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Alessandra Korap, líder Munduruku, ganha “Nobel Verde”

A liderança indígena foi reconhecida por sua luta contra a mineração na Amazônia com um dos maiores prêmios da área ambiental

Alessandra Korap
Alessandra Korap foi uma das responsáveis por impedir a atuação da mineradora Anglo American em terras indígenas. Foto: Goldman Environmental Prize

Se hoje os riscos do garimpo e da contaminação de mercúrio na região amazônica são assuntos debatidos na sociedade é porque pessoas como Alessandra Korap levantaram suas vozes. A líder indígena, da etnia Munduruku, acaba de ter sua luta reconhecida com um dos maiores prêmios da área ambiental, o Goldman Environmental Prize – também conhecido como Nobel Verde.

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Criado para homenagear ativistas ambientais, o Goldman Environmental Prize destaca, anualmente, seis pessoas extremamente comprometidas com as causas ambientais de suas comunidades. Neste ano, o grupo é formado por ativistas da Zâmbia, Finlândia, Indonésia, Estados Unidos, além de Alessandra Korap Munduruku, que representa a categoria América do Sul e Central.

Nascida em Itaituba, no Pará, Alessandra Korap é coordenadora da Associação Indígena Pariri (a primeira mulher a assumir este cargo), que representa as 13 aldeias do médio Tapajós. A região é palco de interesses de diversos setores, estando sob constante ameaça de mineração, projetos hidrelétricos, extração de madeira e grilagem de terras para a pecuária. Porém, com esforço comunitário, ela é uma das responsáveis por conseguir barrar a atuação da mineradora britânica Anglo American nas terras indígenas da floresta amazônica brasileira.

Em maio de 2021, a empresa se comprometeu formalmente a retirar 27 pedidos de pesquisa aprovados para mineração dentro de territórios indígenas, incluindo o Território Indígena Sawré Muybu – habitados pelos Munduruku. A decisão protege uma área criticamente ameaçada da Amazônia, a maior floresta tropical do mundo e um sumidouro de carbono significativo globalmente.

Conhecimento como ferramenta de luta

Em 2018, Alessandra Korap decidiu estudar direito para melhor representar e proteger as comunidades Munduruku. Foi assim que, ao saber das licenças de mineração da Anglo American, ela conseguiu alertar seu povo: delineando os riscos do desenvolvimento da mineração e explicando a doutrina do consentimento livre, prévio e informado.

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Com orientação dos anciãos e chefes tradicionais, ela desenvolveu uma estratégia de campanha e liderou os esforços de arrecadação de fundos. Entre as ações, os Munduruku patrulhavam o território e realizavam a demarcação anual dos limites da floresta Sawré Muybu. Esses esforços geralmente envolviam expedições extenuantes em florestas tropicais remotas.

Alessandra Korap Munduruku
Foto: Goldman Environmental Prize

O esforço também se deu de modo formal, incluindo conferências e fóruns internacionais. Em parceria com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), Amazon Watch e Greenpeace, Alessandra brandou aos quatro cantos: “Estamos aqui e continuaremos aqui. Anglo American fora! O povo vai continuar a resistir.”

Após meses de intensa pressão, em maio de 2021, a Anglo American anunciou formalmente seu compromisso de retirar 27 licenças de pesquisa mineral aprovadas em territórios indígenas na Amazônia.

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Na última segunda-feira, Alessandra Korap esteve em São Francisco para receber o prêmio Goldman Environmental Prize. Em seu Instagram, ela afirmou que “esse reconhecimento é para todos que defendem o território, as águas e a floresta”. Também em seu discurso, ela ressaltou que a luta é coletiva e exaltou todos os povos indígenas que lutam por seus direitos no Brasil. “São muitos os projetos de morte. Quero dizer aqui que não vamos parar de lutar, de defender a nossa casa”, uma fala recebida com intensos aplausos.

Além dela, outros cinco ativistas que realizam grandes ações para proteger nosso planeta foram homenageados. Saiba mais sobre cada um dos vencedores aqui. Para assistir à premiação, veja aqui.