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carro elétrico no Brasil
Primeiro modelo da montadora deve chegar ao mercado em 2024. Foto: Divulgação | Lecar

A história da Lecar começou quando o advogado Flávio Figueiredo Assis se deparou com a Lei 8.723. Publicada em 1993, ela regulamenta a redução de emissões de CO2 de veículos com prazo final em 2027, encerrando a utilização de motores a combustão em veículos automotores fabricados a partir de 2028.

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O empreendedor capixaba viu na legislação uma oportunidade e, em fevereiro de 2022, deu origem à sua montadora, com sede em Alphaville, São Paulo, e planta Industrial em Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, região que, segundo o empresário, concentra vários fornecedores do ecossistema de mobilidade do país.

O objetivo é criar a primeira montadora de carros elétricos do Brasil. “Além de um projeto que favorece a mobilidade e a sustentabilidade, nosso objetivo é fazer com que o Brasil seja visto de forma valorizada, assim como sempre deveríamos ser vistos. Somos a oitava economia do mundo e ainda não tínhamos nenhuma montadora nacional. Vamos mudar o rumo da história”, afirma o advogado. Hoje, o capital da empresa é 100% próprio, mas a expectativa é fazer o IPO (oferta pública inicial) em 2025.

carro elétrico brasileiro
Foto: Divulgação | Lecar

Para desenvolver os veículos elétricos nacionais, Assis conta que reuniu um time de engenharia automobilística altamente qualificado e experiente. Hoje, a equipe conta com 30 profissionais, muitos deles com passagens importantes por empresas como Gurgel, Troller, JPX, Ford, Toyota, Nissan e Marcopolo. “Dois anos atrás, a Ford e a Mercedes-Benz fecharam suas fábricas no Brasil e pensei em buscar esses profissionais. A primeira reunião com os engenheiros da Ford/Troller, em Fortaleza, foi em março de 2022. Uma equipe perfeita para desenvolver um carro do zero”, relembra.

Lecar Model 459

Com a planta pronta e a equipe formada, o primeiro passo foi desmontar um Tesla a fim entender a engenharia do concorrente à fundo. O primeiro carro elétrico produzido na fábrica é o Lecar Model 459. O protótipo já está em desenvolvimento e vai seguir para uma série de homologações em Londres, na Inglaterra, em fevereiro deste ano.

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O carro elétrico brasileiro será submetido a avaliações de impacto, aerodinâmica e simuladores de segurança. Essa etapa terá duração de até nove meses. Depois disso, o produto entrará em linha de produção, devendo estar disponível ao mercado a partir de dezembro de 2024.

carro elétrico brasileiro
Expectativa é lançar o primeiro modelo ainda em 2024. Foto: Divulgação | Lecar

Segundo a marca, o Lecar Model 459 terá um custo de R$ 279 mil e autonomia de 400km por carga. Assis afirma que a carga tributária do produto está em torno de 43%. “Precisamos que o governo se conscientize sobre a importância dos carros elétricos para o Brasil e crie uma política de incentivos a fim de termos preços mais competitivos”, destaca.

Cerca de 35% das peças do Lecar Model 459, o primeiro veículo da companhia, serão importadas da China. Motores e baterias virão do fabricante chinês Wiston, que fornece também para outras duas gigantes do setor: Volkswagen e Hyundai. O restante será produzido no Brasil. “Nosso país é privilegiado, com matéria-prima apropriada e abundante para a produção de carros 100% elétricos”, esclarece.

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carro elétrico brasileiro
Foto: Divulgação | Lecar

Os contratos fechados fornecedores preveem a transferência de tecnologia e cooperação técnica, científica e operacional, o que viabiliza uma fábrica de células de bateria e motores elétricos no Brasil, permitindo a autossuficiência na produção de carros elétricos. “Temos em nosso país, 97% dos minerais que compõe as células de baterias. Além de sermos autossuficientes, podemos ainda nos tornarmos protagonistas e uma grande referência no mercado global de veículos elétricos, fornecendo automóveis para outros países. Nossos carros vão interessar a quem cuida do meio ambiente também em outros países”, anima-se o empresário.

Metas ambiciosas

A empresa também planeja a criação do Lecar POP, uma versão popular e com o uso de baterias e motores elétricos produzidos no Brasil que, com os mesmos incentivos fiscais aos elétricos existentes em diversos países, teria o custo estimado de R$ 100 mil e autonomia de 200km por carga.

A estimativa é produzir 300 veículos por mês já no primeiro ano de fabricação, gerando 600 empregos diretos e R$ 1 bilhão de faturamento. O foco das vendas será a Grande São Paulo, especialmente entre a capital, Campinas e São José dos Campos, onde a empresa deve investir em uma rede de infraestrutura para recarregamento de bateria.

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O Lecar Model 459 terá um custo de R$ 279 mil e autonomia de 400km por carga. Foto: Divulgação | Lecar

Também está previsto, já para 2025, a criação de uma rede de carregamento próprio ao longo de toda BR 101, com carregadores rápidos disponíveis a cada 150km da rodovia. Até 2030, a empresa espera oferecer cobertura total nas principais rodovias do país.

Em um segundo momento, além da expansão para todo o território nacional, o visionário planeja a internacionalização de sua montadora, especialmente para EUA, França, Itália e Mônaco. “Já estamos alinhando uma série de parcerias nesses países para levar nossa marca para o mundo”, orgulha-se.

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Protótipo do Lecar Model 459 precisa ser homologado. Foto: Lecar

Em cinco anos, a Lecar pretende produzir 50 mil carros por ano, com geração de 6 mil empregos diretos e R$ 13 bilhões de faturamento anual. A empresa pretende, ainda, criar um plano de assinaturas, mudando a cultura da posse para a de acesso. “As pessoas não precisam ter um carro, o que elas precisam é de mobilidade”, argumenta. A assinatura base para o plano de locação de 36 meses será oferecida por aproximadamente 3% do valor de venda para uma quilometragem mensal de 1 mil km.

Segundo Assis, o grande diferencial da Lecar é o de não apenas fabricar um carro elétrico no Brasil, mas desenvolver um produto totalmente pensado para o país. “Tenho um Tesla e, definitivamente, ele não foi estruturado para rodar pelas ruas e estradas brasileiras. Ele sofre a cada buraco. Nosso projeto é de um carro feito para os desafios das estradas do Brasil, com tecnologia de ponta, resistência, prazer na direção e alinhado à necessidade de redução de emissões de CO2, que foi o grande motivador para embarcarmos nesse projeto”, finaliza.