HUB da Cidadania supera meta de atendimentos a catadores

Anunciado na 9ª Expocatadores, em 2022, o HUB da Cidadania foi oficialmente lançado no final de julho de 2023. Uma parceria entre a Associação Nacional de Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis (ANCAT) e o Instituto Heineken criou um posto de atendimento móvel que leva uma equipe composta por psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros, nutricionistas, advogados, orientadores de políticas públicas, entre outros profissionais e serviços, ao encontro de catadores e catadoras na cidade de São Paulo.

Em quase cinco meses de operação, o HUB da Cidadania superou as metas iniciais e já atendeu 498 catadoras e catadores autônomos de materiais recicláveis na cidade de São Paulo – a expectativa é que sejam realizados no mínimo mil atendimentos no primeiro ano. Com o projeto, os profissionais da reciclagem recebem assistência gratuita e individualizada e, com o apoio da equipe multidisciplinar, é realizada ainda uma coleta dados sobre as condições de trabalho e de vida desse público.

A partir do levantamento dos atendimentos realizados no HUB da Cidadania, já foi identificado que, dos 498 catadores atendidos, 34,5% não têm acesso a programas sociais, 40% vivem em situação de rua e 23 catadores registraram não possuir qualquer documento de identificação individual.

“O objetivo principal do Hub é fomentar o trabalho de base do catador autônomo. Estamos falando de uma assistência de quase 500 profissionais em menos de 6 meses de trabalho, com um elevado percentual de pessoas em situação de rua. Por isso, garantir o acesso básico a programas sociais é o mínimo para avançarmos na discussão sobre o pagamento do serviço ambiental prestado e o potencial de geração de renda”, comenta Mauro Homem, vice-presidente de Sustentabilidade & Assuntos Corporativos do Grupo Heineken.

O diagnóstico e dados dos primeiros meses de atendimento foram apresentados na 10ª Expocatadores, no painel de debates Desafios da inclusão social: construindo políticas públicas de inclusão dos catadores autônomos de rua e lixões, fechamento dos lixões e o associativismo, programas sociais de apoio, cases de sucessos.

Case de sucesso, o HUB da Cidadania já está impactando a vida de centenas de catadores na capital paulista “O que sempre falamos, desde o início da parceria, é que ela servisse realmente como uma mola propulsora para os próximos passo, para chegarmos a cinco, dez HUB em operação, não uma cidade, mas três, cinco, e dez e por aí vai. E quem sabe trazer outras empresas,  parcerias e fomentar o setor público para suportar esse trabalho também. É nesse sentido que gostaríamos de deixar o legado do Instituto Heineken”, reforçou Mauro.

É importante ressaltar que das 82 milhões de toneladas de resíduos produzidas por ano no Brasil, 90% do material reciclável é coletado por catadores e catadoras, profissionais fundamentais para a cadeia de reciclagem do país. Das 800 mil pessoas que trabalham coletando recicláveis no Brasil, 80% são catadores e catadoras autônomos.

Infelizmente, este grupo está longe de receber o reconhecimento e valorização que merece. Muitas destas pessoas vivem em situação de vulnerabilidade, trabalham em condições precárias, sem receber a remuneração adequada ou o tratamento que merecem por parte da sociedade. Muitas destas pessoas enfrentam enormes dificuldades de usar serviços públicos de assistência social, saúde, previdência e educação – um direito de todos.

“Esse projeto surgiu da inquietação da ANCAT em relação a esse grande número de trabalhadores e trabalhadoras que estão nas ruas, fazendo a catação de forma autônoma. Nós entendemos que precisamos nos aprofundar sobre quem é esse catador e quais são as suas necessidades, para que possamos auxiliá-los a alcançarem seus direitos, ter mais dignidade e poder realmente avançar em soluções de melhorias de renda e das condições dos serviços prestados”, diz Fábio Cidrin, diretor de Relações Institucionais e Logística Reversa da ANCAT, durante a apresentação.

Cidadania e sustentabilidade

O HUB da Cidadania nasceu justamente para conectar catadores aos serviços públicos de assistência social, saúde, previdência e educação, emissão e renovação de documentos, cursos de formação técnica inclusiva, entre outras ações que contribuam para o desenvolvimento pessoal desses trabalhadores, impactando assim as comunidades em que estão inseridos.

“Queremos entender como podemos fazer a necessidade dos catadores se conectarem a rede de proteção social que existe no território, sejam os equipamentos públicos da assistência social, da saúde, do trabalho e emprego, ou aquelas instituições que têm projetos de assistência social, abrigos albergues, refeições, mas também buscando outros agentes de transformação que talvez não tivessem visibilidade desses trabalhadores, como universidades, por exemplo, que estejam no território, que possam buscar com seus programas de extensão soluções e encaminhamentos da necessidades do catador”, explica Cidrin.