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Fábrica de reciclagem para catadores é inaugurada no RJ

Espaço terá capacidade de produzir triagem de recicláveis, sabão a partir de óleo usado, telhas ecológicas, entre outras soluções

Fábrica verde
Além da reciclagem de resíduos, espaço abrigará projetos de capacitação para cerca de 1.500 profissionais por ano. | Foto: Beth Santos/Prefeitura do Rio

Um espaço desenvolvido para os catadores e catadoras de materiais recicláveis acaba de ser inaugurado em Cordovil, na Zona Norte do Rio de Janeiro. É a chamada Fábrica Verde, que visa promover o aumento da reciclagem de resíduos gerados na cidade, assim como a inclusão social e econômica da população de baixa renda por meio da economia circular.

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“É a primeira vez que a gente está garantindo o lucro e o pagamento aos catadores. Eles são capazes e se autogovernam, e vão tirar o lucro a partir dos produtos. Não vão precisar terceirizar e entregar o material para as grandes empresas recicladoras”, afirmou a secretária de Meio Ambiente e Clima, Tainá de Paula. “Todos os produtos da Fábrica Verde vão estar à disposição na plataforma de venda online da Prefeitura e nós vamos vender a produção diretamente ao consumidor, não vamos distribuir lucro com empresas que não preservam o meio ambiente”, explicou.

Planet Love Pepsico
As cooperativas são fundamentais para aumentar as taxas de reciclagem no Brasil | Foto: PepsiCo

O prefeito Eduardo Paes, que esteve presente no lançamento, afirmou que o espaço começa a funcionar com a gestão da Secretaria de Meio Ambiente, mas a ideia é que futuramente seja totalmente autogerido. “Que o governo faça só um impulsionamento, mas que esse espaço seja sustentável e possa caminhar somente com o esforço de vocês. Para que isso aqui seja de vocês”, disse aos profissionais da reciclagem.

Ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, que também compareceu ao evento, levantou a possibilidade da iniciativa ser expandida para outras cidades.

reciclagem
Foto: Divulgação | Grupo HEINEKEN

“Essa experiência aqui da Fábrica Verde enche os olhos e tem que dar certo para ser exportada para o país inteiro. A cadeia produtiva da reciclagem é um trabalho digno como qualquer outro, não pode ser discriminada. Além de tudo, são agentes ambientais porque evitam que uma quantidade de material polua o meio ambiente”, afirmou Macêdo.

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Qualificação

Recém-adquirido pela Prefeitura do Rio, o prédio que será a sede da Fábrica Verde tem aproximadamente 6.000m² e fica localizado na Avenida Brasil. Além da reciclagem de resíduos, abrigará projetos de capacitação para cerca de 1.500 profissionais por ano.

Os catadores que atuarem do projeto receberão uma bolsa e uma participação pelo material reciclado. Além disso, se participarem das qualificações, também terão condições de buscar oportunidades de acessar o mercado formal. A cooperativa desses trabalhadores recebe como incentivo um direcionamento dos itens recicláveis para a fábrica e apoio logístico para a venda do material.

aplicativo reciclagem catadores
Foto: Pimp My Carroça

“Esse espaço vai ter um significado muito importante com a inclusão direta dos catadores e catadoras de material reciclável. Isso valoriza a mão de obra e também vai agregar valor ao nosso trabalho dentro da cadeia produtiva da reciclagem”, disse Claudete Costa, que será a gestora da parte de reciclagem de resíduos da Fábrica Verde. “A gente vai diminuir os custos, porque muitos de nós pagamos aluguel pelo espaço onde são montadas as nossas bases. Tem também outros gastos, como água e luz. Quando se tem um parceiro [para] arcar, você consegue agregar valor para poder aumentar a renda do catador e da catadora”, completa.

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Fábrica-escola

O espaço também será uma fábrica-escola para gerar produtos finais, com valor agregado. Na medida em que as pessoas forem capacitadas, vão colocar o aprendizado delas nas peças produzidas a partir dos resíduos processados na Fábrica Verde.

A Fábrica Verde é um grande centro não só logístico, mas também para a aplicação dos resíduos em toda a cadeia produtiva da reciclagem. Hoje, a maior parte do trabalho dos catadores consiste na triagem e prensa do material coletado.

Ações de limpeza transformam resíduos não-recicláveis em acessórios para jardim
Foto: Divulgação

“A proposta aqui é que o catador consiga, por exemplo, lavar e triturar o plástico, que passa a ter outro valor agregado e, assim, ele vai ganhar mais. Isso é transferência de tecnologia social para que esses catadores consigam agregar mais valor ao produto do seu trabalho”, explicou a coordenadora da Fábrica Verde, Lívia Galdino.

Com operação plena, a Fábrica Verde vai desenvolver e gerar produtos nas suas instalações a partir do resíduo coletado. A ideia é que a parte têxtil, por exemplo, seja utilizada para a confecção de roupas, bolsas, estojos que podem servir para algum projeto-piloto em escola do município ou para algum hospital da rede municipal ou posto de saúde.

Outro exemplo é o óleo residencial que será coletado. A ideia é transformá-lo em cosmético. E, futuramente, a previsão é a expansão dessa planta do óleo para geração de biodiesel.

latas reciclagem
Foto: Recicla Latas

Do material coletado, o alumínio tem maior índice de reciclagem. Noventa e oito por cento do alumínio descartado hoje no Brasil são reciclados e voltam para novas latinhas. Há um volume muito grande, também, de papel, que após reciclagem serve para fazer papel e papelão reciclados.

A Fábrica Verde terá capacidade de produzir:

Triagem de recicláveis

programa de reciclagem
Foto: eureciclo e Flacipel

300 toneladas de material reciclado por mês, estreitamento da cadeia de reciclagem direto para a indústria e criação de 32 postos de empregos diretos

Têxtil

reciclagem roupas algodão
No Brasil, a plataforma Cotton Move é um exemplo de como os resíduos têxteis podem ser reciclados. Foto: Divulgação | Plataforma Circular Cotton Code

Produção de nove mil cobertores e quatro mil peças de vestuário por mês, com a geração de 42 postos de emprego e faturamento de R$ 204 mil por mês.

Óleo vegetal

óleo de cozinha usado
Foto: iStock

Produção de dois mil quilos de sabão e sabonetes por mês, com a geração de 12 postos de emprego e faturamento de R$ 15 mil/mês. Evitando a contaminação de aproximadamente 150 milhões de litros de água.

Placas de embalagem longa vida

reciclagem longa vida telhas
Foto: Divulgação

Produção de seis mil telhas ecológicas por mês, com a geração de 12 postos de emprego e faturamento de R$ 480 mil por mês.

Eletrônicos

Recondicionamento de 50 computadores por mês, com a geração de 20 postos de emprego e faturamento de R$ 80 mil por mês.

Coco

casca de coco
Foto: Nick Fewings | Unsplash

Processamento de 80 mil quilos por mês, produção de 50 mil quilos de fibra e pallets para combustível verde, com a geração de 12 postos de emprego e faturamento de R$ 80 mil/mês.

O processo seletivo das cooperativas que vão atuar no espaço está sendo realizado e a operação deve começar em até duas semanas.