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Ondas de calor atingem Hemisfério Sul em pleno inverno

Além das temperaturas recordes no Hemisfério Norte, América do Sul e outros continentes estão registrando calor de mais de 35°C

Sol São Paulo
Sol em São Paulo. Foto: Carlos Kenobi | Unsplash

Muito tem se falado sobre as temperaturas recordes no verão do Hemisfério Norte. Mas a verdade é que o calor também surpreende no inverno do Hemisfério Sul, em especial na América Latina. O clima no norte da Argentina e do Chile é bem próximo ao que acontece no verão, e estamos em agosto. Algumas cidades nas montanhas dos Andes estão com temperaturas superiores aos 35°C em pleno inverno, de acordo com o The Conversation.

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O meteorologista Maximiliano Herrera afirmou nas redes sociais que a América do Sul está vivendo um dos eventos climáticos mais extremos já registrados. “Temperaturas inacreditáveis ​​de até 38,9°C nas áreas andinas chilenas no meio do inverno! Muito mais do que o sul da Europa teve no meio do verão na mesma altitude: este evento está reescrevendo todos os livros climáticos”, alerta.

A onda de calor nos Andes chilenos está acelerando o derretimento da neve abaixo de 3 mil metros e isso vai trazer consequências no período de primavera e verão, quando este derretimento era esperado.  “O principal problema é como as altas temperaturas intensificam as secas no leste da Argentina e no Uruguai e aceleram o derretimento da neve”, disse Raul Cordero, climatologista da Universidade holandesa de Groningen.

Santiago, Chile
Santiago, capital do Chile. Foto: Francisco Kemeny | Unsplash

Cientistas climáticos locais disseram que a combinação de El Niño e mudança climática causada pelo homem pode trazer mais temperaturas quentes e clima extremo. O período de janeiro a julho deste ano foi um dos mais quentes já registrados na América do Sul.

De acordo com Marcos Andrade, diretor de física atmosférica da Universidad Mayor de San Andrés, o planalto andino do Peru e da Bolívia está tendo um clima “incomum” desde o início de 2023. Cidades da Argentina, Uruguai e Brasil bateram recordes de calor.

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“Com a chegada do fenômeno El Niño, espera-se que nos próximos anos esta região sofra um aumento das temperaturas, que já estão altas, tornando necessário tomar medidas de adaptação para evitar mortes e maiores desastres”, disse Karla Beltrán, consultor ambiental. Beltrán afirmou ainda que o relatório mais recente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas indicou que a porção sul da América do Sul é especialmente suscetível a ondas de calor.

Mar Del Plata, Argentina
Mar Del Plata, Argentina. Foto: Fermin Rodriguez Penelas | Unsplash

Períodos de temperaturas altas fora do normal devem ocorrer com mais frequência na Amazônia e em outras partes do norte do continente, segundo alguns estudos. “Sem dúvida, os recordes de temperatura máxima no inverno no Chile e, em certa medida, na América do Sul são atípicos. Sistemas de alta pressão são anomalias mais intensas e persistentes no hemisfério sul, induzindo correntes de ar quente e gerando extremos de temperatura. Essa alta pressão tende a se manter e se intensificar nas próximas décadas com as mudanças climáticas”, disse Chico Geleira, vice-diretor do Centro Polar e Climático do Brasil e professor de climatologia e oceanografia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

No Hemisfério Sul, África, Austrália e alguns arquipélagos também têm experimentado temperaturas excepcionalmente quentes. “No geral, esta onda de calor é um lembrete surpreendente de como os humanos estão mudando o clima da Terra. Continuaremos a ver tais extremos sem precedentes até pararmos de queimar combustíveis fósseis e de emitir gases de efeito estufa na atmosfera”, escreveu Matthew Patterson, assistente de pesquisa de pós-doutorado em física atmosférica na Universidade de Oxford, em The Conversation.

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Com informações de The Conversation, The Guardian, The Washington Post e EcoWatch