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46% das casas brasileiras têm problemas de saneamento

Novo estudo mostra quem são as famílias que ainda não contam com a adequada oferta de água potável, banheiros, coleta e tratamento de esgoto

esgoto
Foto: Fernando Frazão | Agência Brasil

Um novo estudo do Instituto Trata Brasil traça o perfil socioeconômico e demográfico da população brasileira que sofre com privações nos serviços de saneamento básico. Os números são alarmantes: do total de 74 milhões de moradias, 8,9 milhões não possuem acesso à rede geral de água; 16,8 milhões contam com uma frequência insuficiente de recebimento; 10,8 milhões não possuem reservatório de água; 1,3 milhão não possuem banheiro; e 22,8 milhões não contam com coleta de esgoto.

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O estudo tem como base os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Continuada Anual (PNADCA), produzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2022.

A pesquisa considera cinco categorias de privações: privação de acesso à rede geral de água; frequência de recebimento insuficiente de água potável; disponibilidade de reservatório; privação de banheiro; e privação de coleta de esgoto.

esgoto a céu aberto
Foto: Valter Campanato | Agência Brasil

Considerando o primeiro ponto citado, e desta forma aprofundando o entendimento sobre a crítica situação, os pesquisadores constataram que mais de 30% das pessoas morando em habitações sem acesso à rede geral de água tratada tinham menos de 20 anos de idade, o que significa dizer que é um problema fortemente concentrado na população jovem do país e nas famílias com um número maior de filhos.

As pessoas autodeclaradas pardas prevaleceram no total da população em privação de acesso à rede geral de abastecimento de água, respondendo por 56,7% do total em 2022. A população autodeclarada branca respondeu por 32,8% e a autodeclarada preta, por outros 9,2%. Em termos relativos, contudo, a maior frequência ocorreu na população indígena, onde 19 a cada 100 pessoas estavam na condição de privação de acesso à água tratada.

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A oferta de água é também menos presente na população com renda inferior a R$ 2.400, em muitos casos abaixo da linha da pobreza. O texto da pesquisa acende o alerta para como tal situação afeta a saúde da população. “A falta de água tratada e carência de serviços de coleta e de tratamento de esgoto tem um impacto direto sobre a saúde, pois eleva a incidência de infecções gastrointestinais e doenças respiratórias, dado que a higiene das mãos é uma forma muito eficaz de reduzir a probabilidade de transmissão dessas enfermidades”, salienta o Instituto.

Fossa séptica biodigestora é alternativa já adotada por comunidades. | Foto: Pedro Hernandes

Além dos impactos para o bem-estar da população, a falta de saneamento básico, ao aumentar a incidência de infecções, “provoca o afastamento das pessoas de suas funções laborais, acarretando custos para a sociedade com horas não trabalhadas, além de incorrer em despesas públicas e privadas com o tratamento dessas pessoas infectadas”. O contrário também é verdadeiro: um estudo anterior da mesma instituição calculou que o investimento em saneamento pode gerar mais de R$ 25 bilhões em benefícios.

A pesquisa segue afunilando as análises dos vários tipos de privação, de modo geral cerca de uma a cada duas moradias brasileiras convivem diariamente com algum tipo de privação no saneamento.

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“O estudo mostra os grandes desafios que ainda temos para universalizar essas modalidades de infraestrutura no país. O problema afeta de maneira contundente as jovens famílias brasileiras, muitas das quais vivendo abaixo da linha da pobreza, que além de tudo adoece mais graças a essa falta de infraestrutura Quase a metade do país viver com ao menos uma privação de saneamento básico é algo inaceitável e que gera um imenso impacto negativo para todos, afetando a saúde, educação e qualidade de vida de milhões de brasileiros”, afirma Luana Pretto, presidente-executiva do Instituto Trata Brasil.

Produzido em parceria com a EX ANTE Consultoria Econômica e o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), a primeira edição do estudo “A vida sem saneamento: para quem falta e onde mora essa população?” pode ser conferido na íntegra aqui.