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2023 tem os dias mais quentes já registrados pela ciência

Recordes de temperatura foram registrados nos dias 3 e 4 de julho, com 17,18ºC de pico, e a previsão é de dias ainda mais quentes

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Foto: Pixabay

Alertas sobre o aquecimento global e a emergência climática são cada vez mais constantes, e mais graves. E julho começou reforçando esses alertas com dois recordes: a segunda-feira, dia 3 de julho, havia sido o dia mais quente registrado pela ciência com média global de 17,01ºC; e o recorde foi batido no dia seguinte, 4 de julho, com os termômetros registraram a temperatura média de 17,18ºC. O recorde anterior de 16,92 graus Celsius foi estabelecido em agosto de 2016.

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Estas são marcas históricas nas análises meteorológicas e climáticas, como consequência do aquecimento adicional iniciado pela Revolução Industrial, de acordo com dados dos Centros Nacionais de Previsão Ambiental dos EUA.

A temperatura média global de terça-feira foi calculada por um modelo que usa dados de estações meteorológicas, navios, boias oceânicas e satélites, explicou Paulo Ceppi, cientista climático do Grantham Institute de Londres. Este sistema de modelagem foi usado para estimar as temperaturas médias diárias a partir de 1979.

registro de recorde de temperaturas
Temperaturas diárias de cada ano, registradas desde 1979, com cada linha representando um ano, com uma falha no registro de dados referente a fevereiro. Gráfico de Krystina Shveda e Byron Manley, da CNN. Fonte: Climate Reanalyzer

Os dados são preliminares, mas já indicam que os próximos meses serão particularmente mais quentes em virtude da ocorrência do fenômeno meteorológico El Niño. “Um recorde como este é outra evidência para a proposição agora massivamente apoiada de que o aquecimento global está nos empurrando para um futuro mais quente”, observou o cientista climático Chris Field, da Universidade de Stanford (EUA), à Associated Press.

Ainda que os dados científicos remontem apenas aos últimos 160 anos, é possível estimar que o calor intenso dos últimos dias é algo não visto há pelo menos 125 mil anos.

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Imagem: Pixabay

Os registros de temperatura global baseados em instrumentos remontam a meados do século 19. Para estimar as temperaturas anteriores, os cientistas dependem de dados proxy capturados por meio de evidências deixadas em anéis de árvores e núcleos de gelo. “Esses dados nos dizem que não era tão quente desde pelo menos 125 mil anos atrás, que era o interglacial anterior”, disse Ceppi, referindo-se a um período de calor incomum entre duas eras glaciais.

O aumento da temperatura em 2023 acontece pela combinação de diferentes fatores: o El Niño, o aquecimento global e o início do verão no hemisfério Norte. Dias ainda mais quentes são esperados em breve.  “Quando provavelmente será o dia mais quente? Será quando o aquecimento global, o El Niño e o ciclo anual se alinharem – que serão nos próximos meses. É um golpe triplo”, explicou Myles Allen, professor de ciência geossistêmica da Universidade de Oxford.

seca
Com emissões no patamar atual, temperatura média pode subir até 4°C em algumas regiões da América do Sul. Foto: Fernando Frazão | Agência Brasil

No ano passado, um relatório de um painel da ONU de 278 especialistas em clima alertou que o planeta estava a caminho de superar a meta globalmente acordada de manter o aquecimento global em 1,5 graus Celsius (2,7 Fahrenheit). Além desse limite, os cientistas temem que as pessoas não consigam se adaptar aos desastres induzidos pelo clima, como ondas de calor, fome e doenças infecciosas. “Se quisermos limitar o aquecimento a 1,5 grau, que é o objetivo dos governos mundiais, temos muito pouco tempo para parar o aquecimento”, disse Allen.

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“Olhando para o futuro, podemos esperar que o aquecimento global continue e, portanto, os recordes de temperatura sejam quebrados com mais frequência, a menos que ajamos rapidamente para reduzir as emissões de gases de efeito estufa a zero líquido”, completa Ceppi.

Com informações de ClimaInfo, CNN e The Washington Post.