Rocinha transforma óleo de cozinha em sabão biodegradável
O Biosabão ajuda a combater o descarte inadequado do óleo de cozinha usado em uma das maiores comunidades do Brasil
O Biosabão ajuda a combater o descarte inadequado do óleo de cozinha usado em uma das maiores comunidades do Brasil
Segunda maior favela do Brasil, atrás somente da favela do Sol Nascente, em Ceilândia, no Distrito Federal, a Rocinha é um mundo à parte no município do Rio de Janeiro. São diversos os projetos e ações que ocorrem dentro da comunidade. Uma das mais recentes iniciativas foi lançada em junho deste ano: o projeto Biosabão.
Com apoio do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade, e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), a comunidade quer combater o descarte inadequado do óleo de cozinha usado, transformando-o em sabão biodegradável – o sabão do morro.
“Hoje, na Rocinha, a gente tem diversos parceiros, que observaram o quanto esse trabalho é importante e participaram. Levo barril de 18 litros vazio para os parceiros que são restaurantes, pequenos empreendedores, lanchonetes. Quando fica cheio eles entram em contato e recolhemos. Depois entregamos o sabão pronto”, explica Marcelo Santos, morador da Rocinha e idealizador do projeto.
Não há uma estimativa exata, mas com 30.955 unidades habitacionais, segundo dados do IBGE, é possível imaginar que a Rocinha utiliza, diariamente, uma quantidade de óleo de cozinha considerável. Ao despejar o resto de óleo do cozimento no lixo ou na pia, o material tem um enorme potencial poluente.
Alguns estudos sugerem que o descarte incorreto de um litro de óleo de cozinha pode contaminar até um milhão de litros de água. Já no solo, o óleo não só contamina-o como impermeabiliza-o, dificultando a absorção das águas das chuvas e, consequentemente, contribuindo com as enchentes nas cidades.
É para evitar estes e outros problemas ambientais, que os moradores da Rocinha estão sendo incentivados a armazenar o óleo usado em recipientes adequados para, posteriormente, entregá-lo em postos de coleta dentro da própria comunidade.
O INEA (Instituto Estadual do Ambiente) explica que o óleo coletado é encaminhado para uma usina de reciclagem, onde passa por um processo de filtragem e purificação, sendo transformado em sabão biodegradável por meio de um processo químico sustentável.
A melhor maneira de armazenar o óleo usado em frituras é em garrafas PET. Para facilitar a entrada do óleo na garrafa é recomendado utilizar um funil. Se necessário, peneire o líquido para evitar o excesso de detritos de fritura.
Após encher as garrafas, feche bem para evitar vazamento e armazene num local longe da curiosidade de crianças e animais domésticos. Depois, basta levar a um ponto de entrega voluntária (alguns ficam em supermercados e estabelecimentos comerciais). Neste site você encontra o endereço de 2654 pontos cadastrados no Brasil.
É importante ressaltar que a população não é estimulada a fazer o sabão caseiro, mas apenas separar o óleo para que ele seja encaminhado para o local onde tal processo será realizado com segurança. Isso porque há grande risco de explosões e queimaduras quando se mistura óleo usado com outros produtos químicos, sem o devido cuidado. Agora, quando destinado de maneira correta, o óleo usado pode ser transformado em produtos como sabonetes, lubrificantes e biodiesel para veículos.