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Calor é mais latente em favelas e periferias. | Foto: Fabio Caffé | SGCOM | UFRJ

Com sensação térmica de 60,1ºC, o Rio de Janeiro bateu recorde no último sábado (16), segundo o sistema Alerta Rio, órgão da prefeitura. Apesar do verão favorecer o calor sufocante, não se trata de uma situação comum. A onda de calor, que neste momento atinge sobretudo o Centro-Oeste, Sudeste e Sul do país, resulta em temperaturas 5°C acima do normal para a época do ano. As consequências são preocupantes: o forte calor tem aumentado o risco de morte no Brasil, como revela um estudo da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

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Em quase duas décadas, entre 2000 e 2018, o calor associado a doenças crônicas provocou 48.075 casos de mortes no país. Dentre elas, as doenças circulatórias ou respiratórias e o câncer são as causas de morte mais frequentes.

A pesquisa realizada pelo Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa) da UFRJ, e publicada na revista científica Plos One, ainda aponta que as ondas de calor no Brasil estão exacerbando desigualdades socioeconômicas. As taxas de mortalidade relacionadas ao calor foram maiores entre pessoas do sexo feminino, idosas, negras, pardas ou com níveis educacionais mais baixos.

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Rio de Janeiro. Foto: Fernando Frazão | Agência Brasil

“Esse resultado traz a importância de que, no contexto das mudanças climáticas, a gente fale sobre racismo ambiental e justiça ambiental”, diz Djacinto Monteiro, um dos pesquisadores do estudo e integrante do laboratório.

Onda de calor: cada vez pior

Para chegar aos dados acima, os pesquisadores analisaram as taxas de mortalidade durante as ondas de calor entre 2000 e 2018 nas 14 principais áreas urbanas, que representam mais de um terço da população nacional.

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O estudo constatou que o Brasil experimentou de três a 11 ondas de calor por ano na década de 2010. Em contrapartida, nas quatro décadas anteriores, não havia ou chegava no máximo a três, os episódios de altas temperaturas.

A tendência é piorar. Em 2023, uma onda de calor tomou o Hemisfério Sul em pleno inverno. O ano foi o mais quente da história, segundo a agência climática europeia Copernicus. A temperatura ficou 1,48°C acima do período pré-industrial. Em seguida, janeiro de 2024 foi o mês mais quente da história e agora, ainda em março de 2024, o Brasil vive sua terceira onda de calor desde que o ano começou.

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Instalação em alusão ao calor durante a Virada Sustentável. | Foto: Divulgação

Outro estudo, realizado por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), aponta que já houve aumento de até 3°C nas temperaturas máximas diárias em algumas regiões do Brasil.

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Ação humana

Além do El Niño, o aquecimento global é apontado como o impulsionador dos eventos climáticos extremos. É pelo menos 100 vezes mais provável que a mudança climática, causada pelo homem, tenha sido a principal causa do calor na América do Sul entre agosto e setembro de 2023, segundo um estudo da World Weather Attribution (WWA).

A Terra está esquentando mais rápido do que era previsto e episódios de calor se tornarão ainda mais frequentes e extremos se as emissões de gases de efeito estufa não forem rapidamente reduzidas a zero, alertam os cientistas.

“Muitos estudos têm mostrado que o principal responsável por esse aumento é, de fato, a mudança climática induzida pela ação humana e que está associado principalmente com a queima de combustíveis fósseis para geração de energia, para o setor de transporte e também com as emissões do desmatamento”, completou o pesquisador Monteiro.

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Foto: Aron Visuals | Unsplash

As mortes relacionadas ao calor podem aumentar 370% no mundo, segundo um estudo da publicação científica The Lancet. A projeção alarmante deve-se à inação contra o aquecimento global. Do mesmo modo, a pesquisa indica que “se as negociações climáticas levarem a uma eliminação rápida e equitativa dos combustíveis fósseis, acelerarem a mitigação, e derem apoio aos esforços de adaptação para a saúde, um futuro próspero e saudável está ao alcance”.

Confira nas matérias abaixo como lidar com as ondas de calor: