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Startup gera R$ 2 milhões em renda para catadores

Com mais de 800 toneladas de resíduos coletados, a SOLOS vê no descarte correto a solução para inclusão socioprodutiva e crescimento da economia verde

Solos
O Re-ciclo é um programa gratuito de coleta seletiva em Fortaleza com execução da startup Solos. | Foto: Divulgação

Celebrando 5 anos, a SOLOS, startup nordestina de impacto socioambiental, já contribuiu para a coleta de 800 toneladas de materiais recicláveis, gerando R$ 2 milhões em renda para cooperativas e catadores de materiais recicláveis. Os números são resultados do desenvolvimento de sistemas inteligentes com foco na coleta seletiva e na promoção do descarte correto.

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A startup nasceu das histórias vividas por Saville Alves, sócia e líder de negócio da companhia. Formada em Comunicação Social pela UFBA (Universidade Federal da Bahia), aos 18 anos iniciou sua trajetória empreendedora: atuou como uma das principais lideranças de movimentos de jovens empreendedores, ingressou no mercado tradicional em duas multinacionais e dedicou-se a organizações do terceiro setor, onde passou a conhecer metodologias ligadas à mobilização e desenvolvimento comunitário.

“Essas vivências me despertaram para um olhar mais sensível aos problemas e às desigualdades e me reconheci no papel de conciliadora de interesses diversos para construção de soluções colaborativas. Quando conheci o conceito de ‘negócios de impacto’ percebi que tinha o desejo de unir o dinamismo e a gestão que aprendi no mercado com a intencionalidade de fazer acontecer o impacto”, conta Saville.

Atualmente, a SOLOS tem atuado em conjunto com algumas das maiores empresas do Brasil. Ambev, Nubank, iFood, Braskem e Heineken fazem parte das marcas que têm investido em suas soluções. O objetivo dessas companhias é ampliar as taxas de reciclagem de suas embalagens, gerando maior conscientização sobre o tema.

Casos de sucesso

Dentre os casos de sucesso da startup está a solução para a coleta seletiva da maior festa do mundo, o Carnaval. A empresa tem implementado infraestruturas que garantem uma melhoria da qualidade do trabalho e aplicado uma metodologia de fluxo de compras de resíduos durante os dias de folia, integrando cooperativas e catadores autônomos. Além disso, a solução fomenta a coleta de plásticos por meio de um sistema de bonificação por metas alcançadas. Em 2023, a solução foi aplicada em Salvador, São Paulo e Recife, junto com mais de 20 cooperativas, Associação Nacional dos Catadores (ANCAT), prefeituras locais e a Ambev.

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“Se durante o ano os catadores acabam sendo representados pela faixa mais vulnerabilizada da população, no Carnaval, como há um grande volume, outras pessoas de camadas sociais também participam. Se conseguimos dar mais qualidade para a coleta e ressignificar o ‘lixo’ fazemos uma transformação gigantesca. O trabalho que realizamos é tão relevante que, mesmo na pandemia, quando não houve os festejos, a Ambev topou realizar uma ação de incentivo à coleta durante o mês de fevereiro de 2021”, lembra a empresária.

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Responsáveis por coletar 90% de tudo que é reciclado no Brasil, catadores sofrem com pouco reconhecimento. Fotos: Marcus Godoy

Outro caso de sucesso é o programa Re-ciclo. Em Fortaleza, até 2022, não existia nenhuma iniciativa formal de coleta seletiva na região. Conhecendo a necessidade de reverter a situação – e impulsionada pelo desejo de transformar a capital do Ceará em uma cidade-modelo de reciclagem – , a Prefeitura abriu um edital, a fim de atrair startups de impacto que desenvolvessem e validassem todo um modelo de coleta que fugisse do convencional. A SOLOS viu no desafio uma oportunidade. E foi assim que se consolidou o Re-ciclo: sistema gratuito de coleta seletiva porta a porta que, para a população, funciona como uma espécie de “delivery da logística reversa”.

“A SOLOS tem desenvolvido com a prefeitura uma plataforma online para que o cidadão possa agendar gratuitamente a coleta de materiais como plásticos, vidros, metais, papéis, óleo vegetal e eletroeletrônicos. Uma vez cadastrado, criamos rotas eficientes para que veículos elétricos façam a retirada e endereçamento para associações de materiais recicláveis, onde o tudo é triado, pesado e encaminhado para as indústrias recicladoras. Assim, conseguimos gerar renda e melhoria da qualidade do trabalho para as associações tanto com a contratação delas para a prestação do serviço, quanto pelo valor de venda dos materiais arrecadados”, explica Saville.

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solos reciclagem
Fotos: Divulgação

O Re-ciclo tem sido implementado por meio da parceria com a empresa Ifood, cujo investimento é direcionado para o custeamento da operação, enquanto o setor público investe em infraestrutura, com planos futuros de integração total da gestão. Desde setembro do ano passado já foram coletadas mais de 160 toneladas de resíduos, gerando renda de R$ 240 mil às associações parceiras. Antes disso, muitos dos cooperados tinham renda entre R$200 a R$300.

“Nosso sonho é levar a metodologia e tecnologia de validade para todo Brasil. O Re-ciclo tem se mostrado viável como solução para um problema público e é uma forma de transformar a coleta seletiva em uma operação real e formalizada, com poder de melhorar o trabalho das associações do país”, finaliza a empreendedora.