- Publicidade -

Opções plant-based cortariam 31% das emissões do sistema alimentar

Estudo mostra que reduzir o consumo de carne e laticínios em 50% pode reduzir mais de 1/3 da pegada ambiental do setor de alimentos

gado vaca boi
Foto: Antonio Groß na Unsplash

Um estudo recente mostrou que a dieta vegana tem uma pegada ambiental até 75% menor. A escolha alimentar é pessoal e depende de uma série de fatores, mesmo quem não adota um cardápio 100% livre de produtos de origem animal, pode reduzir o consumo de carne e laticínios, cadeias de produção que exercem uma enorme pressão sobre o planeta.

- Publicidade -

Um novo estudo, “Alimentando metas climáticas e de biodiversidade com novas alternativas de carne e leite à base de plantas”, publicado na revista Nature Communications foi além e mostrou que substituir metade dos produtos de frango, carne bovina, suína e lácteos consumidos pelos seres humanos por alternativas à base de plantas tem o potencial de reduzir as emissões agrícolas de gases de efeito estufa, bem como o uso relacionado da terra, em quase um terço. A redução também impediria efetivamente a perda de florestas – o declínio do ecossistema seria reduzido pela metade até 2050.

Muitas florestas são substituídas por pastagens para o gado ou por monoculturas de cereais, usados para alimentar os animais, liberando quantidades enormes de CO2 na atmosfera, o que contribui para as alterações climáticas que vem causando eventos extremos com uma frequência e intensidade cada vez maiores. Além do desmatamento, bois e vacas liberam metano, o segundo gás de efeito estufa (GEE) mais abundante gerado pelo homem – com potencial energético 60 vezes maior que o CO2 e uma alta capacidade de absorção de radiação infravermelha.

“As carnes vegetais não são apenas um novo produto alimentar, mas uma oportunidade crítica para alcançar a segurança alimentar e as metas climáticas, ao mesmo tempo que se alcançam os objetivos de saúde e biodiversidade em todo o mundo”, disse a coautora do estudo Eva Wollenberg , antropóloga e especialista em gestão de recursos naturais do Gund Institute for Environment da Universidade de Vermont.

hambúrguer vegano
Hambúrguer vegano. Foto: Typical

Usando modelagem, os pesquisadores analisaram os resultados de um movimento alimentar global em direção a alternativas vegetais ao frango, carne bovina, suína e leite com valor nutricional compatível. “Baseámos a nossa análise no Modelo Global de Gestão da Biosfera (GLOBIOM), um modelo económico de equilíbrio parcial que integra os sectores globais da agricultura, bioenergia e silvicultura. É uma ferramenta poderosa que permite a exploração de cenários futuros para sistemas alimentares e agrícolas”, disse Kozicka ao EcoWatch.

- Publicidade -

Os resultados sugeriram que a redução do consumo de carne e laticínios em 50% poderia levar à redução das emissões de gases com efeito de estufa provenientes do uso da terra e da agricultura em 31% por cento até 2050, em comparação com os níveis de 2020.

Se isso acontecesse, em vez de continuar a expandir-se, o uso da terra agrícola seria reduzido em 12% por cento. Além disso, as áreas de terras naturais e florestas permaneceriam aproximadamente no mesmo nível de 2020. O uso de nitrogênio nas culturas agrícolas cairia pela metade e o uso de água seria 10% menor.

gado pasto
Para a criação de gado, as florestas perdem espaço para as pastagens. Foto: Leon Ephraim Unsplash

Expectativa e possibilidades

Mas, para que estas projeções se realizassem, seria preciso que as pessoas aceitassem reduzir pelo menos 50% seu consumo de carnes e laticínios. “Alcançar uma substituição de até 50% até 2050 é realista, especialmente se considerarmos a substituição dos produtos de origem animal por novas alternativas à base de plantas, que seguem sendo criadas, e também por produtos que já existem, como o tofu e outras opções”, disse Kozicka.

- Publicidade -

Segundo ela, uma das principais considerações para os consumidores que pensam em substituir parte da carne e dos lacticínios que comem por alternativas à base de plantas é o custo. Para baratear estes produtos, seriam necessárias novas políticas fiscais e regulamentações e também o desenvolvimento do mercado, lembrando que a venda em grande escala tende a tornar os preços mais acessíveis.

leite de amêndoa
O leite de amêndoas pode ser comprado pronto em supermercados ou ser feito em casa. Foto: iStock

Infelizmente, de acordo com o relatório da FAO ‘O Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo 2023’, mais de 3,1 bilhões de pessoas, 42% da humanidade, não conseguiram pagar uma dieta saudável em 2021.

Kozicka acrescentou que, de acordo com estudos, dietas saudáveis ​​e sustentáveis ​​eram significativamente mais baratas em países com rendimentos médios-altos a altos, mas mais caras em países com rendimentos médios-baixos e baixos. “É por isso que é tão importante melhorar a disponibilidade e acessibilidade dos alimentos que constituem estas dietas”, conclui.

Segurança alimentar e biodiversidade

Uma mudança para alternativas à base de plantas melhoraria a segurança alimentar em todo o mundo, ajudando a retirar cerca de 31 milhões de pessoas da desnutrição, até meados do século, de acordo com o estudo. A biodiversidade também seria beneficiada, com uma área terrestre de restauração de 13% a 25% maior.

“Os alimentos à base de plantas requerem muito menos terra do que os seus equivalentes de origem animal. Como resultado, o desmatamento e a conversão de outras terras naturais em terras agrícolas poderiam ser significativamente reduzidos, ou mesmo interrompidas, graças a esta mudança alimentar. No nosso estudo consideramos também uma medida adicional para restaurar as terras agrícolas. Isto restauraria parte da biodiversidade que foi perdida”, disse Kozicka.

monocultura
Além das florestas transformadas em pastos, a alimentação de animais de corte exige grandes áreas de monocultura e o uso de agrotóxicos para a produção de grãos que alimentam as criações. Foto: Mirko Fabian | Unsplash

As maiores reduções na perda de biodiversidade ocorreriam na África Subsaariana, no Sudeste Asiático e na China. Já o sequestro de carbono seria especialmente beneficiado na América do Sul – principalmente no Brasil – e na África Subsaariana.

Carne bovina

A simples substituição da carne bovina por alternativas vegetais resultaria em cerca de metade das reduções nas emissões de todos os quatro produtos de origem animal combinados.

carne vermelha
Foto: Pixabay

Os investigadores defendem que pequenos produtores que dependem da pecuária sejam levados em consideração e incluídos nas novas cadeias produtivas, mas ressaltam que as alterações climáticas representam um risco substancial para os meios de subsistência destas mesmas pessoas.

“É importante ressaltar que as mudanças precisam acontecer em todo o sistema alimentar, ou seja, as medidas para mudar a procura para dietas saudáveis ​​e sustentáveis ​​precisam ser acompanhadas por intervenções para garantir a disponibilidade e acessibilidade de alimentos nutritivos à base de plantas. Isto exigirá, entre outros, a intensificação sustentável da produção agrícola, o apoio aos agricultores e outras partes interessadas que possam ser negativamente afetadas pela transição, bem como medidas ambientais adicionais que garantirão a obtenção do máximo de benefícios ambientais”, disse Kozicka.

Kozicka afirma ainda que a transição para escolhas alimentares baseadas em vegetais é uma das mudanças essenciais necessárias para um futuro saudável e livre de combustíveis fósseis. “Diferentes estudos mostram que dietas sustentáveis ​​serão uma componente importante de um conjunto maior de medidas tomadas para cumprir as metas de mitigação das alterações climáticas. É importante ressaltar que dietas predominantemente baseadas em vegetais são boas não apenas para o planeta, mas também para a nossa saúde”, disse Kozicka.

Com informações de EcoWatch

veganos felizes
Foto: Anna Pelzer | Unsplash