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Ar na floresta da tijuca é 7 vezes mais puro do que em bairros do Rio

Estudo confirma a importância da preservação da Mata Atlântica para garantir a qualidade do ar

floresta da tijuca
Vista da Mata Atlântica na Floresta da Tijuca. | Foto: Tomaz Silva /Agência Brasil

A qualidade do ar nas grandes cidades está cada vez pior. Quando o tempo fica seco e as chuvas cessam, doenças respiratórias vêm à tona dificultando o simples ato de dormir. Mas, um estudo recente aponta que a solução para amenizar esse problema mundial pode ser mais “simples” do que aparenta: um levantamento mostra que o ar no Parque Nacional da Tijuca chega a ser sete vezes mais puro do que em outros bairros do Rio de Janeiro. Ou seja, apostar na conservação e restauração da vegetação – além de investir em mobilidade de baixo carbono – pode ser o caminho para melhorar o ar que respiramos.

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O estudo foi realizado por um grupo de pesquisadores da UVA (Universidade Veiga de Almeida) e da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), que mediu a quantidade de hidrocarbonetos precursores do ozônio.

“Ao lado do material particulado fino, o ozônio é o maior responsável pela poluição atmosférica, que atinge diretamente a saúde humana”, explica a UVA em nota.

Rio de Janeiro. Foto: iStock by GettyImages

As amostras para medição foram coletadas em quatro pontos da cidade, sendo dois em áreas verdes e dois em áreas urbanas: Parque Nacional da Tijuca, Parque Estadual do Grajaú, bairros da Tijuca e Del Castilho, na Zona Norte.

Com apenas cerca de 5 quilômetros de distância, em linha reta, da Floresta da Tijuca para o bairro Del Castilho, a diferença de hidrocarbonetos foi de até sete vezes.

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“As medições que fizemos em comparação com outras áreas urbanas da cidade nos provaram que a densidade de cobertura vegetal de Mata Atlântica presente no Parque Nacional da Tijuca funciona como uma barreira contra a poluição atmosférica”, afirma o professor Cleyton Martins, do Mestrado em Ciências Ambientais da UVA, e coordenador da pesquisa.

Outro ponto importante do estudo mostra que a floresta pode ajudar na qualidade do ar mesmo em áreas alteradas. O ar coletado na Praça Saens Peña, no bairro da Tijuca, localizada a menos de um quilômetro dos limites da floresta, continha 2,5 vezes menos hidrocarbonetos do que Del Castilho.

“A Saenz Peña fica a poucos metros da floresta. A floresta está atuando como uma barreira. E, na Tijuca, os ventos vêm do sul, então passam primeiro pela floresta”, afirma Graciela Arbilla, pesquisadora da UFRJ, à Agência Brasil.

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Importância da preservação da Mata Atlântica

Mesmo com a inegável importância das árvores em áreas urbanas, a pesquisa reforça a necessidade de preservar a vegetação nativa. “No Parque do Grajaú, as amostras tiveram índices maiores de hidrocarbonetos, o que mostra a importância da extensão da área de superfície de cobertura vegetal. Não adianta apenas arborizar a cidade com mais praças, a Mata Atlântica preservada é que faz a diferença”, diz o professor Martins.

Em estudos anteriores, os mesmos pesquisadores já haviam encontrado menores valores de Material Particulado Fino e gases de efeito estufa em áreas pertencentes à Mata Atlântica quando comparadas a outras áreas urbanizadas.

Mata Atlântica
Vista da Mata Atlântica na Floresta da Tijuca. | Foto: Tomaz Silva | Agência Brasil

“Observamos que a Floresta da Tijuca, bem como toda a Mata Atlântica, desempenha um papel fundamental na mitigação dos poluentes atmosféricos, sobretudo em grandes cidades como o Rio de Janeiro, seja por meio da absorção e adsorção de poluentes, seja atuando como uma barreira física natural às massas de ar que transportam poluentes”, explica o professor.

Por isso, o grupo chama atenção para a importância da preservação da Mata Atlântica. “Preservar a Mata Atlântica e criar mecanismos para tal é dever de todos, sobretudo considerando a sua importância não só pela sua biodiversidade, mas também para a regulação climática e disponibilidade hídrica, e ainda para a qualidade do ar e a mitigação das mudanças climáticas”, conclui o especialista.

O trabalho foi publicado na revista Chemosphere.