Pacto COP30
Foto: Paulo Pinto | Agência Brasil

O Pacto Global da ONU – Rede Brasil lançou, na última segunda-feira (3), o Pacto Rumo à COP30, um programa com iniciativas para mover as empresas rumo à Conferência das Partes, em Belém, em 2025. A iniciativa foi apresentada durante o evento ‘Responsabilidade Corporativa Ambiental: Impacto e Transformação’, que aconteceu no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, com a presença de diversas lideranças empresariais e autoridades públicas.

A principal palestrante do evento, Ana Toni, secretária de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, frisou que será preciso foco para priorizar as causas que serão abraçadas na política climática e pediu engajamento do Pacto Global da ONU e das empresas presentes nas discussões de tais prioridades. “Implementação, ter escala e acelerar as ações é o que vai fazer a gente chegar numa COP30 tendo priorizado alguns temas, sabendo qual legado a gente quer deixar”, afirmou.

O programa, que conta com o apoio institucional da CDP (Carbon Disclosure Project) e LACLIMA (Latin American Climate Lawyers Initiative for Mobilizing Action), nasce com 250 empresas envolvidas em iniciativas já existentes e visa aumentar até 2025 o número de empresas mobilizadas contra a mudança do clima frente ao cenário climático brasileiro para 600, bem como escalar as ações e metas com as quais as empresas estão comprometidas ligadas ao ODS 13 (Ação pelo Clima), especialmente as ligadas aos Movimentos +Água, Ambição Net Zero, Conexão Circular e Impacto Amazônia, do Pacto Global.

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As mudanças climáticas já estão causando eventos extremos no Brasil e no mundo. | Foto: Patrick Perkins | Unsplash

“A COP30 é uma oportunidade para o Brasil se consolidar como liderança global no combate à crise climática, e isso passa, necessariamente, pelo trabalho que o setor empresarial desempenha nessa agenda. Com o Pacto Rumo à COP30, o Pacto Global, como maior iniciativa brasileira de sustentabilidade corporativa, quer impulsionar as empresas nesse trabalho, por meio de um programa que promove ações, realiza projetos e mostra caminhos para a mitigação, adaptação e meios de implementação à mudança do clima. Esses resultados precisam ser duradouros e significativos, com vistas a um futuro mais resiliente e sustentável”, afirma Carlo Pereira, CEO do Pacto Global da ONU – Rede Brasil.

Durante o evento, o Pacto Global firmou memorandos de entendimento com a ANA (Agência Nacional de Águas), para construção de estratégias para o setor empresarial com foco em resiliência hídrica, além de firmar uma parceria estratégica de longo prazo para futuras demandas; e com o TNC (The Nature Conservancy Brasil), para construção de uma estratégia linear de longo prazo para projetos de Biodiversidade, Resiliência Hídrica, Mitigação, Transição Energética, entre outros.

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Foto: Gustavo Figueirôa | Instituto SOS Pantanal

A abordagem estratégica da Rede Brasil para a COP30, em Belém, recai sobre a busca por soluções sustentáveis e de impacto, com a intenção de envolver ativamente a comunidade empresarial na implementação de ações coletivas em prol da Agenda Climática brasileira.

Novas iniciativas para a COP30

Uma das novidades trazidas pelo Pacto Rumo à COP30 é a divisão do Movimento Impacto Amazônia, lançado em 2023, em três frentes de atuação, ganhando uma governança de gestão como a de projetos complexos. A primeira é a de Responsabilidade Regulatória Socioambiental, que visa engajar com atores do setor público em ação conjunta com setor privado para aplicação de conformidades socioambientais, por meio da disseminação de conhecimento científico em conservação e inovação na Amazônia, em grupos de trabalho, pesquisas e contribuições entre setor público e sociedade civil.

Outra frente é a de Uso Sustentável do Solo, com o objetivo de levar à COP30 dois pactos setoriais alinhados ao compromisso de zero desmatamento na geopolítica da Amazônia Legal; além da ampliação da ferramenta de DDDH (devida diligência de direitos humanos), lançada este ano e que será expandida para abarcar também uma autoavaliação por parte das empresas sobre meio ambiente, com foco em rastreabilidade de sua cadeia de valor.

A outra frente é a Floresta Viva, que comporta projetos relacionados a Bioeconomia, como por exemplo o fomento de biotecnologia, uso sustentável de biorecursos, assim como o mapeamento de tecnologias ancestrais, ao longo deste ano e de 2025, com as muitas etnias indígenas e representações de comunidades tradicionais presentes na Amazônia Legal.

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Agroextrativista da Amazônia manipula fruto de Andiroba, um dos bioativos da Natura. Foto: Cabron Studios

Dentro do Movimento +Água foi lançada a Coalizão Brasileira pela Resiliência Hídrica, com maior foco no Cerrado, com o objetivo de mobilizar empresas para se unirem e aportarem recursos e suportes para a recuperação de áreas degradadas que impactam na produção de água. Já existem dois projetos de empresas parceiras no local: Coca-Cola lidera a frente na Bacia do Paraná com o Instituto Cerrados; e a Aegea lidera a frente na Cabeceira do Pantanal com a WWF.

Tuiuiú no Rio Paraguai, Pantanal.
Tuiuiú voando no Rio Paraguai, próximo de Corumbá, no Pantanal do Mato Grosso do Sul. Foto: Filipe Sizilio na Unsplash

A Coalizão Brasileira pela Resiliência Hídrica busca garantir a disponibilidade hídrica em quantidade e qualidade, por meio da facilitação da entrada de empresas em projetos coletivos de resiliência hídrica para recuperação de bacias hidrográficas. O foco no Cerrado se dá pela importância do bioma na vida da população:

  • 90% dos brasileiros consomem energia proveniente do Cerrado;
  • Alimentos produzidos no Cerrado abastecem 40% da população brasileira;
  • 8 das 12 bacias hidrográficas do Brasil estão no Cerrado;
  • São 53% da área do Cerrado já desmatada.

Com o lançamento do programa, o Pacto Global almeja, para a COP30, soluções sustentáveis e de impacto, ao envolver ativamente a comunidade empresarial na implementação de ações coletivas em prol da Agenda Climática Brasileira. Para isso, além do já existente Grupo de Trabalho de Negócios Oceânicos: Descarbonização da Frota Marítima e Portuária, serão lançados ainda o Hub de Biocombustíveis e Elétricos, Resíduos Net Zero e o Cadernos Setoriais de Justiça Climática para o setor de Moda Têxtil, um curso preparatório de comunicadores para a COP30 e Webinars Pré-COP.

A Missão COP30 é um curso preparatório para comunicadores com conteúdo específico para a COP30, desenvolvido pela Plataforma de Ação Para Comunicar e Engajar em parceria com a Aberje (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial), que terá início em agosto de 2024 com a participação de 40 empresas. Dele resultará um e-book que será disponibilizado para as mais de 2 mil empresas participantes do Pacto Global da ONU – Rede Brasil e na plataforma da Aberje.

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A preservação da Amazônia é fundamental para o equilíbrio climático do planeta. Foto: João Marcos Rosa | Nitro

Até a COP30 também serão realizados os Webinars Pré-COP30, com a participação de pessoas de notório saber envolvidas na agenda climática brasileira, abordando a importância do setor empresarial nas edições da Conferência das Partes, informações oficiais da organização da COP30 e discussão dos principais temas técnicos previstos para as próximas edições.

E o HUB de Biocombustível e Elétricos, coordenado pela Plataforma do pelo Clima e pela Plataforma de Ação pelo Agro Sustentável, é a continuidade do projeto Transportes Net Zero (realizado em 2021-2022) e tem como objetivo central ser um centro de discussões voltadas para a descarbonização do setor de transporte comercial rodoviário. Ao reunir especialistas, pesquisadores, empresários e tomadores de decisão e governo, o hub busca promover um ambiente propício para a geração de projetos e iniciativas que acelerem a transição do setor para uma economia de baixo carbono.

Além disso, os resultados de cada um desses projetos e iniciativas serão divulgados na trilha de eventos nacionais e internacionais que o Pacto Global já costuma realizar, como no Fórum Ambição 2030, Bioeconomy Amazon Summit, SDGs in Brazil, Climate Week New York, COP16, COP29, Fórum Econômico Mundial e a própria COP30.