 1500 moradores do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro

saneamento biodigestor
Foto: Divulgação | Universidade Veiga de Almeida

Segundo dados mais recentes do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), 47% da população brasileira não têm acesso a serviço de coleta de esgoto. Já a taxa de tratamento dessas águas residuais é de apenas 54%.

Pensando em caminhos para ajudar a melhorar este cenário, a arquiteta urbanista Andrea Borges, professora da Universidade Veiga de Almeida (UVA), criou o projeto Saneamento é Vida, que oferece saneamento básico de forma descentralizada e a baixo custo a comunidades vulneráveis do país.

A iniciativa faz parte de um projeto de extensão da UVA, desenvolvida em parceria com as empresas Gerar e CSANEO Engenharia, e prevê a instalação inicial de 100 biodigestores no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, em regime de mutirão. O modelo, de baixa complexidade, já foi experimentado com sucesso em comunidades ribeirinhas na Amazônia.

Solução viável

“Um dos grandes problemas do Rio é a deficiência da rede de coleta. O esgoto não chega às grandes estações de tratamento. Por isso, os sistemas descentralizados são uma alternativa viável para o problema do saneamento em favelas. Cada biodigestor atende 15 pessoas, a um custo total de pouco mais de R$ 10 mil”, explica a especialista.

Além de dispensar a contratação de grandes empreiteiras e minimizar o impacto em territórios de difícil acesso e populosos, o sistema de biodigestores pode ser construído pelos próprios moradores. “Em 30 dias, é possível fazer 100 sistemas. A ideia é ensinar a técnica aos moradores, que poderão ser multiplicadores. Uma vez instalado, o biodigestor precisa apenas de manutenção e limpeza periódicas”, completa Borges.

Apoio e parcerias

O projeto técnico para implantação do piloto na Maré está pronto. O próximo passo será a visita dos pesquisadores e voluntários da universidade ao local para avaliar a qualidade do solo e realizar as medições da área.

O grupo busca parcerias com a iniciativa privada e órgãos públicos para o financiamento das obras em outras comunidades e regiões. As prefeituras de Camaçari (BA), Maricá (RJ) e Itaboraí (RJ) já demonstraram interesse pelo modelo. O Saneamento é Vida conta com a participação voluntária de alunos dos cursos de Engenharia Civil, Ambiental e Arquitetura e Urbanismo.