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Desmatamento na Amazônia tem menor taxa desde 2019

Redução foi de 22,3% entre agosto de 2022 e julho de 2023; números foram alavancados por ação de combate e controle em 2023

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Áreas de desmatamento no município de Careiro da Várzea, no Amazonas próximo às Terras Indígenas do povo Mura. | Foto: Alberto César Araújo | Amazônia Real.

Ibama, ICMbio, Polícia Federal, PRF, Força Nacional de Segurança. Estes foram os entes especialmente lembrados pela ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, ao anunciar a redução de 42% do desmatamento na Amazônia entre janeiro e julho de 2023, segundo dados do Prodes (Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal). As medições dos satélites apontam que de agosto de 2022 a julho de 2023 a taxa anual de desmatamento teve queda de 22,3%.

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A taxa de desmatamento na Amazônia caiu para 9.001 mil quilômetros quadrados, sendo uma redução de 2.593 Km² em relação ao período anterior e o menor número desde 2019. “Por trás disso tem a decisão política do presidente Lula do desmatamento zero [até 2030], a decisão política do plano e a política transversal e uma ação integrada para alcançar esse resultado”, afirma Marina. Além dos “eixos de comando e controle”, a ministra, em entrevista coletiva, ressaltou que os bons números também são fruto das ações de desenvolvimento sustentável, instrumentos econômicos, ordenamento territorial e regularização fundiária.

Marina Silva, que teve um papel essencial para a queda do desmatamento no primeiro mandato do governo Lula, assumiu que o desafio tem sido enorme. Diferente da situação encontrada há 20 anos, hoje há um “cruzamento de tráfico de drogas, tráfico de armas, grilagem, pesca ilegal, garimpo ilegal, uma profusão de criminalidade, após o desmonte da estrutura de governança ambiental”, resume a ministra. Ainda assim, os números são promissores.

governo e meio ambiente
Entrevista coletiva sobre o desmatamento da Amazônia. | Foto: Valter Campanato | Agência Brasil.

Rondônia, Pará e Amazonas foram alguns dos estados que reduziram o desmatamento entre agosto de 2022 e julho de 2023. “Sei que todos estão acompanhando o problema do estado do Amazonas [disse em referência à seca e queimadas que cobrem o céu da região], mas a queda do desmatamento no estado foi de 64% até agora. Se não fosse essa queda, nós teríamos uma situação incomparavelmente pior”, garante a ministra.

O mapeamento Prodes apresentou uma inversão na curva do desmatamento, que estava em alta crescente no segundo semestre de 2022. A queda de 42% do desmatamento na Amazônia entre janeiro e julho de 2023 é fruto de várias iniciativas, dentre elas, uma secretaria específica para o controle de desmatamento e uma nova versão do PPCDAM (Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia), ferramenta já aplicada com sucesso no passado.

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Para o Observatório do Clima, o feito alcançado em seis meses surpreende até quem acompanhou a retomada das ações dos órgãos ambientais, uma vez que o sistema de alertas Deter apontava para uma queda discreta de 7,5%. Agora, segundo a entidade cabe a articulação política do governo “parar de sabotar a área ambiental” na aprovação de propostas de leis anti ambientais.

“O discurso do presidente, de proteção à floresta, se traduziu em número e virou entrega concreta. É um resultado expressivo e que sela a volta do Brasil à agenda de clima. Mas o governo precisa mudar sua postura no Parlamento. Não adianta combater o crime no chão da floresta e fortalecê-lo no carpete do Congresso, sob o risco de vermos a celebração de hoje ficar manchada pelas derrotas nas legislações socioambientais”, diz Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.

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Desmatamento na Amazônia e autuações do Ibama. Imagem: Divulgação

Já para Mariana Napolitano, diretora de Estratégia do WWF-Brasil, a redução do desmatamento na Amazônia, ainda que considere o último semestre de 2022, é “um ótimo sinal, resultado de uma ação coordenada do governo”. Ainda assim, reforça que os níveis são altos e que é preciso zerar a destruição.

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“A floresta amazônica fornece serviços ambientais essenciais para o desenvolvimento do país. A regularidade do ciclo de chuvas, da qual depende nosso sistema elétrico, o abastecimento de cidades e indústrias e a agropecuária, é apenas um desses serviços. A floresta é também um sumidouro de carbono essencial para o enfrentamento da crise climática”, completa.