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Desativação de estrada perigosa na Bolívia faz ressurgir vida selvagem

Rota conhecida como “Estrada da Morte” vira paraíso para a biodiversidade.

Foto: Rob Wallace

O poder de regeneração natural dos ecossistemas sempre impressiona. Na Bolívia, a desativação de uma famosa rota, conhecida como “Estrada da Morte”, culminou no ressurgimento da vida selvagem na região.

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Camino a los Yungas é uma estrada estreita e sinuosa, de 64 quilômetros de extensão, que ​liga La Paz, a capital da Bolívia, à floresta amazônica do país. São apenas 3 metros de largura e 600 metros de altura do nível do mar, percorridos por veículos leves e pesados. Soma-se ainda chuvas contínuas, neblina densa, lama e falta de proteção, como guarda-corpo. Tal combinação obviamente resultou em acidentes catastróficos e centenas de vidas perdidas ao longo dos anos, passando a ser conhecida como um dos lugares mais perigosos do mundo.

estrada da morte
Foto: Eleanor Briggs

Tudo isso mudou, para melhor, quando, em 2007, uma rota alternativa e mais segura foi criada no local.

estrada da morte
Foto: Rob Wallace

O benefício imediato da nova estrada foi salvar vidas, uma vez que os moradores não precisam mais enfrentar os penhascos mortais – ainda que muitos sigam usando-a pela “aventura”, o que inclui ciclistas, motociclistas e até turistas de carro. Entretanto, outra grande vantagem foi anunciada recentemente pela Wildlife Conservation Society (WCS): a volta da fauna local.

animais estrada da morte
Quati | Foto: WCS

Um estudo da WCS montou 35 armadilhas fotográficas e assim identificou, ao longo de 12 km da estrada e seu entorno, 16 espécies de mamíferos de médio e grande porte e 94 espécies de aves silvestres.

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vida selvagem estrada da morte
Leopardus tigrinus. | Foto: Guido Ayala e Maria Viscarra

Alguns dos mamíferos incluíam veado-mateiro-anão (Mazama chunyi), paca da montanha (Cuniculus taczanowskii) e gato-do-mato-pequeno (Leopardus tigrinus). As aves incluíam espécies endêmicas, como o tentilhão boliviano (Atlapetes rufinucha), o rabo-de-cobra-claro (Cranioleuca albiceps) e a formiga-de-cara-roxa (Grallaria erythrotis), bem como espécies vulneráveis, incluindo o inambu-de-capuz (Nothocercus nigrocapillus) e a águia-preta e gavião-andino (Spizaetus isidori).

Paraíso dos animais

Estradas sempre causam efeitos negativos diretos e indiretos sobre a vida selvagem. Ruído excessivo, aumento da poluição química e mortalidade por atropelamento são algumas das causas.

Os pesquisadores da WCS dão um exemplo prático: espécies como sapos, morcegos e pássaros, que dependem do som para a comunicação, muitas vezes são profundamente afetadas pelo ruído, o que interfere nas vocalizações que utilizam para defesa territorial ou cortejo.

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vida selvagem estrada da morte
Foto: Guido Ayala e Maria Viscarra

Com a desativação da rota “Estrada da Morte”, o tráfego diminuiu 90% e o local se transformou em um paraíso para a vida selvagem.

“Hoje, caminhões pesados ​​de transporte não passam mais por essa estrada. A biodiversidade voltou para a área e você pode ver pássaros como beija-flores, tucanos, papagaios”, disse Guido Ayala, coordenador de pesquisa científica da WCS e principal autor do estudo.

estrada da morte
Foto: Guido Ayala e Maria Viscarra

Segundo Ayala, o estudo “contribui com informações valiosas para o conhecimento da riqueza e abundância de mamíferos e aves ao longo desta via, fornecendo uma linha de base para o futuro monitoramento de longo prazo. Os resultados também demonstram a resiliência da natureza em estado selvagem e a importância da conectividade para as áreas protegidas”.

Confira o estudo El “Camino de la muerte” o de la vida silvestre: Relevamientos de fauna en el Parque Nacional y ANMI Cotapata (La Paz, Bolivia).