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Tarântula azul elétrica é descoberta na Tailândia

Escolha do nome científico da espécie veio de um leilão em defesa dos povos originários da região

tarântula azul elétrica
Foto: Narin Chomphuphuang

A natureza não para de surpreender, mesmo aqueles que dedicam a vida a estudar as mais diversas formas de vida do planeta. Uma prova de que ainda temos muito o que aprender é uma nova espécie de aranha descoberta na Tailândia: uma tarântula com uma fascinante coloração azul em manchas por toda a parte frontal do corpo, que absorve e reflete energia.

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A descoberta da tarântula azul tem uma história igualmente fascinante. Ela começou com um youtuber, que faz vídeos sobre o mundo natural e havia encontrado uma tarântula vivendo no oco de um bambu. O influenciador YouTube JoCho Sippawat entrou em contato com o Dr. Narin Chomphuphuang, aracnólogo da Universidade Khon Kaen. Juntos, descobriram que se tratava não apenas de uma nova espécie, mas de um novo gênero, uma vez que nenhum dos 1.000 membros da família das tarântulas jamais foi documentado vivendo dentro de bambu.

tarântula bambu
Fotos: JoCho Sippawat

A aranha recebeu o nome popular de tarântula de bambu e o nome científico é Taksinus bambus em homenagem a Taksin, o Grande – famoso rei da província de Tak. Taksinus foi classificado como um novo gênero dentro da subfamília Ornithoctoninae das tarântulas do Sudeste Asiático. Para se ter uma ideia da importância da descoberta, o gênero anterior desta subfamília havia sido definido há 104 anos.

A descoberta deste novo gênero de aranhas levou a mais expedições na região, e à tarântula azul investigação nos mangues da Tailândia. A escolha do nome científico da aranha foi realizada por meio de um leilão: quem pagasse seria homenageado com a nomenclatura e o valor arrecadado seria doado para os Sippawat, povo indígena Lahu do norte da Tailândia e sul da China, do qual o youtuber JoCho é descendente.

tarântula azul
Foto: Narin Chomphuphuang

Chilobrachys natanicharum é agora o nome oficial da aranha, em homenagem a dois empresários tailandeses que deram o maior lance pela homenagem.

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Aranha azul?

“O encantador fenômeno da coloração azul em animais surge do fato de que o azul é uma das cores mais raras encontradas na natureza e é uma cor estrutural produzida pelo arranjo de nanoestruturas fotônicas biológicas, em vez de pigmentos”, explica Chomphuphuang. na introdução de um estudo que descreve a espécie, publicado na revista ZooKeys. “C. natanicharum possui coloração única devido à presença de dois tipos de pelos: o azul metálico e o violeta. A cor depende da proporção das duas cores de pelo”.

Os camaleões produzem cores vivas e fascinantes através de pigmentos, mas os pelos da tarântula absorvem alguma luz e refletem o resto – uma interação complexa que torna os animais azuis especialmente raros. “Para parecer azul, um objeto precisa absorver quantidades muito pequenas de energia enquanto reflete luz azul de alta energia”, explica o aracnólogo.

tarântula azul elétrica
Foto: Narin Chomphuphuang

A presença da cor azul, e sua função para a aranha, ainda é um mistério já que a espécie tem como característica ser uma caçadora de emboscada que depende justamente da camuflagem para permanecer escondida sem chamar a atenção se possíveis presas.

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As cores brilhantes são utilizadas em muitas espécies como ferramenta de acasalamento (pense nos pavões machos em comparação com as fêmeas), mas as tarântulas mais brilhantes observadas foram machos e fêmeas juvenis.

tarântula bambu
Espécie de tarântula que vive em ocos de bambus, descoberta em janeiro de 2022. Foto: JoCho Sippawat

Normalmente, as tarântulas são arbóreas ou terrestres, mas esta foi encontrada pela equipe no oco de uma árvore de mangue em um mangue na maré baixa, indicando potencialmente um aspecto aquático em sua vida.

Com base no estado de conservação dos manguezais do sul da Tailândia, a tarântula azul elétrica é provavelmente uma das mais raras do seu tipo. Mais uma prova de que precisamos preservar ao máximo o planeta em que vivemos – estamos longe de entender toda a sua magnitude e seguimos ameaçando as vidas que ele abriga.