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Vitória do verde em SP: Horta das Flores segue na Mooca

Área de 6 mil m² com horta agroecológica e programas socioambientais estava ameaçada por projeto habitacional

horta das flores
Foto: Coletivo Horta das Flores

Quem vive na Zona Leste de São Paulo pode comemorar a permanência de mais uma importante área verde na cidade. Depois de 5 anos de luta, o coletivo Horta da Flores recebeu a notícia que que a construção de um conjunto habitacional no local não vai mais acontecer.

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Com isso, a área de 6 mil metros quadrados onde fica a Praça Alfredo Di Cunto e a Horta da Flores vai seguir como um dos mais importantes e poucos espaços verdes da Mooca, tradicional bairro da Zona Leste de São Paulo.

A empresa responsável pelo projeto da construção solicitou a revogação do Termo de Posse, desistindo de executar a obra no local, após decisão judicial que determinou a paralisação da atividade da concessionária.

“Essa batalha é para as próximas gerações saberem que nada é impossível. Também para todas as pessoas que querem uma cidade menos poluída e sabem que sem a sustentabilidade já, nada irá mudar. Vejam as mudanças climáticas que estamos passando e sentindo na pele atualmente e a quantidade de epidemias e doenças que só aumentam”, comemora Luiz Fazzio, um dos gestores do projeto.

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Foto: Coletivo Horta das Flores

A vitória da comunidade, que frequenta e mantém as atividades do local de forma voluntária, veio depois de uma grande mobilização social a ações judiciais contra a decisão da prefeitura da capital de incluir o terreno numa Parceria Público-Privada em 2017 (Concorrência Internacional COHAB no.01/2018) para construção de moradias populares pela COHAB.

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Com a construção, a área verde localizada na Avenida Alcântara Machado seria tomada por prédios e deixaria de o espaço de referência em educação socioambiental que foi construído ao longo de mais de 10 anos.

“Foi muita alegria e emoção que dividimos com todos os voluntários, professoras e alunos. Agora sem essa pressão vamos dar continuidade a tudo que já vem sendo feito e procurar outras parcerias para podermos implantar novos projetos que temos”, conta emocionada Regina Grilli, gestora da horta.

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Foto: Coletivo Horta das Flores

Hoje, a Horta das Flores tem programas de pesquisas e ações em parceria com universidades que utilizam o local para estudo de plantas, mudas nativas, bioconstrução, agrofloresta, permacultura e outras ciências. O espaço também abriga uma estufa com 12 canteiros de hortaliças e plantas alimentícias não convencionais (PANCs). A horta comunitária é um exemplo de iniciativas do tipo para outras regiões de São Paulo e até mesmo para outras cidades do país.

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Formado por voluntários e moradores da região, o Coletivo Horta das Flores atua no local realizando mutirões mensais, oficinas e eventos gratuitos, além de atividades sobre meio ambiente, segurança alimentar e nutricional, agroecologia e educação ambiental.

História

A Horta das Flores foi implantada pela Prefeitura com o surgimento do PROAURP (Programa de Agricultura Urbana e Periurbana da cidade de São Paulo – Lei 13.727/04 e Decreto 51.801/2010), em meados de 2004. Durante anos a horta compôs o PROAURP, envolvendo famílias em vulnerabilidade social na produção de alimentos e geração de renda por meio da comercialização de hortaliças.

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Foto: Coletivo Horta das Flores

Depois disso, o local foi estruturado como a Praça Alfredo Di Cunto e teve uma estufa implantada em 2008, com o Programa Escola Estufa Lucy Montoro, onde foram desenvolvidos cursos gratuitos de horticultura orgânica para a população.

Com o fim do programa, a praça foi mantida, apesar da situação difícil, por um zelador de praça, até que, em 2015, um grupo de moradores começou a atuar na praça para iniciar uma ocupação comunitária. Foi aí que surgiu o coletivo Horta das Flores que se mantém atuante até hoje e que liderou a batalha para que o terreno não fosse tomado por mais prédios e concreto, quando a cidade precisa tanto de espaços verdes.

Ameaça e mobilização

Em 2017, a área foi incluída numa Parceria Público-Privada (Concorrência Internacional COHAB no.01/2018) para construção de moradias populares pela COHAB, por meio do processo 2017.0185.313-9. O contrato para a construção havia sido assinado em 2019 (CONTRATO Nº PPP 02/19).

“Eu fiquei totalmente chocado porque nós já estávamos no local há muito tempo e a prefeitura sabia. Fomos pegos de surpresa quando um funcionário da construtora chegou e disse que existia um projeto aprovado para a construção de 2 torres de prédios residenciais e que tínhamos que deixar o lugar imediatamente”, relembra Luiz.

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Foto: Coletivo Horta das Flores

Com a convicção de que a Praça Alfredo Di Cunto é uma área verde fundamental para a região, com atividades voltadas à segurança alimentar e nutricional e à educação ambiental, o coletivo Horta das Flores organizou uma mobilização comunitária e iniciou ações judiciais para que o terreno fosse preservado.

Na semana passada, depois de anos de batalha, Regina e Luiz foram notificados pela Subprefeitura da Mooca que tudo valeu a pena e que a concessionária havia desistido do projeto.

“Foi uma sensação de dever cumprido. Foi muito especial. Chorei muito. Guardamos a surpresa para contar para todo o grupo Horta das Flores no domingo, onde iríamos nos encontrar para um grande mutirão. Todos ficaram muito emocionados”, conta Luiz.

Conheça a Horta das Flores

A Praça Alfredo DiCunto tem cultivo agroecológico, pomar, composteira, Jardim do Cerrado, Jardim de Bromélias, viveiro de mudas nativas, ervanário e orquidário cuidado pela comunidade.

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Foto: Coletivo Horta das Flores

Os trabalhos de cultivo e manutenção são feitos por voluntários em mutirões sempre no primeiro domingo de cada mês e em ações de manutenção semanal. As atividades comunitárias são abertas à população e estimulam os moradores do entorno a usufruírem do espaço.

Além da horta, no viveiro são produzidas cerca de 1,5 mil mudas de árvores nativas da Mata Atlântica, destinadas à plantios voluntários que estão sendo realizados pela cidade, sendo que cerca de 200 árvores estão plantadas e catalogadas na praça com tecnologia de QR Code.

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Foto: Coletivo Horta das Flores

Além de serviços ambientais prestados por ser uma área verde de cerca de 6 mil metros quadrados, a praça se destaca pelas atividades socioambientais que são promovidas voluntariamente pela própria população, tornando-se um importante equipamento público que se mantém em atividade graças à parceria entre Poder Público (por meio das suas políticas públicas como PROAURP e Programa Escola Estufa) e a população paulistana.