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Jardins filtrantes de 7 mil m² vão despoluir riacho no Recife

Tecnologia baseada na natureza já foi aplicada na recuperação do rio Sena, em Paris

jardins filtrantes
O sistema usa plantas aquáticas nativas para filtrar poluentes. | Foto: Giselle Cahú | ARIES/CITinova

Uma solução baseada na natureza será empregada na despoluição de um afluente do rio Capibaribe em Recife, Pernambuco. Trata-se dos jardins filtrantes, um agrupamento de plantas aquáticas nativas que realizarão a filtragem da foz do Riacho do Cavouco.

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Considerada uma tecnologia sustentável e de fácil manutenção, os jardins filtrantes serão instalados exatamente no trecho em que o riacho corta o Parque do Caiara, zona oeste da capital pernambucana, e deságua no Capibaribe. Ali será tratado cerca de 10% da vazão da água poluída.

O tratamento 100% natural, isento de agente químico artificial, ocupa uma área de 7 mil m². Serão ainda instaladas micro estações de monitoramento da qualidade da água para realizar o comparativo entre o antes e depois da implantação dos jardins.

O processo de filtragem dos jardins é contínuo. Por dia, pelo menos 350 mil litros de água entram no sistema de filtragem. E, em períodos de maré baixa, estima-se que praticamente toda a água do riacho será filtrada.

A iniciativa faz parte de uma série de projetos-pilotos do CITinova, projeto multilateral financiado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente. A obra recebeu U$$ 1,4 milhão (cerca de R$ 7 milhões) em investimentos e é coordenado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e pela Agência Recife para Inovação e Estratégia (ARIES).

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Tecnologia da natureza

O Jardim Filtrante é uma tecnologia criada na França pelo arquiteto paisagista Thierry Jacquet e patenteada por sua empresa Phytorestore, a mesma que atuou na despoluição do rio Sena, em Paris. O processo consiste em usar plantas cuidadosamente selecionadas para remover poluentes da água por meio de um processo de fitorremediação.

Segundo o engenheiro do Projeto CITinova/ARIES, Renato Martiniano, o principal fator de tratamento se dá pelos processos naturais que acontecem na zona de raízes, dentro dos substratos dos filtros; além disso, por se tratar de uma Solução Baseada na Natureza, os jardins minimizam os riscos ambientais.

jardins filtrantes
Projeção dos Jardins Filtrantes no Parque do Caiara.

“O sistema se configura como um jardim de aparência natural com a capacidade de atrair a biodiversidade de fauna e flora para sua área de implantação, proporcionando a contemplação e a valorização social e ambiental da área”, explicou o engenheiro.

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A cada um dos estágios do processo de filtragem há plantas combinadas com filtros, como o vertical (que envolve processo aeróbico e combina diferentes tipos de compostos de brita e tubulação específica para que os microrganismos do ar consigam ter relação com matéria orgânica presente na água), o horizontal (processo anaeróbico com substratos), o de areia e, por fim, uma lagoa plantada com ninféias aquáticas, que auxiliam na reintrodução de oxigênio na água. Completado o ciclo, a água tratada é devolvida ao rio, favorecendo a oxigenação da água e evitando que o rio continue recebendo poluição do riacho.

No total, o local recebeu 7,5 mil mudas de macrófitas aquáticas nativas da região (Heliconia Psittacorum, Pontederia Cordata, Canna Generalis, Thalia Geniculata, Echinodorus Grandiflorus, Nymphea SP), que foram escolhidas considerando a resistência ao clima e o paisagismo projetado. Todas oferecem o mesmo grau de contribuição para a despoluição.

Solução para cidades sustentáveis

Além da melhoria para a comunidade local, o projeto-piloto visa demonstrar a viabilidade técnica do emprego da solução baseada na natureza para tornar as cidades mais sustentáveis e melhorar o planejamento integrado. A experiência adquirida poderá ser aproveitada por outras cidades para replicar o modelo ou até para outros usos.

Segundo Mariana Pontes, diretora da Agência Recife para Inovação e Estratégia, o processo de filtragem já proporcionou melhorias no microclima da região, além de despertar o interesse e o engajamento da comunidade local. Onde antes havia terra batida, agora tem grama, e foram plantadas árvores como compensação ambiental. Sapos e borboletas reapareceram.

O espaço deverá ainda receber mobiliário e placas informativas sobre educação ambiental. “O espaço foi pensado para que a comunidade utilize, cuide e entenda como seu”, afirma Mariana.

Com informações da ARIES/CITinova, MCTI e Prefeitura do Recife