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Comunidade indígena em SP vai transformar resíduos em biogás

Sistemas autônomos vão beneficiar cerca de 40 famílias da aldeia Tekoa Itakupe no Jaraguá

indígena biogás
Foto: Divulgação

A comunidade indígena da Tekoa Itakupe, na Terra Indígena Guarani do Jaraguá, São Paulo, terão cinco sistemas autônomos de biogás. O produto realiza o tratamento do esgoto sanitário, dos resíduos orgânicos e, até mesmo, do esterco animal para transformar em energia limpa e renovável -, produzindo até sete horas de gás de cozinha todos os dias por cada um dos sistemas.

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A alternativa ecológica para produzir biogás foi oferecida à aldeia pela empresa Softys, por meio do seu projeto social Softys Contigo, cujo objetivo é levar soluções inovadoras no segmento de água e saneamento básico para as comunidades carentes em toda a América Latina.

A implementação

O sistema desenvolvido pela empresa HomeBiogas segue o modelo “faça você mesmo”, possibilitando aos moradores que tenham o equipamento em sua própria comunidade. Além de um sistema de “saneamento básico instantâneo”, o modelo dá autonomia para o gerenciamento da produção de gás de cozinha.

Foto: HomeBiogas

Junto aos biodigestores será instalado o Bio-Toilet, um vaso sanitário adaptado que gera economia de água, por ter uma descarga de apenas 1,2 litros por acionamento – sendo abastecido com água de reuso. Ao acoplar um vaso sanitário ao biodigestor, cria-se a solução de saneamento de forma ecológica, digna e autônoma para os dejetos humanos, enviando o resíduo diretamente do vaso para o biodigestor, sem a necessidade de energia elétrica ou estar ligado a uma rede de esgotamento sanitário.

O resíduo líquido é direcionado a um meio filtrante onde são plantadas mudas de árvores frutíferas, produzindo alimento para os seres humanos e para o próprio biodigestor, gerando um sistema de economia circular.

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“Acreditamos que esse sistema vai trazer muitos benefícios para a aldeia, facilitando a vida das famílias com uma solução simples e eficiente, que se integra ao modo de vida da comunidade”, explica Luís Delfim, CEO da Softys no Brasil.

Em parceria com a ONG Teto, que identificou que o sistema de biogás é a solução mais adequada à realidade local, a implementação do sistema será realizada em 19 de novembro, Dia Mundial do Banheiro. A data reforça a preocupação humanitária com o saneamento básico em todo o mundo. Serão doados à comunidade 5 equipamentos, beneficiando cerca de 40 famílias.

Tekoa Itakupe

É uma das seis aldeias indígenas no Jaraguá, em São Paulo. A região do Pico do Jaraguá abriga cerca de mil indígenas da etnia Guarani Mbya. Eles estão divididos em seis assentamentos: Tekoa Itu, Tekoa Pyau, Tekoa Ita Wera, Tekoa Ita Edy e Tekoa Yvy Porém, além da Tekoa Itakupe (que significa Atrás da Pedra).

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Guarani M´Bya
Foto: Mauricio Velloso

A reserva Tekoa Itakupe é uma área de 76 hectares, que abriga cerca de 40 famílias. Possui uma casa de reza (Opy`i), uma cozinha e hortas comunitárias, um lago e nascentes do Ribeirão Manguinho. Os Guaranis Mbya estão espalhados por áreas territoriais da Argentina, Paraguai, Uruguai e Brasil. É um povo de muita luta e resistência histórica, que mantém sua língua e cultura tradicionais por meio de cantos, rezas e danças.

Dia Mundial do Banheiro 2022

O Brasil do século XXI lida com um problema do século XIX: 36,6 milhões de pessoas não têm acesso à água potável, 97 milhões – 45% da população – não contam com esgotamento sanitário e 50% de todo o esgoto produzido é despejado na natureza sem qualquer tipo de tratamento. A falta de esgotamento afeta principalmente as camadas mais vulnerabilizadas da população, a exemplo do acesso a banheiros: entre os inscritos no Cadastro Único em 2021, cerca de 5 milhões não possuem banheiros em seus domicílios e outros 25 milhões não têm acesso a esgotamento adequado.

Os dados apontam o tamanho do desafio para os próximos mandatos dos executivos e legislativos federal e estadual, pois o Brasil comprometeu-se, no Marco Legal do Saneamento (Lei 14.026/2020), a garantir 90% da população com esgotamento sanitário e 99% com água potável até 2033. Para colocar o tema na agenda pública e contribuir com a busca por soluções sobretudo para as populações rurais, em comunidades urbanas precárias e áreas isoladas, o Instituto Água e Saneamento (IAS) e parceiros realizam um ciclo de debates e apresentação de iniciativas de acesso em alusão ao Dia Mundial do Banheiro, comemorado em 19 de novembro. Os encontros são online e gratuitos, mas é preciso inscrever-se para participar.

banheiro seco
Exemplo de banheiro seco. | Foto: Habitat para Humanidade Brasil

Trata-se do terceiro ano seguido de mobilização pela data. Este ano, o tema é “Tornando o invisível, visível”, escolhido pela agência das Nações Unidas UN-Water para chamar a atenção para a invisibilidade das águas subterrâneas. O IAS utiliza o mesmo mote, mas com o propósito de visibilizar a importância do banheiro e do serviço de esgotamento sanitário para garantia de saúde e qualidade de vida das pessoas e para a preservação do meio ambiente, sobretudo no contexto de emergência climática.

Nesta edição será lançada a Rede Saneamento tem Solução, articulação ampla iniciada no Dia Mundial do Banheiro de 2021, com a proposta de ser uma coalizão multissetorial dedicada à disseminação de soluções de esgotamento sanitário como ferramenta da promoção de direitos e superação dos desafios para a universalização do saneamento básico.

Programação:

17/11 – Ocupações urbanas precárias

As ocupações urbanas precárias, nas diferentes grandes cidades brasileiras, têm em comum a concentração de populações de baixa renda e a autoconstrução, tanto das moradias como das infraestruturas, expondo um conjunto de vulnerabilidades (sociais, de saúde, ambientais e urbanas).

O acesso à água e ao esgotamento sanitário é direito humano e debater sobre como fazer para que essas áreas e população sejam incluídas nas políticas, planos e investimentos é fundamental para que elas não representem a parcela fora das metas de universalização de 2033.

O eixo traz luz à política de urbanização e inclusão das áreas com infraestrutura urbana precária, mas também busca discutir formas, tecnologias, para que os projetos sejam adaptados às realidades de ocupação e sustentáveis, tanto em termos de participação da população como de manutenção e viabilidade econômica.

18/11 (manhã) – Agenda política para o saneamento

Representantes eleitos têm um grande desafio pela frente: ampliar o acesso à água e ao esgotamento sanitário a todos, sobretudo entre as populações historicamente mais vulnerabilizadas, com vistas ao cumprimento da meta de universalizar o acesso até 2033. A programação contará com duas mesas: uma sobre a política federal e outra sobre a política estadual de saneamento de São Paulo e as perspectivas e desafios para futuros governos.

18/11 (tarde) – Lançamento da Rede Saneamento tem Solução e Roda de Conversa Nova Geração do Saneamento

A Roda de conversa encerra a programação com jovens de diferentes realidades contando como iniciaram suas trajetórias no setor do saneamento, compartilhando seus aprendizados e refletindo sobre a importância de ampliar o acesso à população e também do engajamento de novos profissionais na área.

Confira a programação completa.

Quer saber sobre implementação do Marco Legal do Saneamento no seu estado e cidade? Conheça o Observatório do Marco Legal.