Desmatamento no 1º semestre na Amazônia é o maior desde 2016
Entre janeiro e julho, o bioma perdeu quase 4 mil km² batendo o recorde de devastação no período pelo 4º ano consecutivo
Entre janeiro e julho, o bioma perdeu quase 4 mil km² batendo o recorde de devastação no período pelo 4º ano consecutivo
A Amazônia teve 3.988 km² desmatados nos seis primeiros meses de 2022, de acordo com o sistema DETER, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O desmatamento é o maior já registrado para esse período desde o início da série histórica em 2016 – praticamente o triplo do valor registrado em 2017 (1.332 km2).
É o quarto ano consecutivo com recordes de desmatamento no período. O aumento em comparação aos primeiros seis meses de 2021 foi de 10,6%. O destaque ainda mais negativo fica com o Estado do Amazonas que pela primeira vez lidera a lista de estados que mais desmataram no primeiro semestre com 1.236 Km2, 30.9% do total, seguido pelo Pará com 1.105 Km2, 27,7% do total, seguido por Mato Grosso, com 845 Km2, 21,1% do total.
Mariana Napolitano, gerente de ciências do WWF-Brasil, afirma que o desmatamento da Amazônia no primeiro semestre de 2022 foi alarmante e coloca o bioma cada vez mais perto do ponto a partir do qual a floresta não conseguirá mais se sustentar, nem prover os serviços ambientais dos quais nosso país depende.
“Quando perdemos floresta, colocamos em risco nosso futuro. A Amazônia é chave para a regulação das chuvas das quais dependem nossa agricultura, nosso abastecimento de água potável e a disponibilidade de hidroeletricidade. O roubo de terras públicas e o garimpo ilegal, que não geram riqueza ou qualidade de vida, está destruindo nosso futuro”, explica Mariana.
O primeiro semestre deste ano teve quatro meses com recordes de alertas de desmatamento o que é uma péssima notícia pois existe muita matéria orgânica morta e com o verão Amazônico começando, período mais quente, com menos chuva e mais seco do ano, todo esse material serve como combustível para as queimadas e incêndios florestais criminosos que assolam a região, adoecem os moradores e dizimam a biodiversidade da maior floresta tropical do mundo.
“É mais um triste recorde para a floresta e seus povos. Esse número só confirma que o Governo Federal não tem capacidade, nem interesse, de combater toda essa destruição ambiental, seja por ação ou omissões o que vemos é uma escalada inaceitável da destruição da floresta e do massacre de seus povos e defensores”, declara Rômulo Batista, porta-voz da campanha Amazônia do Greenpeace Brasil.
O mês de junho também teve a pior marca da série histórica. Foram devastados 1.120 km2 no mês na Amazônia, 5% a mais que em junho de 2021 (1.061 km2). Os Estados mais desmatados em junho de 2022 foram o Amazonas (401 km2) e o Pará (381 km2).
No Cerrado, foram desmatados 1.026 km2 só no mês de junho. O valor é mais que o dobro do registrado em 2021 (485 km2) e 2020 (427 km2), um aumento de 111,5% em comparação a junho do ano passado. Em junho de 2022, mais uma vez, os Estados mais devastados estão no MATOPIBA: Maranhão (400 km2) e Tocantins (193 km2).
No acumulado do ano, entre o início de janeiro e o fim de junho, foram devastados 3.638 km2 no Cerrado, o que representa um aumento de 44,5% em comparação aos seis primeiros meses de 2021, quando foram destruídos 2.518 km2.
A conservação dos biomas brasileiros aumentar ainda mais, caso alguns Projetos de Lei sejam aprovados pelo Congresso, entre eles o PL 2633/2020, que anistia grileiros, e o PL 490/2007, que abre terras indígenas para atividades predatórias.
“Ao invés dos parlamentares estarem focados em conter os impactos da destruição da Amazônia sobre a população e o clima, no combate ao crime que avança na floresta, e que não só queima nossas riquezas naturais, mas também a imagem e a economia do país, eles tentam aprovar projetos que irão acelerar ainda mais o desmatamento, os conflitos no campo e a invasão de terras públicas”, finaliza Rômulo.