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Abelhas nativas sem ferrão são de ocorrência natural no país. | Foto: Agência Pará

Em 2018, a cidade de Vitória, capital do Espírito Santo, destacou-se ao proibir o uso de agrotóxicos à base de neonicotinoide – que são extremamente letais para as colônias de abelhas. Agora, a cidade busca tornar as abelhas sem ferrão tão comuns quanto a Apis mellifera, a famosa abelha-europeia

Estimular a criação de abelhas nativas é o que busca o Programa Ilha do Mel. Proposto pelo vereador Leonardo Monjardim em forma de Projeto de Lei 302/2023, o texto foi aprovado pela Câmara Municipal de Vitória e agora vai à sanção do prefeito Lorenzo Pazolini.

“Sabemos da importância das abelhas para nosso ecossistema. Estudos apontam que 73% dos alimentos no mundo são resultados da polinização realizada pelas abelhas”, destacou o vereador Monjardim, a proposta foi discutida com os meliponicultores – como são chamados os especialistas na criação de abelhas nativas – para “implantar uma política com um olhar aprimorado para esta atividade no município.”

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Jataí, espécie de abelha sem ferrão | Foto: SIMA

A prefeitura também possui um projeto de plantio de 200 mil árvores e parte será reservada às espécies que ajudarão na polinização realizada pelas abelhas. Outra ação prevista é a criação de espaços de orientação sobre o tema aos estudantes.

Como vai funcionar

O projeto prevê a criação de abelhas em áreas públicas e privadas, mediante autorização da prefeitura e ou termo cooperação entre as partes.

Os meliponários (locais onde as abelhas são criadas) poderão ser instalados em residências, empresas, escolas, hortas comunitárias e outros locais públicos, como parques, praças e demais áreas verdes de Vitória.

Área destinada à Meliponicultura

Recentemente, foi inaugurado no Parque Urbano Barão de Monjardim, em Vitória, o primeiro Centro Municipal de Meliponicultura. O espaço realizará capacitações para a população em geral no manejo das abelhas sem-ferrão para a produção do mel e de outros subprodutos.

De acordo com o secretário municipal de Meio Ambiente, Tarcísio Föeger, a meliponicultura apresenta importância econômica, ambiental e social dentro de diversos nichos e regiões onde ocorrem as abelhas, pois não necessitam de cuidados intensivos e nem investimento elevado na construção de um meliponário. “A atividade, inclusive, pode ser desenvolvida por meliponicultores de todas as idades, como crianças e idosos”.

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Ninho de jataí (Tetragonisca-angustula). | Foto: Bruno H / Semil

Outro interessante a ressaltar é que, diferentemente do que indica o nome, essas abelhas possuem ferrão, porém é atrofiado e, assim, elas são incapazes de ferroar. Não são necessários equipamentos de proteção e nem fumaça para o manejo. Por isso, elas podem ser criadas próximas de residências, inclusive em áreas urbanas, dentro de caixas. Veja como criar abelhas “sem ferrão”.