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logística reversa
Foto: Matt Seymour | Unsplash

A incorporação da logística reversa pelos mais diversos negócios é uma alternativa viável para empresas, governos e sociedade. Além de possibilitar a conservação dos recursos naturais, sua prática pode melhorar a gestão de resíduos, reduzindo o descarte e proporcionando benefícios socioambientais.

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A logística reversa é um processo de gerenciamento do retorno de produtos, materiais ou resíduos do consumidor final para o setor produtivo, tendo como objetivo garantir a destinação correta dos produtos após o uso, possibilitando a recuperação, reciclagem ou reuso de materiais, de forma a minimizar os impactos ambientais negativos e promover a sustentabilidade.

reciclagem roupas algodão
Foto: Divulgação | Plataforma Circular Cotton Code

Na Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS (Lei n. 12.305/2010), a logística reversa é um “instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada”.

Essa prática tem ganhado importância em todo o mundo devido à crescente preocupação com a crescente problemática dos resíduos sólidos, que aumenta a demanda pela reciclagem e a busca por acelerar a transição para a chamada economia circular, em que os recursos são utilizados de forma mais eficiente e tendo como um de seus princípios a eliminação de resíduos.

reciclagem geladeiras
Foto: Divulgação | Indústria Fox

Embora seja apenas uma parte do ciclo da economia circular, a logística reversa envolve várias etapas, como coleta, transporte, triagem, recuperação, reciclagem e até mesmo a destinação correta de resíduos não-recicláveis. A legislação brasileira obrigou explicitamente a elaboração de acordos setoriais para regulamentar a logística reversa de materiais como embalagens, eletroeletrônicos, pilhas e baterias, pneus, medicamentos, lâmpadas, entre outros.

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Na prática, porém, todo material deve ser objeto de logística reversa. Caso contrário, geram-se custos muito importantes para a sociedade, seja para o tratamento correto dos resíduos, seja para lidar com a cadeia de consequências da poluição ambiental gerada na ausência de uma gestão adequada.

Existem várias formas de implementar a logística reversa, e as abordagens mais comuns incluem:

  • Pontos de coleta: Implantação de Pontos de Entrega Voluntária (PEV) para que os consumidores possam devolver os produtos após o uso;
  • Acordos com revendedores: Estabelecimento de acordos com revendedores para receberem produtos usados, que serão enviados de volta ao fabricante ou a centros de reciclagem;
  • Programas de reciclagem: Iniciativas que incentivam os consumidores a retornar os produtos para reciclagem ou reuso;
  • Responsabilidade do fabricante: Algumas legislações em diversos países obrigam os fabricantes a se responsabilizar pelo destino adequado de seus produtos após o uso;
  • Parcerias: Estabelecimento de parcerias com cooperativas e empresas especializadas em reciclagem para a correta destinação dos materiais.
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Fotos: Divulgação | TerraCycle

A logística reversa é um tema relevante para empresas que pretendem se manter alinhadas às demandas da sociedade. É uma prática básica do ponto de vista da sustentabilidade, uma vez que é o ponto de partida para que uma marca se desvincule da imagem de causadora de poluição, fator cada vez mais relevante nas escolhas dos consumidores.

Papel das empresas 

As empresas têm a responsabilidade sobre o produto que fabricam, portanto são responsáveis pelos impactos ambientais negativos causados pelo produto, mesmo na etapa pós-uso. É a chamada responsabilidade estendida do produtor e que, pela legislação brasileira, é também compartilhada por toda a cadeia: fabricante, importador, distribuidor, vendedor e consumidor.

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reciclagem
Fotografia da empresa Massfix que faz a trituração do vidro reciclado, matéria prima para as empresas de bebidas. Foto: Divulgação | Grupo HEINEKEN

É necessária uma visão ampla e integrada das empresas, para que se quantifique o problema e sejam feitas melhores escolhas de design e materiais a fim de prevenir a geração de resíduos e, quando inevitáveis, que sejam materiais de fácil reciclabilidade, levando à chamada circularidade.

Como mencionado, a logística reversa é uma prática proposta pela economia circular, sistema que propõe, entre outras práticas, que a matéria-prima retorne para o sistema circular de produção. Na prática, os negócios podem começar a se alinhar aos princípios da economia circular ao incluir o uso de energia renovável, substituir produtos químicos nocivos por alternativas mais limpas e eliminar ou reduzir a geração de resíduos por meio de melhorias no desenho industrial e nos negócios; contratando, por exemplo, serviços prestados por empresas recicladoras.

economia circular gráfico borboleta
O que é Economia Circular? Fonte: Fundação Ellen MacArthur

Grandes players do mercado têm um potencial de colaborar com a economia circular de modo significativo; não só pela escala com que produzem e repetem processos, mas também pela sua influência no mercado, que incentiva outras empresas a adotarem práticas semelhantes.

Conheça o autor

Esse artigo foi escrito por Jonas Lessa, ambientalista de criação e gestor ambiental formado pela EACH-USP (2016). Cofundador e CEO da empresa B Retalhar e COO da Plataforma Circular Cotton Move, atua para viabilizar transformações socioambientais por meio da circularidade na indústria de tecidos e vestuários, tendo recebido prêmios e reconhecimentos como Empreendedor Social de Futuro (2016), Ashoka Fabric of Change Youth Changemaker (2017), Summit Impact Fellow (2019-2022), ChangemakerXchange Fellow (2021).