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Demanda mundial por água doce será maior que oferta em 40% até 2030

Relatório divulgado por especialistas traz grave alerta sobre crise hídrica no mundo e aponta caminhos para superá-la

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Foto: iStock

No dia 22 de março celebramos o Dia Mundial da Água. Em 2022, a data vem com um importante alerta: hoje, o planeta está enfrentando uma crise hídrica sem precedentes, com a previsão de que a demanda global por água doce supere a oferta deste recurso em 40% até 2030. A afirmação veio do presidente da 77ª Assembleia Geral das Nações Unidas, Csaba Kőrösi, durante seu pronunciamento à imprensa sobre a próxima Conferência da Água da ONU, que vai acontecer entre os dias 22 e 24 de março de 2023.

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Em entrevista ao The Guardian, o diretor do Instituto Potsdam para Pesquisa do Impacto Climático e co-presidente da Comissão Global de Economia da Água (GCEW), Johan Rockstrom reforça o alerta. “A evidência científica é que temos uma crise hídrica. Estamos fazendo mau uso da água, poluindo a água e mudando todo o ciclo hidrológico global, por meio do que estamos fazendo com o clima . É uma crise tripla”.

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Para reverter esta situação e vislumbrarmos um futuro melhor, é necessário que a Agenda de Ação pela Água se torne realidade e que as promessas voluntárias de países e partes interessadas para alcançar metas de desenvolvimento sustentável – seja adotada na conferência da ONU em Nova York.

O relatório “Turning the Tide: A Collective Call to Action” (Virando a ma´re: um apelo à ação coletiva), publicado pela GCEW, apresenta ações urgentes que os humanos devem tomar coletivamente para impedir a iminente crise da água. Em um comunicado à imprensa, pesquisadores afirmam que, se o mundo não tomar essas medidas, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e a ação climática em geral falharão.

De acordo com o relatório, os governos devem parar de fornecer subsídios agrícolas para a extração e uso excessivo de água. As operações imprudentes e perdulárias da indústria pesada, como mineração e manufatura, também devem cessar.

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Mulheres Munduruku da Aldeia Sawre Apompu pescam em rio contaminado por mercúrio. Foto: Julia H

Os autores do relatório apontam que a água deve começar a ser gerida pelos países como um bem comum, já que muitos dependem uns dos outros para o recurso essencial, e sua poluição e uso excessivo ameaçam o abastecimento mundial de água.

“Precisamos de uma abordagem de bem comum muito mais proativa e ambiciosa. Temos que colocar a justiça e a equidade no centro deste cenário. Isso não é apenas um problema tecnológico ou financeiro”, disse a co-presidente do GCEW, Mariana Mazzucato, professora da University College London e principal autora do relatório.

Rockstrom disse que a maioria dos países obtém cerca de metade de sua água da água “verde”, gerada pela liberação de vapor d’água das folhas das árvores durante a transpiração. Essa água vem de nações vizinhas, mas muitos países parecem não valorizar ou respeitar esta  interconexão.

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O relatório GCEW fornece sete recomendações cruciais, incluindo a gestão do ciclo da água do planeta como um bem comum, acabar com a subvalorização da água, eliminar gradualmente US$ 700 bilhões em subsídios para agricultura e água e permitir investimentos em sustentabilidade, acesso e resiliência da água em países de baixa e média renda por meio de parcerias.

Água limpa e adequada para todas as populações vulneráveis, bem como a restauração de zonas úmidas, suprimentos de água subterrânea esgotados e outros sistemas de água doce também devem ser priorizados, disse o relatório.

“Não haverá revolução agrícola a menos que cuidamos da água. Por trás de todos os desafios que enfrentamos, sempre há água, mas nunca falamos sobre este recurso”, disse Rockstrom.

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A Conferência da Água da ONU na próxima semana será a primeira vez que a organização intergovernamental se reunirá para discutir a água desde a primeira cúpula da água em 1977.

“Se quisermos ter esperança de resolver nossa crise climática, nossa crise de biodiversidade e outros desafios globais em alimentos, energia e saúde, precisamos mudar radicalmente nossa abordagem de como valorizamos e gerenciamos a água”, disse Henk Ovink, enviado especial para assuntos hídricos internacionais da Holanda. “Esta é a melhor oportunidade que temos para colocar a água no centro da ação global para garantir que as pessoas, as plantações e o meio ambiente continuem tendo a água de que precisam”.