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Aeroporto de Amsterdã vai proibir jatinhos e voos noturnos

Medidas vão reduzir a poluição sonora e emissões desnecessárias de CO2

aeroporto amsterdã
“Jatos particulares e aviação de pequenas empresas causam uma quantidade desproporcional de ruído e emissões de CO2 por passageiro – cerca de 20 vezes mais CO2 em comparação com um voo comercial”. Foto: Wouter Supardi Salari | Unsplash

Trocar o carro por bicicleta, transporte público ou até mesmo por caminhadas é uma das maneiras de ajudar a combater as mudanças climáticas, diminuindo a poluição sonora, atmosférica e melhorando a qualidade de vida, especialmente em centros urbanos. Mas, ao mesmo tempo que este movimento cresce, algumas pessoas ainda acham razoável usar jatos particulares como meio de transporte, apesar de todo o impacto ambiental gerado com este deslocamento.

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O uso de jatinhos, helicópteros e outros hábitos comuns entre quem tem muito dinheiro vem despertando questionamentos e gerando protestos. Em um deles, no dia 5 de novembro de 2022, centenas de ativistas climáticos se colocaram em frente a jatos particulares no Aeroporto Schiphol de Amsterdã e os impediram de decolar por horas.

Aparentemente, a iniciativa gerou reflexões e ações. Cinco meses após o protesto, o aeroporto anunciou que está proibindo jatos particulares e tomando novas medidas para reduzir a poluição sonora e reduzir as emissões de gases de efeito estufa de acordo com o acordo de Paris. As mudanças foram anunciadas no dia 4 de abril de 2022.

jato particular
Grande parte das rotas dos jatos particulares podem ser feitas com voos comerciais. Foto: Pixabay

“Schiphol conecta a Holanda com o resto do mundo. Queremos continuar fazendo isso, mas devemos fazer melhor”, afirmou Ruud Sondag, CEO do Royal Schiphol Group. “O único caminho a seguir é tornar-se mais silencioso e limpo mais rapidamente. Pensamos em crescimento, mas muito pouco sobre seu impacto por muito tempo. Precisamos ser sustentáveis ​​para nossos funcionários, o meio ambiente local e o mundo.”

Segundo o comunicado oficial, “jatos particulares e aviação de pequenas empresas causam uma quantidade desproporcional de ruído e emissões de CO2 por passageiro – cerca de 20 vezes mais CO2 em comparação com um voo comercial. Além disso, entre 30% e 50% dos voos em jatos particulares são para destinos de férias como Ibiza, Cannes e Innsbruck, para os quais existem opções em rotas comerciais.

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É importante lembrar que as medidas não vão alterar o chamado tráfego social que inclui, por exemplo, voos de polícia e ambulância,

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Foto: Ben Koorengevel | Unsplash

As proibições vão entrar em vigor entre 2025 e 2026. Além da proibição de jatos particulares e de pequenas empresas, não serão permitidas decolagens entre meia noite e 6h, pousos da meia noite às 5h, o que vai reduzir em 10 mil o número de voos noturnos por ano. Outra medida é elevar os padrões para o tipo de aviões que podem usar o aeroporto, com o objetivo de eliminar gradualmente os modelos mais barulhentos.

Com estas alterações, a expectativa é reduzir as emissões de gases de efeito estufa e os transtornos causados pela movimentação aérea, em especial pela poluição sonora. A administração do aeroporto calcula que vai diminuir em 16% o número de pessoas incomodadas perto do aeroporto e em 54% o número de residentes nas proximidades acordados durante a noite pelo tráfego aéreo.

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aeroporto de amsterdã
Foto: Jan Rosolino | Unsplash

A administração do aeroporto também comunicou que está cancelando os planos de expansão, que incluía uma pista adicional. O terreno para a construção já estava reservado, mas a reserva deve ser revogada, ajudando a diminuir uma “pressão desnecessária no espaço já escasso na área”.

“Percebo que nossas escolhas podem ter implicações significativas para a indústria da aviação, mas são necessárias”, disse Sondag. “Isso mostra que estamos falando sério. É a única forma, com base em medidas concretas, de reconquistar a confiança dos colaboradores, dos passageiros, dos vizinhos, da política e da sociedade.”

Reações

Empresas do setor de aviação não se mostraram muito animadas com as mudanças. A divisão holandesa da Air France-KLM , responsável por cerca de 60% do tráfego do aeroporto , disse em comunicado divulgado pela Bloomberg que ficou surpresa com as mudanças e que elas teriam “consequências de longo alcance”. A empresa informou que vai se pronunciar em relação às novas medidas, em comunicado que será enviado ao Ministério da Infraestrutura holandês, juntamente com outros grupos da indústria.

Os ativistas climáticos, por outro lado, há muito alertam sobre a necessidade de limitar viagens aéreas de luxo e de curta distância, especialmente. Segundo a Agência Internacional de Energia, as emissões de energia da aviação global representaram mais de 2% do total global em 2021, mas vem crescendo nas cresceram mais nas últimas décadas em um ritmo mais acelerado do que as emissões de outras fontes de transporte, como carros, trens ou barcos.

melhores cidades
A cidade de Amsterdam, capital da Holanda, está entre as 10 melhores cidades do mundo para quem anda de bicicleta. Foto: Pixabay

Na Holanda, em particular, ativistas disseram que Schiphol era a maior fonte única de emissões no país, liberando 12 bilhões de quilos de dióxido de carbono na atmosfera a cada ano, conforme a Reuters informou em novembro. “Queremos menos voos, mais trens e a proibição de voos de curta distância desnecessários e jatos particulares”, disse o líder da campanha do Greenpeace Holanda, Dewi Zloch, durante os protestos de 2022.

Paralelamente, o governo holandês já havia se posicionado, afirmando que iria reduzir o número de voos no país de 500 mil  para 440 mil até o final de 2023.