4 mitos e verdades sobre a reciclagem do vidro

Atualmente, o Brasilrecicla 300 mil toneladas de vidro por ano. É um número impressionante, mas está longe de ser suficiente, já que o país produz 1,3 milhões de toneladas do material – a taxa está em 23%. Há a ausência de cadeias estruturadas e políticas públicas voltadas para a coleta seletiva, assim como o descarte doméstico incorreto que pode inviabilizar a reciclagem ou mesmo causar acidentes aos profissionais da coleta. Devido à sua composição mineral, o vidro pode ser totalmente reciclável e, assim, retornar ao ciclo produtivo continuamente para fortalecer a economia circular por meio do serviço ambiental prestado por catadores e cooperativas.

Para esclarecer os principais mitos e verdades sobre a reciclagem do vidro, a eureciclo organizou as boas práticas sobre o seu descarte.  “Se superarmos os desafios de logística, coleta e processamento, o vidro pode ter maior sucesso em sua cadeia de reciclagem, com enorme impacto no desenvolvimento da economia circular. Por esses motivos, o projeto de estruturação das cadeias de reciclagem estaduais é tão importante. O município de Manaus, um dos contemplados pelo projeto, que não possuía percentual de reciclagem do vidro pós-consumo até início de 2022, passou a reciclar 1.000 toneladas do resíduo mensalmente após esse trabalho de estruturação, gerando receita para as pessoas da cidade e diminuindo o impacto ambiental da região”, observa Caio Trogiani, gerente de operações e projetos da eureciclo.

Mitos e verdades sobre a reciclagem de vidro

1. É verdade que qualquer tipo de vidro pode ser reciclado?

Mito! O vidro temperado, as lâmpadas, espelhos, cristais e ampolas de medicamentos, por exemplo, não podem ser reciclados, pois possuem diferentes especificações que inviabilizam sua reciclagem atualmente. Mas as embalagens de vidro, como garrafas e potes, são 100% recicláveis!

2. É verdade que devo retirar adesivos, tampas e outros materiais do vidro que será descartado? 

Verdade! É importante que, ao descartar o vidro, se possível, sejam retirados adesivos, papéis, plásticos, metais e outros componentes. Dessa forma, o vidro não precisa passar por etapas a mais na triagem.

3. É verdade que pode descartar o vidro no lixo comum?

Mito! O vidro quebrado deve ser descartado à parte dos demais componentes, seja resíduo orgânico ou reciclável. Além disso, mesmo que o outro material seja vidro, é necessário separá-los para que a sua reciclagem possa ser efetivada com sucesso. Lembrando que os frascos de medicamentos devem ser levados até as farmácias ou postos de saúde do SUS.

4. O vidro deve ser descartado dentro de recipientes de material grosso?

Verdade! Pelo fato do vidro ser um material cortante, é necessário um maior cuidado no descarte, para que os profissionais que realizam o manuseio não se machuquem no processo. Por isso, sempre descarte o vidro quebrado em papelão, folha de jornal ou revista, ou até mesmo, recipientes plásticos.

Regras básicas para o descarte

• Saiba se em sua cidade, rua, ou condomínio é realizada a coleta seletiva, ou procure uma central de triagem de materiais recicláveis. Em São Paulo, a Coopercaps realiza esse trabalho e tem parcerias para a coleta em diversos pontos da cidade.
• Os cacos de vidro devem ser separados em um material de revestimento mais grosso, que não rasgue, como papelão, jornal, ou revista.
• Separar as tampas e outros materiais dos frascos e cacos de vidro.
• Vidros quebrados podem ser colocados dentro de embalagens PET.
• Os vidros temperados não são recicláveis e devem ser organizados junto ao lixo comum, seguindo as orientações de segurança citadas acima.

O potencial do vidro no Brasil

Segundo pesquisa realizada pela Associação Brasileira das Indústrias de Vidro – Abividro -, em 2018, o índice de reciclagem do vidro no Brasil foi de apenas 25,8%, de um material que é 100% reciclável. Isso se deve ao fato de o valor de venda do material ser mais baixo comparado e os polos recicladores concentrados em poucas regiões, exigindo deslocamentos maiores, e por tabela, taxas de frete maiores, encarecendo o produto. A eureciclo vem concentrando esforços para a criação de uma rede de parceiros para o escoamento do vidro em diversos lugares do Brasil. Em projeto para a estruturação da cadeia de vidro, ao todo, 9 estados do país (AM, MS, MT, GO, MA, PI, PB, PE e BA) já foram contemplados e 21 cooperativas e operadores privados participam com a tiragem do material e o espaço de armazenamento (hub).

Vale destacar que o custo-benefício da reciclagem do vidro só se torna viável no modelo de créditos de reciclagem, pois sem este incentivo ainda não seria possível cobrir os custos logísticos, de processamento e de coleta.  Com o modelo, viabilizado pela primeira vez no Brasil pela eureciclo, já foi possível aumentar a capacidade de triagem e reciclagem do vidro em 1.060% no país.

O programa de estruturação funciona porque os Hubs remuneram o serviço ambiental de cooperativas e operadores de triagem com um valor extra, além do preço de venda do material, por meio do investimento de empresas que comercializam as embalagens pós-consumo e adquirem os certificados de reciclagem. Dessa forma, há um aumento da renda dos profissionais, gerando incentivos econômicos para a reciclagem no Brasil.

Nota do CicloVivo

A responsabilidade pelos resíduos no Brasil é compartilhada. Isso significa que indústrias, poder público e consumidores precisam fazer a sua parte. Para solucionar uma desafio tão complexo, a solução não pode estar apenas no final da cadeia – a embalagem pós-consumo. Antes da reciclagem é necessário reduzir o volume de material usado e, consequentemente,  de resíduo gerado.

Como consumidores, podemos pensar sempre em que tipo de embalagens vamos levar. Embalagens de alumínio e vidro são melhores do que as de plástico. No caso do vidro, antes de descartar é possível reaproveitar os recipientes de várias maneiras. Potes de geléia podem servir para armazenar mantimentos, as garrafas podem ser usadas para servir água fresquinhas quando são colocadas na geladeira… Até na decoração, as embalagens de vidro podem ser reaproveitadas. Vamos descartar e fazer a nossa parte pela reciclagem, mas antes disso, vamos repensar, reduzir e reaproveitar ao máximo!