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Tapioca e amido de milho são base para cosméticos de baixo custo

Formulação oferece maior performance em hidratação e proteção contra o sol e a poluição, com menor impacto ambiental

cosméticos de baixo custo
Foto: Lesly Juarez | Unsplash

Pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP desenvolveram uma formulação cosmética à base de amido de milho e tapioca com poder de proteger a pele e os cabelos. A criação visa à substituição de substâncias químicas para a formação de filmes cosméticos, tornando o produto mais acessível e sustentável.

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A nova formulação foi desenvolvida no doutorado do pesquisador Victor Hugo Pacagnelli Infante, sob orientação da professora Patrícia Maria Berardo Gonçalves Maia Campos. O estudo atual é resultado de uma série de outros desenvolvidos pelo grupo de pesquisa; a ideia de utilizar os amidos se deve ainda à intenção de produzir cosméticos de qualidade e acessíveis, utilizando produtos de baixo custo.

Infante conta que, ao utilizar os amidos em estudos anteriores, os pesquisadores puderam observar sua alta capacidade de formar filmes protetores sobre a pele e pensaram em aplicar essa tecnologia também aos cabelos. Outro resgate de sucesso feito pelo grupo foi a adição da spirulina nessa composição, devido ao seu poder antioxidante e protetor contra os danos da radiação solar e da poluição.

spirulina chrorella
Spirulina chrorella. Foto: Pixabay

A spirulina é uma microalga que apresenta uma estrutura rica em pró-vitamina A, vitaminas do complexo B, polissacarídeos e aminoácidos. Segundo a professora Patrícia Campos, “a spirulina confere benefícios únicos e múltiplos como a proteção, hidratação, controle da oleosidade e melhora da uniformidade da pele. Neste estudo também pudemos confirmar os benefícios dela para o cabelo, através de técnicas de imagem avançadas.”

Melhor hidratação e proteção da pele

Os amidos utilizados no estudo foram o de milho e de tapioca, testados em diferentes quantidades até atingirem um equilíbrio que possibilitou a formação de um filme homogêneo que se deposita sobre a pele sem obstruir os poros. “Junto com outros ingredientes, os amidos conseguem ter uma ação sinérgica na estabilidade da formulação e na formação desse filme, que pode deixar a pele macia e hidratada”, explica Infante.

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O produto, segundo o pesquisador, pode aprimorar a proteção da pele contra agressões externas, incluindo os raios solares. Infante diz que essas formulações à base de amidos, ao formarem um filme protetor sobre a pele, possuem o potencial de melhorar a eficácia dos produtos fotoprotetores, sem a necessidade de adicionar mais filtros UV.

câncer de pele
Foto: iStock

A formulação também pode atuar como uma barreira eficaz contra a luz visível e agressores oxidantes, como a poluição. Além disso, quando combinada com antioxidantes, como a spirulina, mostra um desempenho notável na proteção da pele contra danos oxidativos. Essas descobertas podem não apenas tornar os produtos de cuidados com a pele mais acessíveis, mas também contribuir para a prevenção do envelhecimento precoce da pele causado por danos externos.

Alto custo-benefício

O pesquisador diz que, atualmente, o mercado sofre uma pressão pela substituição de ingredientes sintéticos como, por exemplo, os microplásticos, que também possuem uma capacidade filmógena que dá proteção contra danos mecânicos. Os amidos são biomoléculas altamente biocompatíveis, tendo menor potencial de gerar reações no organismo, e também biodegradáveis, o que torna o produto mais sustentável.

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Outro limitante da indústria de cosméticos é o alto custo de produção, o que acaba sendo passado para o consumidor final. “Geralmente, essas formulações são muito caras e nós conseguimos chegar numa performance muito superior aos filmes que utilizam produtos sintéticos, com um valor agregado muito alto. Fizemos um produto com a performance superior, mas com valor de produção muito baixo. Portanto acredito ser essa uma das grandes inovações, além dos benefícios confirmados que essa nova formulação possui”, exalta Infante.

A novidade já possui patente aprovada pela Agência USP de Inovação (Auspin) e os pesquisadores têm a licitação para produção de produtos cosméticos com ações protetoras para pele e para o cabelo contra os raios UV e a poluição.

creme de arnica
Foto: elenathewise | Depositphotos

“Foi uma grande surpresa que aconteceu no meu doutorado; no fim, acabamos tendo muitas portas abertas, tanto para o grupo quanto para mim, pois também consegui fazer parte do meu estudo no exterior. Ganhamos alguns prêmios e [o trabalho] nos trouxe muitas aplicações, porque a formulação pode ser usada para fazer protetor solar, para produtos de cabelo, ou usada sozinha com uma ação incrível”, conclui Infante.

Por Jornal da USP