curitiba parques alagaveis
Foto: Ricardo Marajó/SMCS

Novos parques e ecodistrito alagáveis, que reforçam o conceito de “cidade-esponja”, vão ajudar a reduzir inundações em Curitiba, capital do Paraná. A inédita Reserva Hídrica do Futuro, que irá suprir a cidade com água em caso de estiagem prolongada, e um Hipervisor Urbano, que usa a inteligência artificial para prevenir problemas ambientais típicos de uma grande cidade estão entre as recentes iniciativas da Prefeitura de Curitiba para mitigar e se adaptar aos efeitos das mudanças climáticas.

A Pirâmide Solar de Curitiba, o programa 100 Mil Árvores e o Plano de Adaptação e Mitigação das Mudanças Climáticas de Curitiba (PlanClima), em 2018, também são exemplos de soluções que buscam conter o avanço do aquecimento global.

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Foto: Ricardo Marajó/SMCS

Curitiba propõe uma cidade com menos carros, consumo consciente de energia, ar mais puro, menos desigualdade social, menos resíduos em aterro, paisagem urbana preservada e inovadora, além do trânsito sob controle e valorização do transporte público. São iniciativas que aliam apoio ao crescimento econômico sustentável às pautas de impacto ambiental e social.

Esse conceito de sustentabilidade adotado por Curitiba a credenciou a conquistar o título de Cidade Mais Inteligente do Mundo de 2023. O prêmio, chamado World Smart City Awards, é concedido pela Fira Barcelona, da Espanha, responsável por organizar também os mais reconhecidos eventos de cidade inteligente do mundo.

Grandes obras

Além das ações previstas no PlanClima, a Prefeitura de Curitiba tem realizado grandes obras para reduzir a possiblidade de enchentes em caso de chuvas intensas. Ao todo são 30 obras de macrodrenagem, sendo que 16 delas foram iniciadas e concluídas em um ano (2018). Neste momento, as obras ocorrem em seis bacias hidrográficas: rios Passaúna, Belém, Barigui, Atuba, Iguaçu e Ribeirão dos Padilha.

Outra ação cotidiana de prevenção de alagamentos da Prefeitura de Curitiba é a limpeza das galerias e caixas de captação das águas de chuva na cidade. O trabalho evita que a obstrução dos canos cause alagamentos em dias de chuvas fortes. As ações integram o programa Curitiba Contra Cheias da Secretaria Municipal de Obras Públicas.

Parques alagáveis

A cidade ainda ganhará cinco novos parques que a Prefeitura de Curitiba com áreas verdes “alagáveis” que ajudam a preservar os recursos naturais para manter e melhorar a impermeabilização dos solos e assim reduzir o risco de inundações na cidade. A ideia é transformar a capital em exemplo de “cidade-esponja”.

O novo parque Colinas do Abranches, no bairro de mesmo nome, terá uma bacia de contenção de cheias e ficará perto do Parque São Lourenço para ajudar a melhorar a drenagem na região. O projeto já está em fase de licitação.

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Foto: Ricardo Marajó/SMCS

As mesmas funções de parque alagável terão o parque que será construído ao lado do Rio Barigui, no Bairro Novo da Caximba, e o parque que será implantado na primeira área na Reserva Hídrica do Futuro, no bairro Umbará, onde a Prefeitura já começou as obras.

Esses novos parques são espaços projetados especialmente para serem alagados com o excesso de água das chuvas. A ideia consiste em usar a capacidade natural dos lagos, árvores, arbustos, solo e galerias pluviais para permitir o escoamento da água para locais onde ela não cause maiores danos em áreas residenciais. Ao reter e reduzir a velocidade da água, esses parques alagam e se tornam temporariamente bloqueados para o uso dos cidadãos.

Já os parques São Francisco de Assis, no Taboão, e Manacá, na Barreirinha, serão áreas de preservação ambiental e dos recursos naturais, ajudando na melhor absorção das águas das chuvas e favorecendo a permeabilidade do solo.

Assim como os novos parques, a capital tem outros parques “alagáveis”: os parques Barigui, São Lourenço, Bacacheri, Tingui e Atuba. Os dois principais rios da cidade, o Barigui e o Belém, passam dentro dos parques Tingui, Barigui (Rio Barigui) e São Lourenço (Rio Belém) e o Rio Atuba no parque de mesmo nome.

Bosque Reinhard Maack
Bosque Reinhard Maack. | Foto: Ricardo Marajó/SMCS

Além dos alagáveis, há os chamados parques ”lineares”. Criados a partir de 2003, eles ficam ao lado de rios da cidade: Cajuru (bairro Cajuru), Mairi (na divisa da CIC e Fazendinha), Mané Garrincha (CIC) e Yberê (Campo de Santana). Essas áreas verdes ajudam a preservar as faixas de drenagem de rios e a prevenir enchentes. Os parques também evitam novas ocupações irregulares e oferecem aos moradores uma alternativa de lazer e recreação integrados com a natureza.

Atualmente, a capital conta com 52 parques e bosques públicos em diversas regiões da cidade, entre eles, destaque para o Passeio Público, o primeiro parque da capital (1886) e totalmente revitalizado em 2019; o Jardim Botânico; o Tanguá; o Tingui; o Bosque Alemão; o Náutico e os mais recentes Bosque da Colina (Pilarzinho), Pinhal do Santana e Rio Bonito do Tatuquara (Campo do Santana), todos os três criados a partir de 2017. Somados às praças, jardinetes, eixos de animação e jardins ambientais, são quase 13 milhões de metros quadrados de áreas preservadas com bosques nativos, equipamentos de lazer e prática esportiva, que proporcionam mais qualidade de vida à população.

Vale lembrar que as áreas verdes de Curitiba, além de ajudar a combater enchentes e novas ocupações irregulares, também têm a função de reduzir as “ilhas de calor” e a poluição: as árvores e a vegetação, além de produzirem oxigênio, ajudam a regular a temperatura e a umidade. Como benefícios agregados, reduzem a radiação ultravioleta e o ruído do tráfego, sendo verdadeiros oásis para espécies tanto vegetais quanto animais, sem contar que são lugares perfeitos para o curitibano relaxar e praticar esporte.

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Horta Marumbi, em Curitiba. | Foto: Valdenir Daniel Cavalheiro | Copel

Frequentemente as áreas verdes da capital ainda recebem eventos culturais e, em muitos casos, reúnem edifícios de grande valor histórico ou cultural, como os Memoriais de imigração (Tingui e Bosque do Papa), Palácio Belvedere (Praça João Cândido), Museu de História Natural (Bosque Municipal Capão da Imbuia), Estufa (Jardim Botânico), belvedere e Jardim Poty Lazzarotto (Tanguá) e Oratório de Bach (Bosque Alemão).

Curitiba ainda incentiva, por meio da criação das Reservas Particulares do Patrimônio Natural Municipal (RPPNMs), a preservação de áreas particulares. Desde 2017, foram entregues 47 novas RPPNMs.

Tudo isso resulta em mais de 60 metros quadrados de área verde por habitante, quando o mínimo recomendado pela OMS é de 12 metros quadrados por habitante.

Reserva Hídrica do Futuro

A Reserva Hídrica do Futuro já começa a virar realidade em Curitiba e irá interligar as antigas cavas do Rio Iguaçu, no bairro Umbará, favorecendo a formação de lagos que poderão suprir o abastecimento de água para a população em momentos de estiagem.

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Sanepar inicia obras da reserva hídrica do futuro para recuperação de 150 quilômetros de rios. | Foto: SANEPAR

A implantação da primeira área do projeto já começou e fica em um terreno de aproximadamente 300 mil metros quadrados. O local que dará início à Reserva Hídrica do Futuro também será um parque e receberá um Centro de Educação Ambiental.

A área total da Reserva Hídrica do Futuro dentro de Curitiba é estimada em 26 km de extensão, sendo 70% em área de água e lagos.

Ecodistrito Belém

O Ecodistrito Belém é um projeto de adaptação de risco climático e prevê intervenções urbanas de caráter socioambiental em áreas já ocupadas, com redução do risco de inundação, do risco de alagamento e do risco de calor urbano. O Ecodistrito Belém terá um parque linear com aproximadamente 6,3 km de comprimento, conectando a Linha Verde ao Parque Iguaçu, com vegetação filtrante que torna a área verde alagável nos períodos de cheia do rio.

Confira a matéria completa no site da Prefeitura de Curitiba