Borra de café pode ser alternativa às embalagens plásticas

A borra de café já é usada para produzir corante para tecido, utensílios e até energia. Agora, um estudo da Universidade Estadual de Dakota do Sul, nos Estados Unidos, aponta como os grãos de café usados ​​podem ser transformados em filmes biodegradáveis ​​– material que um dia poderá substituir os plásticos. 

Os plásticos são fortes, flexíveis e de produção relativamente barata, o que os torna um material quase “perfeito” para embalagem. Os plásticos, no entanto, representam um sério problema ambiental. Embora recicláveis, a maioria dos plásticos acaba como lixo ou em aterros sanitários, onde levam 700 anos para se biodegradar. Diversos estudos têm encontrado os resíduos plásticos em órgãos humanos, como pulmão e coração. 

“Os plásticos constituem uma ampla gama de materiais projetados para atender a muitas necessidades diárias”, afirma Srinivas Janaswamy, professor associado do Departamento de Laticínios e Ciência Alimentar da Universidade Estadual de Dakota do Sul. “A substituição de todos os plásticos existentes está longe de ser possível nesta fase. No entanto, a substituição dos plásticos convencionais de baixo custo utilizados diariamente, que ocupam a fração mais considerável dos contaminantes ambientais, é viável e pode ser alcançada”, completa.

Nos últimos anos, Janaswamy concentrou os seus esforços de investigação na criação de alternativas biodegradáveis ​​ao plástico, muitas vezes a partir de subprodutos agrícolas. Como exemplo, ele já produziu filmes a partir de cascas ricas em celulose de abacate e restos de milho. Seu mais recente esforço está no uso de borra de café.

As borras de café estão amplamente disponíveis, com milhões de toneladas produzidas anualmente. A maioria acaba em aterros sanitários. À medida que as economias emergentes começam a adicionar cadeias de cafeterias – como a Starbucks – a quantidade de borra de café gasta só aumentará. 

Utilizar este recurso não utilizado para filmes biodegradáveis ​​é uma solução sustentável e econômica para a crise do plástico. Além disso, o pó de café usado contém fibras lignocelulósicas, material necessário para fazer os filmes.

Borra de café em biofilme

Para preparar os filmes, a equipe de pesquisa primeiro extraiu fibras lignocelulósicas dos grãos de café usados. Um processo de modificação química ecológica foi então implantado para tornar o filme mais adequado para embalagem.

Os filmes resultantes foram capazes de se biodegradar em 45 dias no solo, ao mesmo tempo que apresentavam alta resistência à tração. Os filmes também tinham algumas propriedades únicas que os pesquisadores observaram.

“Curiosamente, esses filmes podem bloquear quantidades significativas de radiação UV e apresentar propriedades antioxidantes”, explica o pesquisador. “Acredito sinceramente que o resultado desta pesquisa abre novas aplicações para borras de café”.

Embora este ainda deva ser considerado o “estágio um” de transformação de borra de café em filmes, os resultados do estudo mostraram-se promissores. “O potencial para substituir os filmes de plástico dos grãos de café usados, amplamente descartados, mas abundantes e sustentáveis, permanece ileso e estimulante para a criação de valor”, finaliza Janaswamy.

O estudo, intitulado “Filmes biodegradáveis, bloqueadores de UV e antioxidantes de fibras lignocelulósicas de borra de café gasto”, foi publicado no International Journal of Biological Macromolecules.