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Variação na temperatura do oceano ameaça equilíbrio marinho

“Termômetros apontam: é hora da mudança”: campanha lançada no Dia Mundial da Água pede combate às mudanças climáticas

tartaruga recife corais
Foto: Jeremy Bishop | Unsplash

Neste Dia Mundial da Água é importante lembrar que as ações humanas estão ameaçando o equilíbrio da vida nos oceanos, que concentram mais de 97% de toda a água do planeta. A água salgada dos mares também está se aquecendo com as mudanças climáticas: em fevereiro deste ano, a temperatura da superfície do oceano foi a mais alta já registrada na história, com média de 21,06ºC, superando o recorde anterior, de agosto de 2023, quando a média mensal foi de 20,98°C.

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Entre muitos impactos negativos, esta variação de temperatura ameaça os recifes de corais. “Esses ecossistemas ocupam só 0,1% do fundo do mar, mas têm funções ecológicas essenciais, oferecendo abrigo e alimentos para cerca de 25% das espécies marinhas”, afirma a bióloga Janaína Bumbeer, gerente de projetos da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.

“Os recifes de corais são muito sensíveis ao aquecimento da água do mar. Aparentemente pequenas para nós, variações de temperaturas como essas podem desencadear problemas crônicos no oceano”, frisa Janaína.

branqueamento corais
Colônias do coral Siderastrea stellata doentes (branqueamento). Crédito: Fundação Grupo Boticário

A especialista explica ainda que o Acordo de Paris propõe limitar o aquecimento do planeta abaixo de 2°C, provocando esforços globais para que o aumento não ultrapasse 1,5°C. Entretanto, relatório da agência das Nações Unidos para o Meio Ambiente afirma que, no cenário mais otimista, a probabilidade de limitar o aquecimento a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais é de apenas 14%.

“Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáricas (IPCC), a diferença de meio grau pode ser o limiar entre a sobrevivência e o colapso total dos recifes de corais do mundo, uma vez que, com o aquecimento de 1,5°C, devemos perder de 70% a 90% dos recifes de corais do planeta, mas o aquecimento de 2°C representaria o fim desse ecossistema”, alerta Janaína. “Além do comprometimento dos países, também precisamos do engajamento da sociedade para reduzir a emissão de gases de efeito estufa – responsável pelo aquecimento dos mares -, e de outros riscos enfrentados pelos corais, como a poluição e a sobrepesca”, completa.

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A Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) classifica diversas espécies de corais em “risco crítico” devido à crise climática. “Uma das principais ameaças é o branqueamento dos corais, processo causado pelo aquecimento e acidificação do oceano no qual o tecido desses organismos fica translúcido, revelando seu esqueleto de carbonato de cálcio e provocando a diminuição da capacidade reprodutiva, redução das taxas de crescimento e de calcificação, o que pode provocar a morte dos corais”, explica.

recifes corais
À esquerda, o pescador João Virgínio, agente de campo do Instituto Recifes Costeiros, coleta fragmentos do coral-couve-flor, Mussismilia harttii. À direita, coral-de-fogo, Millepora alcicornis, em processo de branqueamento. | Fotos: WWF-Brasil

Condomínios de biodiversidade

Os recifes de corais são considerados os ecossistemas mais diversos da Terra. Estima-se que uma a cada quatro espécies marinhas vive ou passa parte da vida nos recifes e neles são encontrados 65% dos peixes do mar. Esses ecossistemas são verdadeiros condomínios subaquáticos, além de servir de alimento e abrigo para outras espécies que estão de passagem.

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, a região Nordeste do Brasil concentra os únicos ambientes de recifes de corais do Atlântico Sul, estendendo-se por cerca de 3 mil quilômetros ao longo da costa. O Brasil possui 24 espécies de corais duros, algumas delas exclusivas do país. Parte desses ecossistemas são protegidos por 21 unidades de conservação (UCs) marinhas, administradas pelo governo federal, estados e municípios.

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recife corais biodiversidade
Foto: Hiroko Yoshii | Unsplash

É hora da mudança!

Neste Dia Mundial da Água, a Fundação Grupo Boticário inicia a campanha “Termômetros apontam: é hora da mudança”, realçando os riscos do aumento da temperatura do oceano. Com ações nas redes sociais e ativação em Porto de Galinhas (PE), o objetivo é estimular ações que contribuem com o bem-estar do planeta com  informações dos efeitos provocados pela crise climática, como a degradação do ecossistema marinho e o branqueamento de corais, fenômeno desencadeado principalmente pelo aquecimento das águas.

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Foto: Fundação Grupo Boticário

Partindo do conceito de que todas as pessoas fazem parte de uma mudança e que ações individuais também são essenciais para manter a temperatura do oceano em um patamar que não coloque em risco a vida dos corais, a campanha busca impactar as atitudes individuais.

“Com esta campanha, queremos conscientizar e motivar as pessoas a adotarem hábitos favoráveis ao meio ambiente a partir de um aprendizado que enfatiza que todos nós estamos conectados por nossas ações e fazemos parte de um todo. Convocamos a sociedade para fazer parte da solução, em qualquer lugar que esteja. É hora de agir coletivamente para reverter os danos e proteger o planeta”, afirma o gerente sênior de Engajamento, Comunicação e Relações Institucionais da Fundação Grupo Boticário, Omar Rodrigues.

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Foto: Fundação Grupo Boticário

Na praia

Para intensificar as mensagens levadas no ambiente digital – nos perfis da instituição no Instagram, Facebook, LinkedIn e TikTok, além de conteúdos em colaboração com os perfis do Grupo Boticário e de Australian Gold -, a campanha trará ainda uma ativação física na Praça das Piscinas Naturais de Porto de Galinhas, em Ipojuca (PE), nos dias 6 e 7 de abril.

Um dos principais atrativos do destino turístico, os corais levarão os participantes para o centro da ação, que trará uma dinâmica interativa e reforçará, de maneira lúdica e educativa, a relação do descarte inadequado de resíduos com o aquecimento global e o consequente aumento da temperatura do oceano.

economia circular plástico
A cada ano, 325 milhões de quilos de resíduos plásticos chegam até os oceanos. Foto: Ricardo Gomes | Instituto Mar Urbano

Os participantes serão convidados a vivenciar uma experiência multimídia que mostrará o contraste entre corais saudáveis e aqueles afetados pelo branqueamento, além de receberem informações importantes de conscientização a favor da proteção dos ecossistemas marinhos. Todos serão convidados a participar da ação e seguir a Fundação Grupo Boticário nas redes sociais para ganhar brindes.

Corais geram R$ 167 bilhões por ano para o Brasil

Para chamar a atenção da sociedade sobre a importância dos recifes de corais para a economia brasileira, a Fundação Grupo Boticário realizou o estudo Oceano sem mistérios – Desvendando os recifes de corais.

O levantamento mostra que esses organismos geram anualmente até R$ 167 bilhões ao PaísApenas com turismo em destinos que contam com recifes de corais no Nordeste, as receitas com atividades de lazer e recreação chegam a R$ 7 bilhões por ano.

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Barreira de corais na Praia de Boa Viagem, em Recife, Pernambuco. Foto: Agência Brasil

Além de mostrar a valoração dos corais para o País, o documento apresenta sugestões para o poder público, setor econômico e outros tomadores de decisão para ações de conservação. “É necessário direcionar mais recursos e fomentar o estudo e monitoramento desses ecossistemas, além de implementar rapidamente estratégias que visem à conservação e o uso sustentável, como unidades de conservação e ações de restauração”, afirma Janaína.