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Ativista faz campanha por troca de papel higiênico por folhas

Rob Greenfield planta seu próprio ‘papel higiênico’ há 5 anos se torna exemplo vivo em debates sobre hábitos mais sustentáveis

folhas papel higiênico
Fotos: Robin GreenField | Sierra Ford Fotografia

Rob Greenfield é um ativista ambiental que coloca em prática a ideia de liderar pelo exemplo. Ele tem uma série de ideias sobre como podemos levar uma vida mais simples, feliz e sustentável e é mostra que elas são possíveis adotando e compartilhando hábitos que, no começo, podem parecer estranhos, como substituir o uso do papel higiênico por folhas de uma planta. Mas é isso que ele faz!

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Há 5 anos, Rob vem usando folhas de uma espécie de boldo (Plectranthus barbatus) que cultiva em seu próprio quintal e deixou de comprar rolos de papel higiênico no mercado. “Quero mostrar às pessoas que viver de outra maneira é possível. Vivemos em uma cultura de consumo em que a maioria não sabe de onde vêm as coisas, como chegam até nós e qual é o impacto que esses produtos têm no planeta. E o papel higiênico não é exceção – a gente compra sem pensar duas vezes”, contou o ativista em entrevista à revista People.

papel higiênico folhas
Foto: Robin GreenField | Sierra Ford Fotografia

Em 2018, Rob se mudou ara a Flórida e plantou duas mudas da sua própria “fábrica de papel higiênico”. Ele diz que em um ano, tinha folhas suficientes para uma família de 5 pessoas usarem quando fossem ao banheiro. “Todo mundo pode ter seu próprio suprimento de papel higiênico crescendo livre e abundantemente”, garante ele ele.

De volta ao passado ou construindo um futuro?

Esta ideia traz não apenas uma economia na conta do supermercado, mas também ajuda a poupar recursos naturais. Um estudo com famílias americanas mostra que uma pessoa usa em média 150 rolos de papel higiênico por ano. Este produto, depois de usado, vai parar em aterros sanitários ou é descartado na água do vaso sanitário.

A decomposição é relativamente rápida, mas, além do descarte, existe o impacto ambiental da produção deste item. Rob explica que reduzir o uso papel higiênico reduz consequentemente a quantidade de energia e matéria-prima necessárias para fabricar o papel, distribuí-lo e se livrar dele. “Cortar árvores e gastar energia para limpar a bunda com o papel mais macio, para mim, é o maior desrespeito”, diz ele.

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folhas papel higiênico
Foto: Reprodução YouTube | Robin GreenField

“Quando as pessoas dizem que limpar a bunda com uma planta é voltar ao passado, eu respondo: ‘Não, estou nos levando para o futuro, um futuro que é realmente viver em harmonia com a terra de uma forma que estamos conectados a ela. E de uma forma em que não dependemos de corporações para limpar nossas bundas’”, conta.

Espalhando suas ideias

Para mostrar que é possível adotar hábitos mais sustentáveis e chamar a atenção para a necessidade de uma mudança em nosso estilo de vida, Rob já criou diversas campanhas, em que sempre foi um exemplo vivo daquilo que defendia. Ele já vestiu uma roupa em que ia colocando todo o lixo em que produzia durante um mês para mostrar o impacto dos resíduos que produzimos e terminou com cerca de 30 quilos de lixo presos ao seu corpo.

Em outro momento, o ativista se mudou para uma tiny house movida a energia solar que ele construiu com material reaproveitado, e comia apenas os alimentos que ele plantou e cultivou.

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Rob Greenfield
Fotos: Robin GreenField | Sierra Ford Fotografia

E agora, ele está percorrendo diferentes cidades dos Estados Unidos e tentando convencer as pessoas a trocarem o papel higiênico por folhas naturais. Desde o final de abril, Rob monta uma pequena instalação com um banheiro seco cercado por rolos de papel higiênico e plantas. Fica sentado no vaso sanitário e conversa com as pessoas que se aproximam.

Para a campanha Grow Your Own Toilet Paper (Cultive Seu Próprio Papel Higiênico, em português) ele escolha pontos movimentados em cada cidade e passa o dia conversando com quem passa – “Você sabe que pode plantar seu próprio papel higiênico?” é a abordagem mais comum e tem funcionado. As pessoas param e tentam entender melhor.

folhas papel higiênico
Foto: Robin GreenField | Sierra Ford Fotografia

Assim que as pessoas começam a fazer perguntas sobre a planta, Greenfield permite que toquem nas folhas – esta espécie tem folhas macias, resistentes e até cheirosas. “Além disso, cada folha tem o tamanho de um pedaço de papel higiênico e a planta fornece um suprimento sem fim”, explica Rob.

Para quem quer tentar cultivar a espécie em casa, Greenfield distribui mudas ou sementes com espécies adequadas para cada clima. Além da ação presencial, o ativista criou um canal para quem quiser  solicitar plantas ou sementes pelo correio.

folhas papel higiênico
Foto: Robin GreenField | Sierra Ford Fotografia

Para começo de conversa

Além da conversa sobre o papel higiênico, Rob tem aproveitado a interação em volta de seu banheiro seco para falar sobre a compostagem de resíduos orgânicos, em especial aqueles que deixamos no vaso sanitário. “Em última análise, a verdade é que cultivar seu próprio papel higiênico é uma porta de entrada para compostar seu próprio cocô“, diz ele.

A lógica por trás deste debate mais uma vez envolve hábitos que já estão enraizados na nossa cultura, mas que não fazem muito sentido. Usar água tratada para descartar fezes é um deles. A descarga de vasos sanitários desperdiça trilhões de litros de água doce tratada, o que envolve mais uma série de recursos naturais, energia e tecnologia.

“Temos esgotos transbordando porque os sistemas de tratamento estão sobrecarregados. Além disso, muitas vezes o esgoto bruto está sendo despejado nos nossos oceanos de forma consistente”, afirma Rob.

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Foto: Robin GreenField | Sierra Ford Fotografia

Além de ajudar a eliminar o que chamamos de “lixo”, a compostagem transforma os resíduos orgânicos em um poderoso enriquecedor de solos que pode ser usado como adubo. A compostagem de fezes humanas precisa de um processo especial, mas feita da maneira certa, é segura. Durante a compostagem, os resíduos aquecem e a alta temperatura que mata as bactérias e patógenos que poderiam nos fazer mal.

Robert explica que a compostagem com fezes humanas leva quase um ano, tempo muito maior do que a compostagem de resíduos orgânicos como restos de comida, por exemplo. “Esse período de tempo maior também garante que qualquer coisa estaria morta caso sua pilha não esquentasse o suficiente”, diz ele.

“Se estamos falando sobre mudanças climáticas e esgotamento do solo, dois dos maiores desafios do nosso tempo, compostar nosso próprio cocô é, na minha opinião, uma das soluções para nossa crise ambiental”, finaliza ele.

Com informações de People e Rob Greenfield