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Prescrição de natureza reduz ansiedade, depressão e pressão arterial

Passar tempo na natureza está virando recomendação de médicos e efeitos benéficos já são comprovados

Prescrição de natureza
Prescrever idas a parques é uma ideia para encorajar a reconexão com a natureza. | Foto: Karsten Winegeart | Unsplash

Os baixos níveis de contato das populações urbanas com a natureza estão levando médicos a recomendarem a seus pacientes a dedicarem algumas horas por semana para respirar ar puro, adentrar em uma área verde, ouvir o canto dos pássaros. São as chamadas “prescrições de natureza”, cujos efeitos já se mostram favoráveis na melhoria de sintomas de ansiedade, depressão e pressão arterial.

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Por vezes, descritos como “receitas verdes” ou “receitas azuis”, as prescrições que encorajam as pessoas a passar mais tempo na natureza são cada vez mais comuns. Há, por exemplo, unidades de saúde na Escócia, Inglaterra e Canadá que adotam o inusitado método. É possível imaginar os diversos benefícios que estar em meio à natureza podem causar em um indivíduo, mas para analisar a eficácia cientificamente um grupo de pesquisadores resolveram investigar o tema mais a fundo.

Acadêmicos na Austrália revisaram as pesquisas existentes, em diferentes países, sobre os impactos da prescrição da natureza e sua capacidade de melhorar a saúde. Foram analisados 28 estudos com a liderança do professor Xiaoqi Feng, da Universidade de Nova Gales do Sul (UNSW), e do professor Thomas Astell-Burt, da Universidade de Wollongong, ambos são codiretores do laboratório de pesquisa sobre bem-estar e meio ambiente da população.

A revisão sistemática e a meta-análise, publicadas no The Lancet Planetary Health, apontam que as prescrições da natureza fornecem benefícios para a saúde física e mental. Os pacientes analisados apresentaram pressão arterial reduzida, bem como escores mais baixos de depressão e ansiedade – e tinham uma contagem diária de passos mais alta.

“O que precisamos agora é descobrir como fazer com que as prescrições da natureza aconteçam de maneira sustentada para aquelas pessoas com alto potencial benéfico, mas que atualmente passam pouco tempo na natureza”, diz o professor Xiaoqi Feng.

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Natureza e saúde

A nova pesquisa mostra que o contato com a natureza reduz diversos danos, incluindo os da má qualidade do ar, ondas de calor e estresse crônico, ao mesmo tempo em que incentiva comportamentos saudáveis, como socialização e atividade física. Consequentemente, estar em meio à natureza pode ajudar a prevenir problemas como solidão, depressão e doenças cardiovasculares, de acordo com os cientistas.

“Este estudo é baseado em um programa de pesquisa de longo prazo que estamos fazendo, onde mostramos que o contato com a natureza – e especialmente com as árvores – é realmente bom para fortalecer a saúde mental e física em nossas vidas”, ressalta Feng.

Pesquisas anteriores do professor Feng já havia apontado que morar perto de certos tipos de espaços verdes pode melhorar a saúde. Por exemplo, em um estudo com quase 47 mil adultos em Nova Gales do Sul (estado onde está localizada Sydney), aqueles que vivem em áreas com 30% ou mais de copa de árvores relataram melhor saúde geral e redução do sofrimento psicológico. A partir desta pesquisa identificou-se que Sydney precisaria investir US$ 377 milhões para atingir 40% de cobertura verde até 2050. Ou seja, trata-se de um investimento que pode gerar economia na área da saúde pública.

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Prescrição de natureza

Prescrever idas a parques é uma ideia para encorajar a reconexão com a natureza, uma vez que mesmo morando próximo a áreas verdes muitos optam por não fazê-lo. Isso não significa substituir tratamentos ou abandonar remédios, quando necessários, mas sim ser um complemento aos cuidados médicos padrão.

Segundo a UNSW, o governo do Reino Unido investiu recentemente £ 5,77 milhões em um programa piloto para ‘prescrições sociais verdes’ e o Canadá tem um programa nacional de prescrições naturais. O objetivo dos pesquisadores australianos é reunir o máximo de evidências para implementar programas de prescrição de natureza em grande escala na Austrália.

floresta saúde caminhada
Foto: Pixabay

Entre as preocupações dos cientistas está em garantir que as prescrições sejam acessíveis a todos os australianos. Pesquisas anteriores do professor Astell-Burt e do professor Feng mostraram que as comunidades de baixa renda têm menos probabilidade de ter acesso a espaços verdes. No entanto, essas comunidades correm maior risco de problemas crônicos de saúde, como diabetes tipo 2, obesidade e doenças cardiovasculares.

“Não queremos que as receitas da natureza sejam um item de luxo para os ricos que já têm acesso a praias e muito espaço verde de alta qualidade”, afirma Feng. “Queremos esses benefícios para todos.”