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Tecnologias podem impulsionar agricultura familiar no semiárido

Estudo aponta reuso de água doméstica e conservação de frutas com uso de biofilme como soluções de baixo custo com potencial

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Colheita de abacaxi no semiárido. Foto: David Theodoro Junghans | Embrapa Mandioca e Fruticultura

O reuso das chamadas “águas cinzas” e a utilização de biofilme para revestir alimentos com base em tecnologias brasileiras podem solucionar dois grandes desafios da agricultura familiar no semiárido: a falta de recursos hídricos nas plantações e a perda de frutas e verduras depois da colheita.

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A constatação é de relatório lançado na segunda (24) pela World-Transforming Technologies (WTT), em parceria com a Agência Bori. A WTT é uma fundação sem fins lucrativos criada para promover a inovação como ferramenta para a superação de desafios sociais e ambientais.

Para encontrar possíveis soluções tecnológicas de custo baixo e de fácil acesso para a agricultura familiar no semiárido brasileiro, o relatório mapeou — com a ajuda da Bori — publicações científicas recentes de universidades como as federais Rural de Pernambuco e de Campina Grande. Isso foi feito a partir de palavras-chave específicas em bases de informações científicas como a Web of Science. Também foram consultados acadêmicos, pesquisadores, extensionistas rurais e ONGs que atuam na região.

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O agave é uma planta que se desenvolve bem em climas secos e semiáridos. Foto: Dylan Freedom | Unsplash

Para enfrentar a falta de recursos hídricos do semiárido, foram mapeadas 23 tecnologias de reuso de água cinza — água residual doméstica, por exemplo, das pias de cozinha –, com potencial de solução na agricultura familiar do semiárido. Tiveram destaque o sistema de Bioágua Familiar (formado por componentes como filtro biológico, tanque de reuso e sistema de irrigação) e de Reúso de Águas Cinzas (com caixa de gordura, filtro físico e tanque de reúso).

Já para o enfrentamento da perda pós-colheita foram mapeadas seis tecnologias, como radiação de frutas e refrigeração — ambas de alto custo. Aqui, destacou-se, então, o desenvolvimento de revestimentos ativos baseados em biopolímeros para as frutas, com fácil aplicação, baixo custo e flexibilidade para uso em diferentes cultivares. São uma espécie de cobertura biodegradável, que pode estender a vida útil das frutas, reduzindo significativamente as perdas pós-colheita.

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“A principal contribuição do relatório é trazer um relato de experiência de colaboração científica participativa, ou seja, da contribuição para a ciência e para a população por uma agricultura mais ecológica e integrada”, informa Gaston Santi Kremer, coordenador de Programas da WTT. “Levantamos as demandas dos territórios e conversamos com muitos agricultores, organizações sociais e pesquisadores”, acrescenta.

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Viveiro de mudas na caatinga. Foto: Renato Stockler

Olhar para tecnologias sociais com potencial para agricultura familiar — que, segundo o Censo Agro, do IBGE, corresponde a 77% dos estabelecimentos de agricultura — é importante. De acordo com relatório, muitas tecnologias de beneficiamento da produção requerem altos investimentos e são regulamentadas por uma legislação complexa, fora da realidade da agricultura familiar. Outro ponto relatado pelo documento é a utilização de insumos regionais, com prioridade para produtos típicos do bioma da caatinga.

Os autores do relatório acreditam que a ciência brasileira tem potencial de instigar práticas que vão aperfeiçoar a geração de renda de pequenos agricultores, com impactos na segurança alimentar de todo o país. Dessa forma, é necessário promover transformações nos sistemas agroalimentares que gerem segurança alimentar e nutricional para toda a população, conservem os diferentes ecossistemas e garantam renda para milhões de pessoas, especialmente as mais vulneráveis.

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Fonte: Agência Bori