Borra de café é transformada em corante para tecidos

Esta pode ser uma alternativa comercial viável aos corantes sintéticos.

café benefícios
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Pesquisadores da Universidade Estadual de Iowa (ISU, na sigla em inglês), nos Estados Unidos, descobriram uma maneira de tingir roupas usando os restos do cafezinho diário. O experimento pode conduzir a novas alternativas naturais para a moda – uma das indústrias mais poluentes do mundo.

Você sabia que a indústria têxtil usa mais de dois milhões de toneladas de produtos químicos e corantes sintéticos por ano? Bom, mas alguns estudiosos, felizmente, estão interessados em mudar isso. Um exemplo é Changhyun “Lyon” Nam, estudante de pós-graduação da ISU, que se inspirou no próprio hábito de tomar café. No experimento, ele deixou a borra de café secar por três dias, antes de fervê-la em água purificada para extrair o corante.

O tingimento foi testado em algodão, linho, seda, rayon e poliéster. Confira abaixo os diferentes tons de marrom alcançados nos testes:

A ideia de usar a borra de café contempla pelo menos duas vantagens: contribui para a redução de lixo, ao aproveitar de um recurso amplamente descartado na sociedade, e reduz os custos do projeto.

Desafios

A conclusão do estudo, que teve orientação do professor Chunhui Xiang, foi que a borra pode ser uma alternativa comercial viável aos corantes sintéticos. Mas, como se pode imaginar, nem tudo são flores. Replicar uma cor é um grande desafio. Combinar cores diversas então…muito difícil.

“Uma desvantagem do tingimento natural é que é difícil medir a quantidade necessária para obter exatamente a mesma cor”, explica Xiang. “Para cada lote de corante, pode haver diferença e criar uma correspondência exata é um desafio, especialmente para os fabricantes”.

De todo modo, para o professor tais preocupações com a consistência das cores podem desaparecer à medida que as atitudes dos consumidores mudam. Se houver uma demanda maior por roupas feitas com corantes naturais, os consumidores poderão aceitar a exclusividade de cores que resulta do processo de tingimento natural. Enquanto isso não acontece, seu pupilo testa mais alternativas: corante de café e fibra celulósica a partir do chá de kombucha para fazer tingimentos para sapatos.

O estudo foi publicado em International Journal of Fashion Design, Technology and Education.

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