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Preço é barreira para consumo sustentável no Brasil, diz estudo

Pesquisa do Instituto Akatu revela que 57% dos brasileiros consideram que viver de uma maneira mais saudável e sustentável é “muito caro”

Published 15/03/2024
ecobag consumo consciente

Foto: Mediamodifier na Unsplash

O Dia do Consumidor, celebrado em 15 de março, é uma oportunidade para refletirmos sobre as nossas escolhas e o seu impacto no planeta. O que consumimos tem um custo que vai muito além do dinheiro que gastamos: cada item produzido usa recursos naturais e gera poluição, tanto na sua fabricação, quanto no seu descarte. Opções de produtos mais sustentáveis são desenvolvidas a cada dia, mas precisam ser mais acessíveis. É o que alerta o Instituto Akatu: precisamos democratizar produtos e serviços mais sustentáveis no país.

De acordo com a pesquisa Vida Saudável e Sustentável 2023, realizada pelo Akatu e GlobeScan, o preço é a maior barreira para a adoção de estilos de vida com melhor impacto para as pessoas e para o meio ambiente: 57% dos brasileiros dizem que viver de forma mais sustentável é “muito caro” — contra 49% da média global de 31 países mapeados pelo estudo.

Para Felipe Seffrin, coordenador de comunicação do Instituto Akatu, essa percepção de que produtos sustentáveis são mais caros é uma visão limitada da sustentabilidade. “Praticar o consumo consciente pode significar economia direta no bolso, ao evitarmos desperdícios de água, de energia e de alimentos, por exemplo, ou quando deixamos de comprar itens supérfluos”, explica o especialista da organização que atua há duas décadas pela mobilização de indivíduos e empresas para o consumo consciente e a sustentabilidade.

Foto: Lucrezia Carnelos na Unsplash

Além de ampliar a oferta e o acesso a produtos mais saudáveis e sustentáveis, como alimentos com menos agrotóxicos, produtos mais duráveis, opções com menos embalagens e itens feitos a partir de matérias-primas recicladas ou recicláveis, é importante trabalhar a percepção dos benefícios da sustentabilidade para todos. “Quando o consumidor tem mais acesso à informação e aos benefícios socioambientais embutidos no preço, ele tem maior probabilidade de fazer melhores escolhas”, afirma Felipe.

O Instituto Akatu reforça que o consumidor precisa observar diferentes ângulos ao fazer uma compra: à primeira vista um produto mais durável pode ser mais caro que um produto descartável, mas evita compras recorrentes e gera menos resíduos. Da mesma forma, produtos mais sustentáveis podem ter preço mais elevado que outras opções, mas representam menos impactos negativos ao meio ambiente, como emissões de gases poluentes e desperdícios de matérias-primas que, no final das contas, protegem a natureza e beneficiam o próprio consumidor.

A Pesquisa Vida Saudável e Sustentável 2023 também mapeou que outras barreiras importantes para o consumo consciente e a prática da sustentabilidade no país são a falta de apoio do governo e das empresas, respectivamente para 49% e 40% dos respondentes. Outro empecilho está na falta de informação: 28% dos brasileiros afirmam não saber como viver de uma maneira que seja boa para si, para outras pessoas e para o meio ambiente — índice que aumenta para 34% entre os jovens da Geração Z, nascidos a partir de 2000.

Imagem: Reprodução

Confira alguns dos resultados públicos da pesquisa:

Acesse o relatório publico aqui.

Foto: Artem Beliaikin | Unsplash

De acordo com Felipe Seffrin, em um país com tantos desafios sociais como o Brasil é natural que exista essa percepção elitizada da sustentabilidade ou um distanciamento da temática. “O consumo consciente pode ser praticado por todos, com benefícios diretos no bolso e na saúde”, explica. “Precisamos aproximar o tema das pessoas e mobilizar governos e empresas por mais educação, informação e transparência quando falamos de sustentabilidade. Assim, o preço na etiqueta ganha outro significado.”

A Pesquisa Vida Saudável e Sustentável 2023 foi desenvolvida pela parceria entre Instituto Akatu e a GlobeScan e contou com o patrocínio de Ambev, Asics, Assaí Atacadista, Mercado Livre, PepsiCo, RaiaDrogasil e Unilever e apoio institucional de PwC e WWF-Brasil.

 

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