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Arquitetura bioclimática molda “Casa Abacateiro” em Floripa

Telhado jardim, parede de pau-a-pique e madeira de demolição estão entre os elementos aplicados na residência

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Foto: Oolhar.co

À primeira vista, a cobertura repleta de vegetação já chama a atenção. Mas o projeto arquitetônico da Casa Abacateiro, como foi intitulado, revela muito mais: a residência é fruto de um minucioso estudo a partir do microclima e da topografia a qual está inserida em Florianópolis, Santa Catarina.

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Projetada pelo escritório Baixo Impacto Arquitetura, a construção leva em consideração o entorno, a orientação solar, os ventos predominantes e aspectos como acústica, potenciais visuais e privacidade.

“No processo de construção foram priorizados materiais naturais abundantes na região, como a terra e a madeira de demolição, evitando desperdícios e valorizando saberes ancestrais”, explica a empresa de arquitetura. “Esta forma cuidadosa de projetar e construir fomenta uma relação de cuidado e pertencimento entre humanos e natureza, minimizando os impactos ambientais”, completa.

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Foto: Oolhar.co

As várias camadas de jardins que compõem a cobertura, a viga metálica que sustenta um vão de onze metros, a textura dos bambus que filtram a luz solar, as madeiras de demolição para estruturar a casa e as paredes em terra traduzem a riqueza dos materiais que tornam este lar único. Ainda o cimento foi utilizado nos acabamentos do piso e nas bancadas da cozinha. Por opção estética, a crueza de cada material é exposta com suas diferentes texturas e cores.

casa bioclimática
Foto: Oolhar.co

As necessidades, preferências funcionais, estéticas e o orçamento dos clientes também moldam a Casa Abacateiro. De acordo com o Baixo Impacto Arquitetura, o desejo do casal de proprietários era obter um espaço amplo e acolhedor para receber a família, onde os limites entre o interior e o exterior se fundem harmoniosamente. A partir dessa proposta, a casa se divide em dois blocos distintos, confira abaixo a descrição do próprio escritório.

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Por dentro da Casa Abacateiro

O bloco Sudoeste abriga os quartos, banheiros e a área de serviço. Ele é mais reservado e sólido, composto por dois pisos e estruturado em concreto. Já o bloco social Nordeste é mais amplo e é definido por uma robusta estrutura de madeiras de demolição, cujas marcas contam uma história. Essa estrutura repousa sobre duas vigas metálicas, que possibilitaram a criação de uma ampla abertura para o espaço externo.

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Foto: Oolhar.co

Ao longo de toda a casa, uma sequência de coberturas ajardinadas em diferentes alturas faz parte da estratégia bioclimática adotada, permitindo o controle da entrada de luz solar e ventilação natural, contribuindo para a climatização passiva.

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Foto: Oolhar.co

Durante o verão, as coberturas sombreiam os espaços internos, enquanto no inverno elas permitem a entrada direta do sol em pontos estratégicos, por meio de aberturas nos vãos entre as coberturas e planos de cobertura translúcidos que utilizam bambu como filtro solar. As aberturas altas entre esses planos também permitem o controle da ventilação e resfriamento durante o verão, utilizando o efeito chaminé.

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Separando os dois blocos, uma grande parede de terra crua construída utilizando a técnica artesanal e ancestral de pau-a-pique traz a sensação calorosa da terra, estabelecendo um diálogo com as madeiras robustas e o rodapé de pedra natural. Além disso, ela contribui para a estratégia bioclimática ao reter o calor do sol de inverno durante o dia e liberá-lo gradualmente no final do dia e à noite, aquecendo os quartos nos momentos mais frios.

casa bioclimática
Foto: Oolhar.co

Por ser de terra crua, a parede também desempenha um papel fundamental no controle da umidade interna, funcionando com um grande desumidificador. Essa imponente parede possui um reboco natural de terra, mas revela sua composição através de uma “janela da verdade”, sem reboco, permitindo vislumbrar sua construção e materialidade.

Telhado jardim

Sem dúvidas, o ajardinamento no telhado é um dos pontos de maior destaque. Além de embelezar a residência, a aplicação oferece diversos benefícios ambientais e para os moradores.

As plantas amenizam a temperatura ambiente, reduzindo o efeito de ilha de calor; ajudam também a reduzir os poluentes do ar, melhorando a qualidade do ar na área circundante; absorvem os sons externos e ruídos; absorvem também as águas da chuva, o que em grande escala nas cidades poderia reduzir os alagamentos; aumentam a inércia térmica da edificação, diminuindo a amplitute térmica diária interna da edificação e aumentando o atraso térmico (tempo que o calor leva para atravessar o telhado). Este último pode ajudar a reduzir o consumo de energia necessário para aquecer ou refrigerar um edifício.

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Fotos: Oolhar.co

Outra grande vantagem de ter um jardim na cobertura de casa é melhorar a saúde mental, uma vez que as plantas têm o poder de melhorar o bem-estar emocional. Na Casa Abacateiro, os jardins criam um percurso que conduz ao ponto mais alto da casa e permite vislumbrar o mar – potencializando ainda mais o potencial benefício da conexão com a natureza.

casa Florianopolis
Projeto Baixo Impacto Arquitetura
casa Florianopolis
Projeto Baixo Impacto Arquitetura

Com a música Refazenda, de Gilberto Gil, em mente, os arquitetos projetaram esse lar que une arquitetura contemporânea com técnicas ancestrais. “Esta casa transpira poesia e encanto, sendo fruto de muito estudo e trabalho, para moldar uma arquitetura bioclimática, utilizando tecnologias de baixo impacto ambiental e, como sempre, com muito amor pelo que fazemos”, afirma o escritório de arquitetura.