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Catadores vão testar carrinhos elétricos em Curitiba

Busca por condições de trabalho mais dignas é um dos objetivos da iniciativa

Catadores Curitiba
Entrega de carrinhos elétricos do Projeto Formiga. Foto: Ricardo Marajó | SMCS

A coleta de catadores autônomos é cerca de 1,6 vez maior do que a coleta seletiva municipal oficial em São Paulo. É o que estima a plataforma Cataki. Esse trabalho árduo é realizado na maioria das cidades brasileiras com pouco ou nenhum apoio das prefeituras. Mas, em Curitiba, uma iniciativa está começando a ser testada: a doação de carrinhos elétricos para substituir as carroças, que dependem de tração humana.

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Por enquanto, somente dois carrinhos foram cedidos em termo de comodato entre a Prefeitura de Curitiba e a Federação das Indústrias do Paraná (Fiep). Isso porque a ideia é que os modelos sejam testados como protótipos, de forma que possam ser adotadas amplamente.

Os carrinhos foram cedidos para associados das cooperativas de catadores de materiais recicláveis Acuba e Mutirão, ambas integram o programa Ecocidadão da gestão municipal. “Se os catadores aprovarem, esse carrinho será o futuro para a reciclagem. A inovação só vale quando ela se transforma em processo social”, afirmou o prefeito Rafael Greca.

Catadores Curitiba
Entrega de carrinhos elétricos do Projeto Formiga. Foto: Ricardo Marajó | SMCS

Apelidado de Projeto Formiga, o projeto foi desenvolvido pelo Instituto Senai de Tecnologias em parceria com o Gerando Falcões. Entre os objetivos da iniciativa está a busca por condições de trabalho mais dignas, cuidados na ergonomia, segurança durante a jornada de trabalho e melhoria na qualidade de vida.

Profissão ainda desvalorizada

Os catadores de recicláveis prestam um serviço essencial para limpeza urbana e preservação ambiental, mas ainda sofrem com a desvalorização da profissão. Dados levantados pelo Movimento Eu Sou Catador (MESC) apontam que 95% dos profissionais não trabalham em associações ou cooperativas, mas, ainda assim, a categoria é responsável por cerca de 90% do volume de materiais recicláveis que chegam à indústria para revalorização.

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Até mesmo os profissionais ligados a associações e cooperativas, não recebem a valorização adequada, já que menos de 1% desses órgãos possuem contratos de prestação de serviços com prefeituras, o que permite receber um valor correspondente ao serviço ambiental prestado.

Catadores Curitiba
Foto: Ricardo Marajó | SMCS

“Infelizmente, a reciclagem no Brasil não nasceu da consciência ou da educação ambiental do cidadão brasileiro, mas da necessidade de pessoas pobres, que usam a reciclagem como um meio para sobreviver. Essas pessoas trabalham de forma precária e arcaica, sem reconhecimento ou valorização pelo serviço que prestam à sociedade e ao planeta”, explica Tião Santos, fundador do MESC e um dos personagens do filme “Lixo Extraordinário”, indicado ao Oscar de Melhor Documentário em 2011.

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