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Cientistas descobrem bactéria que se alimenta de poliuretano

Microrganismo é capaz de quebrar um tipo de plástico muito usado mas raramente reciclado

poliuretano
Foto: Pixabay

Uma bactéria que se alimenta de plástico tóxico foi descoberta por cientistas na Alemanha. Ela não só quebra o material como usa seus componentes como alimento para potencializar o processo.

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O microrganismo foi descoberto em um depósito de lixo e é a primeira bactéria conhecida com a capacidade de quebrar o poliuretano.

Milhões de toneladas deste plástico são produzidas por ano para a fabricação de tênis esportivos, esponjas de limpeza, fraldas e espuma de isolamento – a maior parte acaba sendo destinada a aterros sanitários por causa da dificuldade em se reciclar o material.

Quando o poliuretano é quebrado, ele pode liberar elementos tóxicos e cancerígenos que matam a maior parte das bactérias, mas o microrganismo descoberto sobrevive a este processo. 

É só o começo

Os pesquisadores já identificaram a bactéria e estão estudando suas características, mas ainda existe muito trabalho pela frente antes que a descoberta possa contribuir para o tratamento de grandes quantidades de resíduos.

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“Esta descoberta representa um grande passo na possibilidade de reuso e reciclagem de produtos a base de poliuretano”, explica Hermann Heipieper, do Centro de Pesquisas Ambientais de Helmholtz, na Alemanha. No entanto, o pesquisador afirma que pode levar até 10 anos para que a bactéria seja usada em larga escala e que é fundamental que se reduza a produção e o uso de plásticos neste momento.

Mais de 8 bilhões de toneladas de plástico foram produzidas desde os anos 50 e grande parte deste resíduo se transformou em poluição – cientistas afirmam que esta é uma ameaça de dano irreversível ao meio ambiente.

Bactérias super resistentes

O estudo sobre a nova bactéria foi publicado no periódico  Frontiers in Microbiology e identifica uma nova espécie de Pseudomonas bacteria, microrganismos conhecidos por se manter em condições extremas como altas temperaturas ou ambientes ácidos.

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Os cientistas alimentaram as bactérias em laboratório com componentes do poliuretano. “Descobrimos que a bactéria pode usar estes componentes como fonte de carbono, nitrogênio e energia”, atesta Heipieper.

Fungos já haviam sido usados para quebrar o poliuretano, mas as bactérias são muito mais fáceis de manipular para fins industriais. Segundo Heipieper, o próximo passo é identificar o Código genético das enzimas produzidas pelas bactérias para quebrar o poliuretano.

Evitar o plástico continua sendo o melhor caminho

Em 2018, cientistas criaram acidentalmente uma enzima mutante capaz de quebrar o plástico usado em garrafas PET, o que criou a possibilidade de tornar este material 100% reciclável. O Professor John McGeehan, diretor do Centro de Estudos de Enzimas da Universidade de  Portsmouth na Inglaterra esteve envolvido nesta descoberta há 2 anos e hoje comemora o novo estudo publicado.

“Ainda existe muito trabalho pela frente, mas esta descoberta é muito importante. Entender e manipular este processo pode abrir a porta para inovações necessárias na reciclagem de plástico”, explica John.

Por sua vez, Heipieper alerta para o fato de que o uso das bactérias para quebrar e reciclar o poliuretano não é a solução completa para este grave problema ambiental. “O principal caminho é evitar que o plástico seja lançado no meio ambiente”, garante o cientista.