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Benevides, Jundiaí e Fortaleza vencem Prêmio Cidade Caminhável

Iniciativa reconheceu as melhores iniciativas públicas para caminhabilidade nas cidades brasileiras de 2021 e 2022

Prêmio Cidade Caminhável
Projeto de infraestrtutura em Fortaleza foi um dos premiados. Fotos: Prefeitura de Fortaleza

Para enfrentar a crise climática é urgente transformar o modo de vida nas cidades, grandes poluentes e consumidoras de energia. O uso de veículos motorizados, especialmente no transporte individual, é uma das mudanças necessárias nos centros urbanos. Cidades que ofereçam segurança para pedestres, ciclistas e uma rede eficiente de transporte público são cada vez mais fundamentais.

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Incentivar o desenvolvimento de centros urbanos em que as pessoas possam se deslocar de forma ativa – a pé e de bicicleta – para suas atividades diárias é o caminho que o Instituto Caminhabilidade impulsiona. Por isso, criou o Prêmio Cidade Caminhável, que valoriza e inspira ações por cidades caminháveis no Brasil.

Em sua segunda edição, o Prêmio mapeou e reconheceu projetos e iniciativas em 2021 e 2022 pelo poder público nas cidades brasileiras para melhorar os deslocamentos a pé. Nesta edição, foram 32 inscrições, de 17 cidades de 7 Estados, compreendendo todas as regiões do país.

caminhada
Foto: Alffoto | iStock by Getty Images

As vencedoras foram os projetos Rua da Gente, do município de Benevides, no Pará (categoria Cidades Pequenas); Projeto Plano de Bairro Novo Horizonte e Região, do município de Jundiaí, São Paulo (Cidades Médias); e Programa de Infraestrutura em Educação e Saneamento (Proinfra) de Fortaleza, capital do Ceará (Cidades Grandes).

As iniciativas, que podem ser vistas no Mapa Cidade Caminhável, foram analisadas por quatro mulheres especialistas em mobilidade e cidades:

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  • Circe Monteiro, arquiteta e urbanista paranaense, professora titular da Universidade Federal do Pernambuco (UFPE), mestre em Planejamento Urbano e Regional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e doutora em Sociologia Urbana na University of Oxford;
  • Gessica Macamo, cientista política moçambicana e diretora executiva do Centro de Estudos Urbanos de Moçambique (CeUrbe);
  • Hannah Machado, arquiteta e urbanista paulista, mestre em Gestão e Políticas Públicas, e ex-Coordenadora de Desenho Urbano e Mobilidade da Iniciativa Bloomberg;
  • Taynara Gomes, arquiteta e urbanista paraense, mestre e doutoranda em arquitetura e urbanismo, professora e gerente de projetos da ONG Laboratório da Cidade.
mapa cidade caminhável
Imagem: Reprodução | Prêmio Cidade Caminhável

As juradas avaliaram os projetos nas três categorias: cidades pequenas (até 100 mil habitantes), médias (100.001 a 800.000 habitantes) e grandes (mais de 800.001 habitantes), por meio de seis critérios de análise: caminhabilidade, impacto, participação social, colaboração e inovação. Confira abaixo as iniciativas vencedoras, de três regiões diferentes do Brasil.

A premiação das vencedoras, uma de cada categoria, será o registro e valorização das mesmas por meio da realização de um mini webdocumentário, a gravação de um episódio de podcast no Cidades Caminháveis, do Instituto Caminhabilidade, e um espaço de participação no evento internacional de caminhabilidade Walk 21, que acontecerá em 2023 em Kigali, Ruanda.

Vencedoras do Prêmio Cidade Caminhável

Cidades Pequenas: Projeto Rua da Gente – Benevides, Pará

A cidade da região metropolitana de Belém, no norte do país, tem cerca de 60 mil habitantes, e é conhecida como “O berço da Liberdade”, pois foi a primeira no Estado e a segunda no país a libertar pessoas escravizadas.

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Prêmio Cidade Caminhável
Foto: Divulgação | Prêmio Cidade Caminhável

O projeto Rua da Gente consiste na abertura de ruas para brincar no centro da cidade todos os sábados e domingos das 18h às 22h, incluindo trecho de rodovia estadual. O horário pode parecer peculiar em outras regiões do país mas, devido ao calor, é quando há condições para que as pessoas saiam ao ar livre. A iniciativa que começou em 2021 foi o pontapé das políticas de primeira infância na cidade, e culminou no plano municipal da primeira infância.

O projeto proporciona a relação entre as pessoas e a cidade, estimulando o brincar livre e a diversão de crianças e adultos, devolvendo as ruas para as pessoas, fortalecendo a identidade do território local, principalmente através do resgate de brincadeiras de rua, o que oferece autonomia e segurança.

O projeto teve como parceiras a iniciativa Urban95, o CECIP (Centro de Criação de Imagem Popular) e a organização paraense de urbanistas Laboratório da Cidade.

Para a jurada Gessica Macamo, além da iniciativa já estar em curso e impactar todas as pessoas da cidade, outro ponto forte é que está em processo de se tornar um projeto de lei e, assim, se expandir e se consolidar.

Cidades Médias: Projeto Plano de Bairro Novo Horizonte e Região – Jundiaí, São Paulo

A cidade de Jundiaí, que se tornou recentemente região metropolitana, tem mais  de 420 mil habitantes e está a cerca de 2h de trem da Estação da Luz, na capital paulista.

O projeto Plano de Bairro Novo Horizonte e Região, realizado pelo Departamento de Urbanismo da Unidade de Gestão de Planejamento Urbano e Meio Ambiente, desenvolveu de forma participativa um plano de bairro com foco na infância, estruturado em quatro metas e 31 ações previstas.

Prêmio Cidade Caminhável
Foto: Divulgação | Prêmio Cidade Caminhável

Uma das ações foi o mapeamento dos percursos da infância com o objetivo de priorizar investimentos para mobilidade ativa, segurança viária, sinalização, arborização, intervenções lúdicas e acessibilidade nessas rotas. Na construção do plano, foi identificado, por exemplo, que apenas 40% das crianças vão a pé para a escola.

No entanto, dentre as 60% que não vão caminhando, 1/3 afirmou que iria a pé se as calçadas fossem melhores e se o caminho tivesse sombra. Assim, o plano tem ações para estímulo do caminhar no bairro, desde arborização até o desenvolvimento de rotas lúdicas.

A iniciativa é mais um exemplo na cidade que está se destacando no país pela visão integral sobre a infância e a intersecção com os projetos urbanos. A jurada Circe Monteiro destacou a participação da população e a indicação de ações concretas para a transformação do bairro, que podem inspirar outras regiões a desenvolverem planos e ações a partir das identidades e necessidades locais.

Cidades grandes: Programa de Infraestrutura em Educação e Saneamento  (Proinfra) – Fortaleza, Ceará

Fortaleza é a capital do Ceará, com 2,6 milhões de habitantes, e teve projeto vencedor na edição do Prêmio de 2021 com o Plano Municipal de Caminhabilidade (PMCFor). O projeto Programa de Infraestrutura em Educação e Saneamento (Proinfra) urbanizou mais de mil ruas com a construção de sistema de drenagem, com galerias e bocas de lobo, pavimentação com piso intertravado e novas calçadas.

Prêmio Cidade Caminhável
Fotos: Prefeitura de Fortaleza

A iniciativa viabiliza e promove a melhoria das condições de caminhabilidade da população local, contemplando, sobretudo, crianças, idosos, pessoas com mobilidade reduzida e pessoas com deficiência. Além das condições para caminhar, a iniciativa também melhora as condições sanitárias, a infraestrutura e os serviços básicos da população.

Para a jurada Hannah Machado,o projeto chamou atenção pois é bastante amplo e prioriza áreas marginalizadas, alcançando comunidades e populações vulnerabilizadas, fazendo com que essas mudanças tenham muito impacto. Além disso, ela destacou que a iniciativa não tem somente participação social, mas também contratação de mão de obra local, o que garante envolvimento e aprovação.

Iniciativa de Jacareí, que intersecciona raça e caminhabilidade, recebe menção honrosa

Nesta edição, o Prêmio também reconheceu com menção honrosa projetos que tinham perspectiva de cidades do cuidado – ou seja, que incluíam a perspectiva das mulheres e da primeira infância. As menções honrosas foram para os projetos Ruas de Brincar, de Jundiaí, em São Paulo; e Caminhos Ancestrais, de Jacareí, também em São Paulo.

Prêmio Cidade Caminhável
Foto: Divulgação | Prêmio Cidade Caminhável

O projeto de Jacareí é pioneiro ao interseccionar raça e caminhabilidade, estimulando e melhorando a prática do caminhar no município e promovendo a valorização de personalidades e movimentos que representam os povos negros e indígenas. Foram requalificadas quatro áreas de uso coletivo, com destaque para memórias e conquistas de personalidades negras e indígenas, através da escolha dos nomes para os espaços e a execução de artes expostas.

Segundo a jurada Taynara Gomes,o projeto de Jundiaí cria um modelo que empodera a cidadania e que pode ser expandido para toda a cidade. Já o de Jacareí dá relevância a personagens importantes da formação do país e cria representatividade de pessoas negras e indígenas nos espaços públicos, o que é urgente no contexto brasileiro.