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Estudo revela benefícios das terras indígenas para a saúde pública

Proteção de territórios indígenas pode reduzir emissões de partículas atmosféricas e economizar cerca de US$ 2 bi em custos de saúde

indígenas
Foto: Marcelo Camargo | Agência Brasil

A conceituada revista Nature publicou no dia 6 de abril de 2023, um estudo que reforça a reforça a importância de proteger os territórios indígenas da Amazônia. Segundo a pesquisa, Proteger os territórios indígenas da Amazônia brasileira reduz as partículas atmosféricas e evita os impactos e custos associados à saúde, a preservação dessas áreas reduz a emissão de partículas atmosféricas, e estima que mais de 15 milhões de casos respiratórios e cardiovasculares poderiam ser evitados a cada ano, além da economia de cerca de US$ 2 bilhões em custos de saúde.

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Contraste entre uma plantação de soja e terra indígena. Foto: Kamikia Kisedje

O estudo é mais uma prova da importância da proteção das terras indígenas da Amazônia, não só para as comunidades que vivem lá, mas para todo o planeta. “É fundamental ouvir e respeitar as comunidades tradicionais, reconhecendo sua sabedoria e conhecimento em relação ao meio ambiente e à biodiversidade local. Neste ponto, é importante destacar a importância de projetos que envolvam a participação ativa das comunidades indígenas na gestão sustentável dos recursos naturais”, afirma Para Fabiana Prado, bióloga e coordenadora do LIRA / IPÊ (Legado Integrado da Região Amazônica, do Instituto de Pesquisas Ecológicas).

O projeto abrange 34% das áreas protegidas da Amazônia, considerando 20 UCs Federais, 23 UCs Estaduais e 43 Terras Indígenas, nas regiões do Alto Rio Negro, Baixo Rio Negro, Norte do Pará, Xingu, Madeira-Purus e Rondônia-Acre. O objetivo do projeto é promover e ampliar a gestão integrada para a conservação da biodiversidade, a manutenção da paisagem e das funções climáticas e o desenvolvimento socioambiental e cultural de povos e comunidades tradicionais.

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Plantas medicinais

A construção do Centro de Plantas Medicinais OLAWATAWA, na aldeia Paiter Suruí, em Rondônia, é um exemplo de projeto que valoriza a cultura indígena e busca a sustentabilidade econômica e ambiental da região. Naraiamat Suruí, coordenador do centro, destaca a importância da iniciativa para a geração de renda e a preservação da medicina tradicional. “Além de gerar renda para a comunidade, o centro de plantas medicinais fortalece a medicina tradicional, que é muito importante para o nosso povo”, afirma.

terra indígena plantas medicinais
Centro de Plantas Medicinais OLAWATAWA. Foto: Abner Surui

O projeto de preservação de plantas medicinais, teve início em 2015 sem recursos e contando com a força de vontade da própria comunidade. “Depois fomos conseguindo algumas parcerias e construímos uma maloca e um banheiro, bem próximo à aldeia. Agora, precisávamos de melhores estruturas e um lugar para que o centro pudesse crescer”, conta. O LIRA / IPÊ apoiou a construção de um novo centro, que foi inaugurado no dia 19 de março. “Hoje temos estrutura para receber pessoas que queiram conhecer o centro e a cultura Paiter Suruí, com cozinha, auditório, alojamento”, comemora Naraiamat.

Artesanato e gastronomia 

A produção de artesanato e pimenta Baniwa, na região do Rio Içana, no Amazonas, é um projeto da OIBI (Organização Indígena da Bacia do Içana) que busca valorizar a cultura e a arte indígena, além de promover a agroecologia e a sustentabilidade da região. André Baniwa, da OIBI, destaca a importância de iniciativas que valorizem o conhecimento e a cultura dos povos indígenas. “A produção de artesanato e pimenta Baniwa é uma forma de valorizar nossa cultura e gerar renda de forma sustentável. É importante que as pessoas conheçam e reconheçam a nossa arte e tradição”, afirma.

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pimenta baniwa
Pimenta Baniwa da Casa de Pimenta Yamado, da Organização Indígena da Bacia do Içana. Foto: Marcelo Salazar

Em novembro de 2022, foi ministrado um curso de capacitação, chamado Artesãos de Arte Baniwa, que reuniu mais de 60 pessoas e marcou a retomada das atividades produtivas e de comercialização da cestaria de arumã e da pimenta Baniwa. “A oficina deu nova esperança para a comunidade e saímos fortalecidos pensando em aumentar a produção. O incentivo às iniciativas de geração de renda, como o artesanato e a produção de pimenta, é fundamental para a autonomia econômica e o fortalecimento das comunidades”, afirma. A Arte Baniwa também conseguiu, com apoio do LIRA / IPÊ, uma loja no Shopping de artesanato em Manaus. “É uma loja pequena, mas foi muito importante porque virou referência do nosso trabalho na cidade”, conta.

LIRA / IPÊ

“O LIRA / IPÊ, por meio do apoio a projetos como esses, busca contribuir para a promoção da sustentabilidade e da valorização da cultura indígena, reconhecendo a importância das comunidades tradicionais na gestão dos recursos naturais e na preservação da biodiversidade, e fortalecendo assim a proteção de seus territórios”, diz Fabiana.

LIRA é uma iniciativa idealizada pelo IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, Fundo Amazônia e Fundação Gordon e Betty Moore, parceiros financiadores do projeto. Os parceiros institucionais são a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Secretaria Estadual do Meio Ambiente do Amazonas – SEMA-AM e o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará – IDEFLOR-Bio.

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Terra Indigena Caititu, do povo Apurinã, na região de Lábrea, AM. Foto: Adriano Gambarini