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Investimento em energia limpa supera combustíveis fósseis pela 1ª vez

Para cada dólar investido em combustíveis fósseis em 2023, cerca de 1,7 dólar vai para energia limpa

painel solar
Foto: Pixabay

Enquanto parte dos políticos brasileiros pressionam o governo para a exploração de petróleo na foz do Amazonas, o mundo aponta para caminhos diferentes. O novo relatório da Agência Internacional de Energia (IEA) revela que o investimento em energia limpa está “ultrapassando significativamente” e vai superar os gastos com combustíveis fósseis ainda em 2023. O destaque são os projetos solares que devem exceder os gastos com produção de petróleo pela primeira vez.

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Esta inversão nos investimentos aponta para uma tendência que vem se afirmando e que, de acordo com o relatório World Energy Investment, foi intensificada pela crise global de energia que se seguiu à invasão da Ucrânia pela Rússia e pela crescente acessibilidade das energias renováveis.

“Para cada dólar investido em combustíveis fósseis, cerca de 1,7 dólar está indo para energia limpa. Cinco anos atrás, essa proporção era de um para um. Um exemplo brilhante é o investimento em energia solar, que deve ultrapassar pela primeira vez a quantidade de investimento na produção de petróleo”, explica Fatih Birol, diretor executivo da IEA, em um comunicado à imprensa.

“A energia limpa está se movendo rapidamente – mais rápido do que muitas pessoas imaginam. Isso fica claro nas tendências de investimento, onde as tecnologias limpas estão se afastando dos combustíveis fósseis”, completa Birol.

energia solar
Foto: torstensimon | Pixabay

US$ 2,8 trilhões em energia

O relatório mostra que, em 2023, aproximadamente US$ 2,8 trilhões serão investidos em energia globalmente e mais de US$ 1,7 trilhão desse valor é projetado para ser investido em tecnologias de energia consideradas verdes, como veículos elétricos (EVs), renováveis, redes elétricas, energia nuclear, bombas de calor, combustíveis de baixa emissão e melhorias na eficiência energética.

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O investimento restante vai para gás, petróleo e carvão. Apesar de receberem um valor menor em relação as energias verdes, os combustíveis fósseis ainda terão cerca de US$ 1 trilhão em investimentos. O aumento nos investimentos em combustíveis fósseis levará a níveis este ano mais do que o dobro do necessário em 2030 para estar no caminho do Cenário de Emissões Líquidas Zero até 2050 estabelecido pela AIE, disse o comunicado à imprensa.

combustíveis fósseis financiamento COP26
Foto: Chris Leboutillier | Unsplash

No ano passado, a demanda por carvão atingiu um recorde. Em 2023, o investimento em carvão está em uma trajetória de aumento de seis vezes em relação aos níveis previstos para atingir metas líquidas zero para 2030. “O investimento no fornecimento de carvão deverá aumentar 10% em 2023 e já está bem acima dos níveis pré-pandemia. O investimento em novas usinas a carvão continua em tendência de declínio, mas um sinal de alerta veio em 2022 com a aprovação de 40 GW de novas usinas a carvão – o valor mais alto desde 2016”, disse o relatório.

Mudança de cenário

Segundo o relatório, o dinheiro deve seguir migrando para fontes mais limpas de energia, uma vez que a previsão é que investimentos anuais em renováveis ​​aumentem 24% de 2021 ao final de 2023, enquanto os investimentos em combustíveis fósseis devem aumentar apenas 15%.

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Os países mais desenvolvidos e com economias mais fortes, são responsáveis ​​por mais de 90% deste crescimento, o que pode comprometer a igualdade energética global se o aumento do investimento em energia verde não for visto em outras partes do mundo.

energia eólica turbinas
Foto: Pixabay

“A infraestrutura de rede fraca é um fator limitante para o investimento em energia renovável em muitas economias em desenvolvimento, e aqui também os fluxos de investimento atuais são altamente concentrados. As economias avançadas e a China respondem por 80% dos gastos globais e por quase todo o crescimento dos últimos anos”, diz o relatório.

As maiores deficiências de investimento em energia verde foram encontradas nos países em desenvolvimento e emergentes. Taxas de juros mais altas, infraestrutura de rede fraca, altos custos de capital, regras políticas obscuras e serviços públicos sobrecarregados dificultaram os investimentos em energias renováveis ​​nesses países.

“A ironia é que alguns dos lugares mais ensolarados do mundo têm os níveis mais baixos de investimento solar”, alerta Dave Jones, chefe de insights de dados do think tank de energia da Ember, em entrevista para a agência de notícias Reuters.

Tecnologias

Ainda segundo a Reuters, as tecnologias de energia renovável devem representar quase 90% do investimento em geração de energia este ano, com fico em energia solar que deve receber um total de US$ 382 bilhões em 2023. Já o investimento na produção de petróleo está projetado em US$ 371 bilhões.

usina piramide solar
Pirâmide solar construída em antigo aterro em Curitiba, PR. Foto: José Fernando Ogura | SMCS.

“Isso coroa a energia solar como uma verdadeira superpotência energética. Está emergindo como a maior ferramenta que temos para a rápida descarbonização de toda a economia”, disse Jones.

Novas iniciativas como a Lei de Redução da Inflação dos EUA e políticas na Europa, China, Japão e outros países, bem como fases de crescimento econômico vigoroso juntamente com preços instáveis ​​de combustíveis fósseis ajudaram a estimular investimentos em energia limpa.

Para conferir o relatório da IEA completo, clique AQUI.

energia renovável eólica e solar
Foto: Pixabay

Com informações de EcoWatch e Reuters