México elege uma cientista climática para presidente
Claudia Sheinbaum é a primeira mulher eleita para a presidência do México – único país do G20 sem uma meta de emissões líquidas zero
Claudia Sheinbaum é a primeira mulher eleita para a presidência do México – único país do G20 sem uma meta de emissões líquidas zero
Derrotando a senadora Xóchitl Gálvez, defensor das energias renováveis, com cerca 60% dos votos, a cientista climática Claudia Sheinbaum se tornou a primeira mulher a ser eleita como presidente do México. Apelidada de “Angela Merkel da América Latina”, por parte da imprensa internacional, Sheinbaum possui doutorado engenharia de energia e, assim como Merkel, doutora em química quântica, começou sua carreira na academia. De origem judaica, a família de Claudia veio da Bulgária, fugindo do nazismo.
A nova presidente se tornou prefeita da cidade do México e ficou famosa por seu empenho em ampliar uso de energias renováveis, buscar soluções para o trânsito e investir em infraestrutura para bicicletas na cidade. Durante seus cinco anos de mandato, ela investiu na eletrificação da frota de ônibus municipais e cobriu o enorme mercado de alimentos Central de Abasto com painéis solares.
Como cientista, Sheinbaum passou quatro anos no Laboratório Lawrence Berkeley, na Califórnia, analisando o consumo de energia no México e em outros países industrializados, e foi autora no quarto e quinto relatórios de avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, o IPCC.
No seu perfil do portal ResearchGate estão 70 publicações sobre tópicos como programas de construção sustentável em habitação social, eficiência energética na indústria siderúrgica do México, uma transição para energia renovável para a rede elétrica do México, o impacto e as implicações sociais de projetos eólicos e análise da demanda de dióxido de carbono.
Cláudia Sheinbaum é a sucessora de Andrés Manuel López Obrador na presidência e terá uma tarefa complicada pela frente: hoje p México é o 11º maior produtor de petróleo do mundo, o 15º maior poluidor climático e o único país do G20 sem uma meta de emissões líquidas zero – especialistas apontam um retrocesso na transição e financiamento energético do país desde 2018.
Segundo María José de Villafranca, analista do New Climate Institute, “o governo poderia investir dinheiro público em energias renováveis e isso não prejudicaria a soberania”, mas isso não aconteceu. Para o analista político Carlos Ramírez, a nova presidente, “sugeriu que a sua visão para as energias renováveis é um tanto distinta e isso criou alguma esperança de que suas políticas como presidente seriam diferentes”.
No entanto, as declarações durante a campanha mostram que o posicionamento de Claudia não é totalmente diferente de seu antecessor. Ela sugere impulsionar o investimento privado em energias renováveis e, ao mesmo tempo, investir em centrais elétricas a gás e manter o apoio à Pemex.
Entre as metas de campanha estavam acelerar o desenvolvimento de energia renovável, investir na extração de lítio e construir usinas solares no estado de Sonora, no norte do país, mas, ao mesmo tempo, a Pemex e a Comisión Federal de Electricidad (CFE), concessionária nacional de energia, “deveriam ser os arquitetos da política energética do país”, segundo a Climate Home.
Para Duncan Wood, vice-presidente do Wilson Center e conselheiro sênior do think tank de Washington para o México, Sheinbaum reforçou a intenção de estabilizar o comércio internacional e revogar algumas restrições ao investimento estrangeiro, ao mesmo tempo em que quer fortalecer a regulamentação ambiental do país.
Com informações de The Energy Mix